A Vila de Alenquer e a História do ES - Por João Eurípedes Franklin Leal
A questão da causa do nome, Espírito Santo, para a nova capitania, tradicionalmente está estabelecida devido a chegada de Vasco Fernandes Coutinho, o primeiro donatário, num domingo de Pentecostes, 23 de maio de 1535, dia da festa cristã do Divino Espírito Santo à atual baía de Vitória. Entretanto ainda não se encontrou nenhum documento de época que confirme esta chegada nesta data. Historiograficamente falando o que houve foi o inverso. Deduziu-se a data em função do nome dado a capitania, como era de costume e prática portuguesa. Até então o nome dado a este território era Capitania Undécima, por ser esta sua posição numérica, na relação de norte a sul, das demarcações dos lotes.
Vasco Fernandes Coutinho era originário da região de Alenquer, em Portugal, onde inclusive possuía uma quinta, que vendeu para fazer frente a despesas com a colonização de sua capitania. Nesta região existe uma grande devoção cristã ao Divino Espírito Santo, que remonta a séculos e é materializada na forma de uma igreja e três capelas, todas dedicadas a esta devoção.
Para melhor informar, vamos descrevê-las:
Igreja do Espírito Santo, em Ventosa, que apesar de simples possui esculturas, pinturas, azulejos de valor histórico tendo o prédio vários séculos de existência.
Capela do Espírito Santo de Aldeia Gavinha, com uma interessante Capela-Mor forrada de azulejos azuis e brancos sendo obra do início do século XVI.
Capela do Espírito Santo de Aldeia Galega, com altar de azulejos policrômicos e com a representação do símbolo do Divino Espírito Santo, que também é representado numa tela e numa escultura existente na sacristia. Sua existência data dos fins dos séculos XV e início do XVI.
Capela do Espírito Santo de Arneio, de notável valor histórico e artístico pelo seu forro de azulejos, pelos seus quatro grandes painéis e pelas representações do Divino Espírito Santo, tanto em pinturas no teto da Capela-Mor, como sua representação no arco principal de pilastras toscanas. Esta Capela também é obra do século XVI e portanto Vasco Fernandes Coutinho foi seu contemporâneo.
Esta região de Alenquer, que por ser pequena e com tantas invocações ao Divino Espírito Santo, deve, isto é uma suposição, ter influenciado Vasco Fernandes Coutinho na escolha do nome de sua Capitania, que, sem dúvida, teve como razão primordial a coincidência da chegada de Vasco Fernandes Coutinho a sua Capitania na altura ou no dia dedicado a descida do Espírito Santo, Pentecostes, que naquele ano caiu a 23 de maio. Existe também em Alenquer, a Capela de Santa Catarina, que foi contemporânea a Vasco Fernandes Coutinho, que é simples, mas que possui a sepultura do rei do Pegu (Birmânia) e uma Capela também dedicada a esta Santa na Quinta da Carnota, que é do início do século XVI. Sabemos, através do testamento do filho do nosso primeiro donatário, que este era devoto desta Santa, o que em conjunto talvez explicaria a razão de ter Vasco Fernandes Coutinho dado, inicialmente, o nome de Rio de Santa Catarina ao atual rio Itapemirim, além de ser homenagem a rainha de Portugal Dona Catarina. Estas hipóteses, apesar de tal, possuem uma base histórica, quer através de documentos, quer através do bom senso.
Fonte: Espírito Santo: História, realização Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES), ano 2016
Coleção Renato Pacheco nº 4
Autor: João Eurípedes Franklin Leal
Compilação: Walter de Aguiar Filho, junho/2016
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
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