200 Anos da chegada da Família Real
Em 2008, estamos completando 200 anos da chegada da Família Real portuguesa ao Brasil, liderados por D. João VI e D. Carlota Joaquina (sua esposa) e sua mãe, a Rainha D. Maria I, que foi o início de novos tempos para o Brasil.
A ida da Corte para o Brasil é consequência de um período da história que tem início em 1789, com a Revolução Francesa. Os burgueses viram na figura do líder militar Napoleão Bonaparte a possibilidade de estabelecer a ordem no país. A Inglaterra era a principal adversária da França e para derrotá-la, Napoleão decretou o Bloqueio Continental: todos os portos eram obrigados a fechar as portas ao comércio inglês e quem descumprisse a ordem sentiria o peso do poder do exército francês.
Portugal era uma histórico aliado da Inglaterra e o exército francês tencionava destituir o poder da Família Real portuguesa e dominar o país, que era estratégico no comércio marítimo. Mas o que Napoleão não esperava é que a Família Real, escoltada por navios ingleses, partiria para o Brasil.
Foram dois meses de viagem até os navios atracarem no Brasil, com direito a muitos contratempos, como falta de água e comida em alguns navios, superlotação, surtos de piolhos que obrigaram as mulheres a rasparem os cabelos e condições precárias de higiene.
Veja o panorama do Brasil em 1808:
- No início do século XIX o Brasil possuía três milhões de habitantes. Desse total um milhão eram escravos.
- No Rio de Janeiro viviam 60 mil pessoas, sendo 30 mil escravos.
- Com a chegada da Corte, desembarcaram cerca de 150 mil pessoas.
Após a desorganização inicial que atingiu a cidade do Rio de Janeiro, que não estava preparada para receber, de uma só vez, as milhares de pessoas que chegaram, D. João VI conseguiu imprimir ao Brasil o seu ritmo de trabalho. A primeira medida de D. João VI foi determinar a abertura dos portos brasileiros às nações amigas, rompendo o Bloqueio Continental. A medida pôs fim ao pacto colonial, que estabelecia que o Brasil só poderia ter relações comerciais com Portugal. Foi o início da independência econômica brasileira e do processo de independência política.
Foram vários os benefícios para o Brasil motivados pela transferência da Corte, como a construção de escolas de ensino superior, de bibliotecas, que até então eram proibidas, o surgimento da imprensa, que também não era permitida, a criação do Banco do Brasil, entre outras coisas.
Se a Família Real não tivesse deixado Lisboa, o Brasil hoje, provavelmente, não teria a mesma dimensão, devido a movimentos separatistas que poderiam ter êxito e resultariam no surgimento de novos países. A sagacidade de D. João VI e seus descendentes conseguiu manter regiões de tão acentuadas diferenças culturais sob um mesmo manto político.
E no Espírito Santo, o que se passava aqui em 1808?
O Espírito Santo era governado pelo Major Manuel Vieira de Albuquerque Tovar, de quem dizem, era um tanto violento. Sua administração foi muito acidentada. A chegada da Corte Portuguesa ao Brasil não teve o menor reflexo no Espírito Santo. Tudo se passou como se nada tivesse ocorrido. A rotina continuou.
Tovar estava ocupado em tentar povoar o Rio Doce e manter a navegação. Reconstruiu a aldeia de Coutins, destruída pelos índios, dando-lhe o nome de Linhares, em homenagem a um ministro amigo do ES. Vivia se desencompatibilizando com o Ouvidor Alberto Antônio Pereira.
Apenas uma passagem mereceu registro: em 1808, planejou uma viagem ao Rio de Janeiro - onde já se encontrava a corte portuguesa - para reiterar, de viva voz, seu pedido de demissão, tão desejada pelos capixabas, ou quem sabe, para acusar o Ouvidor de ser fomentador de desordens e o pior: francês! Mas, no meio do caminho, na Vila de São Salvador de Campos, recebeu um ofício recomendando que voltasse à capitania, pois sua ausência poderia propiciar motins.
Tovar deixou o governo do ES em 1811. Durante sua gestão, o Espírito Santo viu desfeitos os últimos laços administrativos que o prendiam ao governo da Bahia.
Fontes: A Gazeta - 20/01/2008/ História do Estado do ES: autor: José Teixeira de Oliveira, 1951 e Biografia de uma Ilha: autor: Luiz Serafim Derenze, 1965
Compilação: Walter de Aguiar Filho, dezembro/2012
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
Ver ArtigoA obra de Graça Aranha, escrita no Espírito Santo, foi o primeiro impulso do atual movimento literário brasileiro
Ver ArtigoPara prover às despesas Vasco Coutinho vendeu a quinta de Alenquer à Real Fazenda
Ver ArtigoNo final do século XIX, principalmente por causa da produção cafeeira, o Brasil, e o Espírito Santo, em particular, passaram por profundas transformações
Ver ArtigoO nome, Espírito Santo, para a capitania, está estabelecido devido a chegada de Vasco Coutinho num domingo de Pentecoste, 23 de maio de 1535, dia da festa cristã do Divino Espírito Santo, entretanto...
Ver Artigo