Um Bosque Sagrado - Por Sandra Aguiar

O engenheiro Saturnino de Brito não projetou apenas lotes, ruas e avenidas para o bairro, ele vislumbrou em seu desenho espaço para jardins e um cemitério. Preocupava-se com a preservação da área verde na região.
Para o morro da Barrinha, bosques de eucaliptos e vários jardins, possibilitando passeios, que seriam, como dizia, o encanto do novo bairro. Argumentava que, conservando-se ali as matas existentes, iriam se abrir sombrias alamedas transitáveis por carruagens, até o ponto culminante, situado entre as duas barras do estuário. "Ter-se-ha, assim — ao pé, as payzagens ridentes das margens e, ao longe, o indefinido do Oceano offerecendo-se favorável à contemplação interior e à creação de imagens."
Ao mesmo tempo, considerava difícil, mas não impossível, encontrar naquele terreno ampla região apropriada para a instalação de um cemitério, pela quantidade de rochas de granito ou "blocos erráticos", que atingiam altas dimensões. Mas, logo em seguida, no levantamento topográfico, afirmava que o morro "Barro Vermelho" era o único, no perímetro do Novo Arrabalde, em condições favoráveis — área e argila.
Além do mais, a região central do núcleo proporcionaria facilidade material para se desenvolver o culto aos mortos. Para dar acesso ao local, que chamou de Bosque Sagrado, ele previa duas alamedas, melhoramento dos bosques existentes no topo do morro e uma orla de mata. O projeto incluía ainda um canal contorno, análogo aos dos outros morros, para retirada das águas das encostas, que seriam lançadas ao mar por meio de um conduto subterrâneo. E uma capela, edificada na esplanada de pedra voltada para o Norte.
Como se previsse que a ideia do cemitério seria rejeitada — como aconteceu de fato, da mesma forma que os jardins da Barrinha —, ele tratou de fazer a defesa da causa num documento técnico com argumentos, no mínimo, filosóficos: "Atualmente só os crassamente ignorantes ainda desconhecem a inocuidade dos cemitérios e clamam pelo seu afastamento dos centros populosos; e só os que têm o egoísmo por norma invariável de conduta se mostram desgostosos pela aproximação dos campos de incorporação, o que, aliás, vem indiretamente afirmar que até para estes refratários é verdadeira a sentença positivista — os vivos são cada vez mais governados pelos mortos."
Fonte: Praia do Canto – Coleção Elmo Elton nº 4 – Projeto Adelpho Poli Monjardim, 2000 – Secretaria Municipal de Vitória, ES
Prefeito Municipal: Luiz Paulo Vellozo Lucas
Secretária de Cultura: Cláudia Cabral
Subsecretária de Cultura: Verônica Gomes
Diretor do Departamento de Cultura: Joca Simonetti
Administradora da Biblioteca Adelpho Poli Monjardim: Lígia Mª Mello Nagato
Conselho Editorial: Adilson Vilaça, Condebaldes de Menezes Borges, Joca Simonetti, Elizete Terezinha Caser Rocha, Lígia Mª Mello Nagato e Lourdes Badke Ferreira
Editor: Adilson Vilaça
Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: Cristina Xavier
Revisão: Djalma Vazzoler
Impressão: Gráfica Santo Antônio
Texto: Sandra Aguiar
Fotos: Cláudia Pedrinha
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2020
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