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A Igrejinha de Monte Serrat

Igreja de Monte Serrat em Aracruz - Fonte: Panorâmio

A Igrejinha de Monte Serrat – ou “Igreja do Pelado”, como é mais conhecida – é uma pequena ermida em que mal cabem cinco pessoas em pé, situada a cerca de 800 metros de altura, numa pedra no alto do Morro do Pelado, próximo à localidade de Taquaral (município de Aracruz).

Foi construída no ano de 1931, por Euvaldo Soares Souza, o “Osvaldo Baiano”, como “meio de fugir das desgraças do mundo”, como costumava dizer a seus poucos amigos, pois não concordava com o procedimento das pessoas de sua época.

Um pouco abaixo da igrejinha, ao pé da pedra, ele construiu uma casa, onde passou a morar – “para ficar longe do mundo perdido” – com a família até sua morte, no dia 7 de abril de 1957, um domingo, às 14h30.

Osvaldo Baiano era um homem estranho, de personalidade exótica, que comumente assustava as pessoas nos primeiros contatos. Mas, “era querido e admirado pelas pessoas que o conheciam bem, pelo seu extraordinário altruísmo em prol dos necessitados que o procurassem”. As reminiscências dele se confundem com as da sua igrejinha, porque, com o tempo, as pessoas transferiram para a capela a força de fé que viam nele. Alguns depoimentos deram conta de que receberam “verdadeiros milagres” por intermédio da igrejinha do Pelado. Os filhos do construtor, por sua vez, dizem que ele a construiu para cumprir uma promessa que fizera à Nossa Senhora de Monte Serrat de “construir-lhe uma capela se conseguisse vencer na vida”.

A igrejinha fica situada a cerca de 10 quilômetros da cidade de Aracruz. O acesso a ela se faz por uma transversal à rodovia Aracruz-Linhares, antes do povoado de Taquaral. Pode-se ir de carro até o pé do morro, onde está a residência de Bianor Souza, filho de Osvaldo Baiano. Daí até o alto da pedra só se pode ir a pé, por um caminho bastante rústico e íngreme, que exige muito esforço físico dos caminhantes, num desafio permanente aos curiosos e à fé dos devotos de Nossa Senhora de Monte Serrat. Antes de chegar à igrejinha, vêem-se as ruínas da casa em que Osvaldo Baiano residiu até a morte, com a família. Do alto da pedra obtém-se extraordinário close de quase todo o município de Aracruz, destacando-se os eucaliptais de Aracruz Celulose, sua fábrica de polpa de celulose e a BR-101.

 

A construção da igrejinha

 

Adelina Souza, filha de Osvaldo Baiano, diz que, ao chegar à região onde seu pai construiu a igrejinha, ele fez uma promessa à Nossa Senhora de Monte Serrat de construir uma capela para ela, no alto daquele morro que achou muito bonito, se, em troca, a santa o ajudasse a vencer na vida; lutou muito e conseguiu vencer, cumprindo a promessa logo que pôde, com a ajuda das duas primeiras filhas, que vieram com ele da Bahia.

Segundo os filhos do construtor, a capela deve ter sido concluída em 1931, quando era pároco da então Paróquia de Nossa Senhora da Penha de Santa Cruz (hoje de São João Batista de Aracruz, com sede na cidade de mesmo nome), o Padre Luiz Gonzaga Perini – segundo o que se pode interpretar do que está escrito à mão, no “Livro do Tombo” da Igreja Católica, quanto ao nome do padre.

Como se vê, a Igrejinha de Monte Serrat foi construída antes mesmo da primeira igreja do então Povoado de Sauaçu (hoje Cidade de Aracruz), que seria, mais tarde, a sede da Paróquia. Esta primeira igreja da atual sede do município foi concluída por volta de 1939, no local onde hoje está o Banco do Brasil. Era pároco o padre João Bauer. Ela sofreu muitas alterações, depois que a nova matriz foi construída na Praça São João batista e, por fim, foi demolida em 1977, para dar lugar à imponente agência do Banco do Brasil.

A Igrejinha de Monte Serrat é solidamente construída em alvenaria, com grossas paredes, embora tenha uma área bastante reduzida, onde mal cabem 5 pessoas em pé. O material de construção foi levado para o alto da pedra no lombo de animais de carga ou às costas de pessoas que ajudaram na obra.

Os filhos do construtor dizem que ele foi muito ajudado pelos vizinhos e por seus vaqueiros e outros empregados de sua fazenda ao redor do morro.

Mas, afirma Adelina, “a principal ajuda foi dada por suas duas filhas do primeiro casamento, Edite e Judite”; elas trabalharam na construção com o mesmo amor e entusiasmo do pai.

Um pouco abaixo da igrejinha, mas também no alto do morro, Osvaldo Baiano construiu uma casa onde passou a residir, com a família, até a morte. Dizem seus filhos que “ao construir a casa tão alto assim, sua intenção era morar longe daquele mundo que ele não conseguia entender e que também não o entendia!”. A casa também era uma construção em alvenaria e tijolos; está hoje em ruínas, invadidas pelo mato, tendo o seu telhado já desabado; só as paredes continuam de pé, mas estão completamente estragadas pela ação do tempo. Na sala desta casa é que Osvaldo Baiano recebeu as punhaladas que lhe tiraram a vida, em 1957. Morou aí, portanto, cerca de 24 anos.

 

Fonte: Faça-se Aracruz! (Subsídios para estudos sobre o município),1997
Organizador: Maurilen de Paulo Cruz
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2011



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