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Da Bacia do Itapemirim para o mundo

Extação de mármore: atividade econômica da Bacia do Rio Itapemirim que tem fama mundial

O Espírito Santo é o maior exportador de rochas ornamentais do Brasil, representando 65% das vendas do País. O faturamento com as exportações, no ano passado, foi de US$ 679 milhões (R$ 1,29 bilhão) e nos cinco primeiros meses deste ano já bate a casa dos US$ 427,8 milhões (R$ 812,8 milhões). Grande parte dessa riqueza sai da Bacia do Rio Itapemirim (BRI).

Segundo o Centro de Indústrias Exportadoras de Rochas Ornamentais (Centrorochas), o valor é 17,46% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.

Da região são extraídos até 550 tipos de rochas, o que encanta os consumidores internacionais, principalmente os americanos, que são os maiores importadores. A atividade emprega diretamente até 7 mil trabalhadores na região.

As responsáveis por tudo isso são 700 empresas, distribuídas nas atividades de extração, beneficiamento e acabamento de mármore e granito, que estão espalhadas pelos 17 municípios capixabas que fazem parte da BRI, sendo a maior parte delas (70%) sediadas em Cachoeiro.

A cidade polariza econômica e politicamente um conjunto de 20 municípios, que formam a região macro sul, onde residem 15,7% da população capixaba.

"A localização geográfica das indústrias ocorreu de maneira linear às margens dos mananciais da região. O pólo industrial se localiza na parte média e baixa da bacia, principalmente em Cachoeiro e Vargem Alta", conta a chefe da Divisão de Gestão de Recursos Hídricos e Resíduos da Cesan, Maria Helena Alves.

Segundo ela, a destinação final dos resíduos gerados constitui-se num grave problema ambiental na região.

Além das rochas, a BRI abriga atividades econômicas importantes, como a agropecuária, pesca e o turismo. Estão na sua área de abrangência indústrias de laticínios (Selita), metalúrgicas, calçados (Itapoã), pesca, cimento (Itabira), açúcar e álcool (Paineiras), olarias, transportes (Grupo Itapemirim), entre outras.

NÚMEROS DO SETOR

EXTRAÇÃO

400 empresas mineradoras 1.500 jazidas ativas

BENEFICIAMENTO 

300 empresas de beneficiamento 1.600 teares em funcionamento 80% da atividade ocorre na região Sudeste, sendo 60% no Estado e, desses, 50% no Sul do Espírito Santo 6.500 marmorarias 250 empresas exportadoras US$ 2,1 bilhões /ano de movimento geral (US$ 1,8 bilhão somente no mercado interno) 500 a 550 tipos de rochas comerciais e maior variedade mundial

Fonte: Documento do Diagnóstico da Bacia do Rio Itapemirim.

COMO TUDO COMEÇOU

No contexto do esforço industrializante do governador Jerônimo Monteiro, um fato imprevisto surgiu a partir da instalação da Fábrica de Cimento de Cachoeiro de Itapemirim.

Com a constatação de que na região existia calcário - misto dos minerais calcita e dolomita - não tardaram as iniciativas de exploração das rochas na região da Bacia do Rio Itapemirim (BRI).

Assim, em 1920, dá-se início, no distrito de Prosperidade, em Vargem Alta, a exploração das primeiras jazidas de mármore, que hoje, só no município de Cachoeiro, alcançam um número de aproximadamente 700 indústrias instaladas.

Agropecuária tem predominância

Embora na Bacia do Rio Itapemirim (BRI) predomine a população urbana, chegando a 66% do total, a atividade que prevalece é a voltada para a agricultura.

Na exploração agropecuária da BRI predominam as atividades de pecuária leiteira e cafeicultura, ocupando respectivamente, 43,11% e 18,97% da área. De forma bem particularizada, em Itapemirim, predominam as culturas da cana-de-açúcar e abacaxi, enquanto que, em Venda Nova do Imigrante, destaca-se a atividade de olericultura.

"Em Itapemirim, no entorno da bacia, podemos destacar as atividades da cana-de-açúcar e a pecuária de leite e corte. Em menor escala temos outras culturas, como a mandioca, o abacaxi, o milho e o feijão", conta o chefe do Incaper no município, Fábio Lopes Dalbom. Itapemirim está em 1º lugar na pesca e exportação do atum e do dourado do Estado, destacando-se na gastronomia. É ainda o maior complexo pesqueiro artesanal do Brasil, exportando para EUA, União Européia e países do Oriente Médio.

Modelo para o setor de rochas

A Carvalho Mármores e Granitos Ltda, uma empresa familiar com 27 funcionários sediada em Cachoeiro de itapemirim. Tem servido de exemplo no desenvolvimento e aplicação de técnicas menos poluentes.

"Antigamente as empresas procuravam um lugar com bastante água para se instalar, inclusive em locais pantanosos. Hoje sabemos que é melhor se instalar em lugares altos para diminuir a contaminação da água", avalia o administrador da Carvalho, Antônio Carlos Carvalho. A empresa construiu um tanque de concreto, conhecido como leito de secagem, que substitui o filtro-prensa industrial. "Nós desenvolvemos ainda uma forma de aproveitar a lama abrasiva, resultante do processo, para a fabricação de tijolos e lojotão", explica.

Na empresa, toda a água é reaproveitada. "Água é vida", lembra Antônio Carlos.

Quedas d’água geram energia

Existe um grande potencial para a produção de energia hidrelétrica na Bacia do Rio Itapemirim (BRI), principalmente por micro e pequenas usinas hidrelétricas, favorecidas pelos acidentes naturais e grande disponibilidade de água superficial.

A energia sempre teve importância estratégia para o município de Cachoeiro de Itapemirim, que foi a décima cidade do País e a primeira do Estado a adquirir luz elétrica, com uma usina instalada na Ilha da Luz.

A expansão do parque fabril, no Vale do Itapemirim, exigiu novos investimentos no setor. Em 1911, foi instalada a Usina de Fruteiras, em Cachoeiro de Itapemirim, cuja potencia é de 7,9 MW.

Para aproveitar o potencial do Rio Alegre, foi inaugurada em 1920 e repotenciada em 2000, a Pequena Central Hidrelétrica (PHC) Alegre, que tem potência de 1,99MW.

A PCH Viçosa, de propriedade da Castelo Energética S.A., subsidiária integral da Escelsa, localiza-se no Rio Castelo e tem potência de 4,5 MW. Ela entrou em operação em 2001.

A usina São João, da Castelo Energética S.A., subsidiária integral da Escelsa, está localizada no Rio Castelo, entre os municípios de Castelo e Conceição do Castelo. A usina tem potência de 25MW.

A bacia apresenta ainda um enorme potencial para implantação de várias micro e pequenas usinas hidrelétricas.

Agroturismo é exemplo

Na Bacia do Rio Itapemirim (BRI) já existem experiências agroturísticas que estão entre as pioneiras no Brasil, localizadas nos municípios de Venda Nova do Imigrante, Castelo e Vargem Alta, e que vem se configurando como alternativas econômicas de extrema relevância.

A Escola Agrotécnica Federal de Alegre (Eafa), o Centro Agropecuário da Universidade Federal do Espírito Santo (Caufes) e o Centro de Pesquisa da Emcapa servem como atração turística e ponto de fomento às pesquisas agronômicas.

A região da BRI é privilegiada pela variedade paisagística que ostenta. As variações de altitudes na região permitem que se encontre desde os terrenos mais baixos — com as praias e as planícies litorâneas —, até áreas com altitudes de 1.500 metros acima do nível do mar, como é o caso do Parque Nacional do Caparaó, em Ibitirama, Irupi e Iúna.

Na sua parte alta, onde estão as principais nascentes do rio Itapemirim, os turistas podem desfrutar de inúmeras cachoeiras de águas cristalinas, piscinas naturais, vales e mata atlântica intocável com sua rica fauna e flora.

A região também transformou-se no ponto alto dos esportes de aventura, como o vôo livre, rapel e trilhas. Em Conceição do Castelo, existem diversas fazendas que preservam a memória da época da escravidão negra, mantendo sua estrutura e seus pertences.

Em Ibatiba, a recém-criada "Rota Caminhos dos Tropeiros", que atende dentro do sistema "Cama e Café", é um atrativo a mais para os visitantes, com suas fazendas históricas.

 

Fonte: A Tribuna, Suplemento Especial Navegando os Rios Capixabas – Rio Itapemirim - 23 de setembro de 2007
Expediente: Joel Soprani
Subeditor: Gleberson Nascimento
Colaborador de texto: Flávia Martins
Diagramação: Carlos Marciel Pinheiro
Edição de fotografia: Sérgio Venturin
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2016 

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