Apaixonados pelo Rio Itapemirim
Iniciativas de pessoas simples e de empresas privadas têm dado esperança de um futuro melhor para os municípios da bacia
Da monografia intitulada "Para onde vai o rio Itapemirim", desenvolvida por um grupo de universitários, em 1986, nasceu um amor incondicional pelo rio, que até os dias de hoje marca a luta pela preservação dos recursos hídricos da região.
Remanescentes desse grupo, as cientistas sociais Dalva Ringuier e Vera Lúcia de Paz decidiram criar a Associação dos Amigos da Bacia do Rio Itapemirim (Aabril), que nasceu de uma fusão com o grupo "Amantes do rio Itapemirim". A esse movimento se juntaram o diretor regional do Idaf, Fábio Gonçalves, e a professora Edith Caldara.
Juntos, o quarteto teve papel fundamental na articulação de políticas públicas, nas denúncias de agressões ao rio e participou da execução de pequenos projetos, muitas vezes com recursos próprios.
O apoio técnico-científico do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Ufes também tem sido essencial, além das ações da Pastoral Ecológica de Cachoeiro.
"O primeiro passo é conscientizar as pessoas para que elas se sintam donas do rio. É preciso identidade, conhecer para preservar. O trabalho será recompensado se na frente toda essa beleza puder ser desfrutada pelas futuras gerações. Para isso, é preciso colocar a mão na massa agora", sugere Dalva.
APOIO
Atualmente, diversas ações estão sendo realizadas ao longo da bacia, muitas delas com o apoio da iniciativa privada.
"A gestão dos resíduos de rochas inova com a implantação dos aterros coletivos e alternativos. Tratando os efluentes, contribuímos para a vida do rio Itapemirim", avalia Romildo Tavares, superintendente do Sindirochas, sindicato das indústrias ligadas ao setor de rochas. Outra iniciativa importante é o Programa Córrego Limpo, da Citágua, empresa que cuida do saneamento básico de Cachoeiro.
"Estamos eliminando todo o esgoto que era lançado in natura nos córregos através de coletores instalados às margens do rio. O material é encaminhado à estação de tratamento", explica o diretor-geral da empresa, Antonio Carlos Brandão.
Com reciclagem, coleta seletiva, produção e plantio de mudas, programas de educação ambiental voltados para a comunidade e funcionários, dentre outras ações, a Selita e a Usina Paineiras também têm contribuído com o meio ambiente.
Educação é prioridade
Propiciar a implantação de metodologia participativa junto à população regional para a incorporação de novos valores com mudanças de hábitos e atitudes, em prol da redução da degradação ambiental da Bacia do Rio Itapemirim (BRI).
Com esse objetivo foi implementado o Programa de Educação Ambiental e Comunicação da Bacia do Rio Itapemirim que tem trazido resultados positivos aos municípios que compõem a BRI.
"Estão sendo realizadas capacitações com o intuito de se formar agentes multiplicadores. Como resultado, temos tido uma ampla participação da sociedade em iniciativas de limpeza do rio e programas para conter a degradação", contou a secretária-executiva do Comitê da Bacia do Rio Itapemirim, Dalva Ringuier.
Dentre as propostas do programa estão a melhoria do padrão tecnológico das atividades tradicionais (café e pecuária leiteira), buscando a diversidade agrícola, o incentivo ao associativismo, implantação de agroindústrias, dentre outros.
ALGUNS PROJETOS IMPLANTADOS NA BACIA
Adote uma bacia - Mobilização da população em torno da gestão dos recursos hídricos. Foram investidos recursos nos rios Alegre e Muqui. A coordenação é da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Projeto de Recuperação e Revitalização da Bacia do Rio Itapemirim - Implantação de um viveiro no campus do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal do Espírito Santo, para a produção de mudas nativas, frutíferas e exóticas.
Sistema de Informações Hidrológicas da Bacia do Rio Itapemirim (Sihbri): Fez o cadastramento e mapeamento dos usuários da bacia, através do levantamento de todas as empresas licenciadas ou em fase de licenciamento, por meio de GPS, além da digitação da localização das cartas do IBGE.
Foi realizado um diagnóstico em 35 pontos da bacia, em cinco áreas distintas. Também foi realizada a classificação dos rios, enquadramento dos corpos d' água, formação de um banco de dados e mapeamento das obras hidráulicas.
É um dos projetos mais completos já realizados na bacia e até hoje suas informações são indispensáveis à implantação de instrumentos de gestão das bacias hidrográficas, tais como a outorga e o licenciamento ambiental.
O Sihbri foi coordenado pela engenheira civil e atual chefe da Divisão de Gestão de Recursos Hídricos e Resíduos da Cesan, Maria Helena Alves.
O sistema, que nasceu de uma parceria entre a Fundação Promar, o Ministério de Meio Ambiente e a Fundação Nacional de Meio Ambiente, recebeu diversas premiações.
Vida Gerando Vidas - Teve como objetivo a implantação de um viveiro e um centro de vivência para monitorar o plantio de espécies nativas. Foi aplicado nas bacias dos rios Itapemirim, Benevente e Novo.
O trabalho vem envolvendo o público da Pastoral Ecológica, que é o executor da ação na bacia. A Associação dos Amigos da Bacia do Rio Itapemirim (Aabri) é a responsável pela metodologia. Conta com recursos do ldaf e do Programa Nacional de Florestas (PNF).
Núcleo de Educação Ambiental de Castelo - Está voltado para a sub-bacia do Rio Castelo, com viveiro de plantas nativas, centro metodológico e unidade didática de economia doméstica, dormitório e refeitório.
Núcleo de Pesquisa e Difusão de Tecnologia em Floresta, Recursos Hídricos e Agricultura Sustentável (Nedtec) - Vinculado ao Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Ufes, desenvolve estudos, pesquisas, capacitação técnica, treinamento e atividades de educação ambiental na área de floresta, recursos hídricos e agricultura sustentável.
Consolidação do Parque Estadual de Forno Grande - Objetiva fortalecer o parque, no município de Castelo, para proteger a Mata Atlântica, tornando a unidade um núcleo difusor de técnicas de utilização racional de recursos naturais.
Consolidação do Parque Estadual Cachoeira da Fumaça - A intenção é transformar a área de implementação das ações educativas de toda a bacia.
Programa de Recuperação e Saneamento Ambiental dos ribeirões Cristal e Souza - Despoluição dos dois cursos d' água e tratamento de esgoto do perímetro urbano.
Diagnóstico Preliminar da Bacia do Rio Itapemirim - Foi realizado por parceiros que compunham o Consórcio Intermunicipal da Bacia do Rio Itapemirim e concluído pelo Grupo de Estudos Ambientais e Desenvolvimento Sustentável (Geades)
Publicação da Cartilha "Vamos cuidar dos nossos rios" - De autoria de Fábio Corrêa e Luiz Schettino, foram publicados 30 mil exemplares. O material procurou traduzir as informações do diagnóstico numa linguagem acessível a todos.
Projeto Verde Vale do Itapemirim - Foi elaborado a partir de uma parceria entre o Instituto Tramirim e a Usina Paineiras e financiado com recursos do Ministério do Meio Ambiente. Prevê a criação de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Ouvidor, de 195 hectares, em áreas da empresa, além de plano de educação ambiental, comunicação e capacitação para 24 comunidades do entorno da área Verde Vale de Itapemirim.
Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas e de Produção Florestal - Tem como objetivo a implantação de um modelo tecnológico de produção e recuperação de nascentes, revegetação de áreas de encostas e faixas ciliares a rio e córregos.
Fonte: A Tribuna, Suplemento Especial Navegando os Rios Capixabas – Rio Itapemirim - 23 de setembro de 2007
Expediente: Joel Soprani
Subeditor: Gleberson Nascimento
Colaborador de texto: Flávia Martins
Diagramação: Carlos Marciel Pinheiro
Edição de fotografia: Sérgio Venturin
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2016
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