A bola - Por José Anchieta de Setúbal
O instrumento mais importante para a realização de uma partida de futebol, por certo, é a bola de couro.
No começo do século XX, por mais esmerada que fosse a sua fabricação, ela não tinha uma forma perfeitamente redonda, apresentando inevitavelmente deformidades, como proeminências ou calosidades. Por uma abertura permanente era introduzida a câmara de ar, e pelo seu formato, quando vazia, assemelhava-se a uma grande carambola de quatro gomos. Para enchê-la, no seu prolongamento havia embutida e colada uma mangueira fina, de uns cinco centímetros de comprimento. Com a câmara de ar introduzida na bola e a mangueirinha voltada para fora, enchia-se esse recipiente elástico até que este se expandisse suficientemente. Com a bola assim cheia, dobrava-se rapidamente ao meio a pequena mangueira, amarrando-a fortemente para que não escapasse nenhum ar. A mangueira ereta pela metade e para cima era depois empurrada para dentro da bola com os dedos.
A pelota, como também era chamada, carecia de cuidados em seu acabamento e, antes mesmo de se introduzir a câmara de ar, prendia-se, por um pequeno nó na ponta, uma tira fina de couro que, enfiada numa agulha grossa e própria, costurava ambas as bordas da abertura, passando por todos os furos dos dois lados até chegar ao último. À medida que a agulha ia costurando, percorrendo os buracos afora, o encarregado dessa tarefa procurava unir o mais que pudesse as duas laterais, para que a forma final se aproximasse ao máximo da ideal, ou seja, o mais redonda quanto possível.
Essa bola de futebol dos nossos antepassados era também conhecida como bola de costura. Quando o chute atingia a parte irregular da costura ou a calosidade formada pela mangueirinha, causava grande dor, principalmente se forte e dado de mal jeito. O goleiro, nas suas defesas, se ressentia por demais, dependendo da violência do chute e da posição em que agarrava a bola.
Fonte: ECOS DE VILA VELHA, 2001 Pag. 54/55
Autor: José Anchieta de Setúbal
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