A Bacia do Rio Itapemirim
Localizada entre o mar e a montanha, a Bacia do Rio Itapemirim (BRI) contrasta as areias quentes de Marataízes, na foz do seu rio principal, com o clima ameno do Vale do Caparaó, em Iuna, Irupi e Ibitirama, onde estão as suas nascentes mais distantes, a 1.800m de altitude.
Está no Vale do Caparaó, o Pico da Bandeira, o terceiro mais alto cume do país com 2.890m. Com uma área de 687 mil hectares, a bacia compreende 18 municípios, está entre as quatro com maior vazão no Estado e tem importância significativa no abastecimento de uma população de cerca de 500 mil pessoas.
"A Bacia do Rio Itapemirim possui uma disponibilidade hídrica que chega a 90,3m3/s anual. É a com maior número de cidades dependentes", destaca o gerente de Recursos Hídricos do lema, Fábio Ahnert.
Além disso, reforça, a bacia abriga atividades econômicas importantes, como a extração e o beneficiamento de rochas ornamentais, agricultura e turismo. De acordo com a presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) do Rio Itapemirim, a secretária municipal de Meio Ambiente de Cachoeiro de Itapemirim, Horlandezan Bragança, a importância do rio é estratégica para o desenvolvimento do Sul do Estado.
"Somos uma bacia vizinha a dos rios Novo e Benevente. Como essas regiões vão passar por um processo de industrialização, somos alternativa ao abastecimento porque temos um porte significativo. Água é fator de desenvolvimento", lembra.
A bacia, que passou ao domínio estadual, possui uma área de drenagem de 5.952 km2 e ocupa 13% do território capixaba, atravessando todo o Estado.
O Itapemirim é formado pelo rio Braço Norte Direito, que se une no município de Alegre com o rio Braço Norte Esquerdo. Esse, por sua vez, nasce em Lajinha, na divisa com Ibatiba. Mais a jusante, os dois encontram o rio Estrela do Norte, que recebe contribuição do Rio Castelo, no distrito de Coutinho, em Cachoeiro de Itapemirim. O último grande afluente, antes de chegar ao Oceano Atlântico, é o rio Muqui, que se junta ao Itapemirim no município que leva o mesmo nome.
Informações gerais
Rio Itapemirim
• Área - 5.952 Km2 (no Espírito Santo)
• Principais afluentes - Rios Castelo, Muqui do Norte, Braço Norte Direito, Braço Norte Esquerdo, Fruteiras, Pardo, São João de Viçosa, Caxixe, Prata, Alegre, Pardinho, Monte Alverne, Pedra Roxa e Pedregulho
• Gerenciamento - Rio de domínio estadual
• Extensão - 320 quilômetros de comprimento
• Nascente - No rio Santa Clara, em lúna, que fica na área do Vale do Caparaó onde está o Pico da Bandeira, o terceiro mais alto cume do Pais com 2.890m
• Vazão - Média mínima anual é de 19,3 m3/s. No período mais cheio do ano a vazão chega a 90,9 m3/s
• Foz - Em Marataizes
• Profundidade média - Apenas um metro e meio, mas há 75 anos, o rio era navegável. A profundidade média era no mínimo de três metros, uma vez que o rio foi navegável de sua barra até Cachoeiro. Barcos a vapor faziam o transporte de pessoas e mercadorias.
• Municípios cobertos pela bacia - No Espírito Santo: Alegre, Atílio Vivácqua, Castelo, Conceição do Castelo, Cachoeiro de ltapemirim, Jerônimo Monteiro, Muniz Freire, Venda Nova do Imigrante, Ibitirama e parte dos municípios de lbatiba, ltapemirim, Irupi, lúna, Marataízes, Muqui, Presidente Kennedy e Vargem Alta. Em Minas Gerais: Lajinha
• Principais atividades econômicas - Agropecuária, mineração de mármore e granito e indústrias de açúcar e álcool
• Principais problemas ambientais - Problemas de erosão agravados pelo intenso desmatamento - Uso inadequado do solo - Assoreamento - Expansão urbana desordenada - Poluição dos recursos hídricos causados pela disposição inadequada de resíduos sólidos e pelo lançamento de efluentes domésticos e daqueles advindos do beneficiamento de mármore e granito - Conflito entre usuários de água
Itapemirim: um rio com raízes capixabas
A Bacia do Rio ltapemirim (BRI) é um dos poucos exemplos do País em que a Agência Nacional de Águas (ANA) emitiu uma nota técnica na qual reconhece que, apesar de possuir cursos d' água em dois estados — no caso Espírito Santo e Minas Gerais —, a gestão dos recursos hídricos cabe a um comitê estadual.
"Isso denota um amadurecimento na gestão dos recursos hídricos. Não se justificava a gestão federal porque grande parte da bacia, principalmente no que se refere aos usuários de água, está no Espírito Santo", avalia o gerente de Recursos Hídricos do lema, Fábio Ahnert.
De acordo com o parecer técnico da ANA, emitido em 2005, a BRI passa a ser caracterizada como sendo de domínio estadual, pois apenas um pequeno trecho dos ribeirões Vista Alegre e São José que são tributários do rio Pardo, nascem no município de Lajinha (MG) e estão próximos da divisa com o Espírito Santo.
Com a decisão, coube ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos o papel de analisar a criação do CBH do Rio Itapemirim, cuja diretoria permanente foi eleita no último dia 19 de abril.
"Ao manter sua dominialidade estadual, o CBH Rio Itapemirim garante maior agilidade de articulação e implementação de projetos, além de proporcionar um acompanhamento mais aprofundado da sociedade", explica Fábio.
A analista de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do lema Viviane da Silva Paes lembra que a decisão da ANA não reduziu a importância do município de Lajinha.
"Estamos atuando numa gestão compartilhada. As portas estão abertas para que o município mineiro possa contribuir com a tomada de atitudes pró-ativas em relação ao rio", afirma.
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA BACIA
AFLUENTES IMPORTANTES
O rio Itapemirim é formado pelo Rio Castelo e pelos rios Braço Norte Direito e Braço Norte Esquerdo, cujas nascentes situam-se no Parque Nacional do Caparaó.
Os seus principais afluentes são os rios Castelo, Muqui do Norte, Braço Norte Direito e Braço Norte Esquerdo. Os afluentes são muitos e importantes, sobretudo na margem esquerda e setentrional, onde se destaca o Rio Castelo. Na margem direita, distingue-se o rio Muqui do Norte. "Na bacia superior distinguem-se dois grandes braços, os rios Braço Norte Direito e Braço Norte Esquerdo. Estreita na sua parte inferior, a bacia alarga-se muito a partir da sua parte média", explica o professor de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Antonio Sérgio Ferreira Mendonça.
MAIS CHUVAS NAS CABECEIRAS
A Bacia do Rio Itapemirim (BRI) possui um relevo muito acidentado nas partes médias e altas, o que contribui para a elevação do índice pluvio-métrico na sua parte superior. "Em termos de balanço hídrico, temos três faixas distintas: a parte mais alta da bacia está numa região de superávit (chove mais do que evapora) e o índice médio de chuvas é de 1.600mm anuais. Na parte média, temos déficit hídrico de -50mm a -300mm. Já na foz, em Marataízes, ele é ainda maior", explica o gerente de Recursos Hídricos do lema, Fábio Ahnert. "O vento úmido que vem do mar, ao se chocar com a cadeia de montanhas, faz com que a massa de ar suba. A umidade presente condensa e cai na forma de chuva", explica o professor da Escola Agrotécnica Federal de Alegre (Eafa) e doutor em Solos e Nutrição de Plantas, João Batista Pavesi Simão.
CÓRREGOS SECAM DURANTE O ANO
Uma característica da Bacia do Rio Itapemirim (BRI) que começa a preocupar ambientalistas e entidades que defendem o meio ambiente é a redução da vazão permanente do rio. Conseqüência: alguns córregos que antes eram perenes estão se tornando intermitentes (secam durante o ano). "Atualmente a bacia tem 50% a menos de vazão do que há cerca de 60 anos, embora chova a mesma quantidade todos os anos. Com o desmatamento, não há infiltração suficiente da água no solo e os sedimentos são carreados para dentro do rio", explica a secretária-executiva do CBH do Rio Itapemirim, Dalva Vieira de Souza Ringuier. "É por isso que a nossa preocupação está voltada para todos os mananciais, do maior ao menor, sobretudo para contenção das áreas de nascentes", completa a presidente do comitê, Horlandezan Bragança.
MANGUEZAL NA REGIÃO DE FOZ
Assim como em outras bacias do Estado, a do rio Itapemirim tem como característica a formação de manguezal e restinga na área de desembocadura do curso d' água no mar. Fazem parte deste ambiente os municípios de Marataízes e Itapemirim. Na foz da bacia é possível encontrar, entre outras espécies, o caranguejo uca-ura (Ucides cordatus cordatus), o siri (Callinects sp) o guaiamun (Cardisoma ganhumi), e diversas espécies que vem do mar, como a tainha (Mugil plantanus) e a anchova (Cheilodipterus saltador). Por ser um ambiente de transição e por abrigar muitas espécies (principalmente para fins de reprodução) os mangues são visitados por animais que vivem em outros habitats, principalmente aves como garças, socós, sabiás, beija-flores, entre outras.
Fonte: A Tribuna, Suplemento Especial Navegando os Rios Capixabas – Rio Itapemirim - 23 de setembro de 2007
Expediente: Joel Soprani
Subeditor: Gleberson Nascimento
Colaborador de texto: Flávia Martins
Diagramação: Carlos Marciel Pinheiro
Edição de fotografia: Sérgio Venturin
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2016
Forno Grande e Mata das Flores, ambos em Castelo, e Cachoeira da Fumaça, em Alegre, estão sob o gerenciamento do instituto
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