A produção do Café fez surgir um forte comércio no Estado
Foram se multiplicando pequenas vendas de secos e molhados, abastecidas pelos grandes armazéns, que vendiam de tudo. E havia também a atuação dos "cometas" e do mascate, tipo que ficou popularmente conhecido como 'turco'
O desenvolvimento comercial do Espírito Santo na Primeira República está ligado à produção do café. No interior, a comercialização do café deu vida a portos fluviais e estações de trem, movimentou estradas e caminhos, provocou o aparecimento de vilas e cidades. Foram se multiplicando pequenas vendas de secos e molhados, seguidas de grandes armazéns que, além de produtos alimentícios, vendiam de tudo.
Para manter abastecidas as casas comerciais, era importante o trabalho dos viajantes, conhecidos como cometas. Recebiam esse nome porque só apareciam de tempos em tempos. Percorriam o interior com seus mostruários e se hospedavam nos "hotéis de viajantes", que sempre existiam nas cidades do interior. A maioria dos comerciantes preferia fazer encomendas aos cometas a se aventurar em viagens para o Rio ou São Paulo.
Os cometas traziam jornais e revistas e colocavam os comerciantes a par das novidades nas grandes cidades. Eram sempre bem-vindos e gozavam de prestígio. Além deles, havia os mascates, geralmente sírios ou libaneses, conhecidos como "turcos", que percorriam o interior com seus burros, vendendo principalmente tecidos, à vista ou a prazo.
Além do café, o Estado exportava cacau, algodão, açúcar, milho, arroz, feijão, tecidos, couros, madeiras, areias monazíticas, álcool, aguardente para a Argentina, Estados Unidos e alguns países da Europa. Nesse continente, o parceiro comercial mais ativo era a Itália, de onde se importavam vinhos, queijos, licores, manteiga, salame, conservas, cervejas. Tão significativo tomou-se o comércio com a Itália que acabou motivando a abertura em Vitória de quatro casas comerciais italianas: Fiorita Cia., Camuyrano Cia., Pisoni Cia. e Amadeo Gonela.
As firmas e casas comerciais mais importantes do Espírito Santo do século XIX até meados do século XX eram Lisandro Nicoletti, Teixeira Guimarães, A. Prado & Cia, Antenor Guimarães, Cruz Duarte & Cia, Casa Verde, Hotel Magestic, Café Globo, Flor de Maio, Joalheria Petrocchi, Neffa & Irmãos, Casa Busatto, Farmácia Roubach, Hotel Europa, Empório Capixaba, A Principal, A Mimosa, Casa das Meias, Casa das Linhas, Casa Madame Prado, A Queimadeira, Estúdio Fotográfico Mazzei, Estúdio Fotográfico Otávio Paes.
No interior, destacavam-se Elias Pádua, Nemer, Perim, Ceotto, Biase & Cia, J. Reiser & Cia, Vervloet Irmãos & Cia, C. Müller, José Eugenio Vervloet. Já nessa época, 40% dos produtos importados eram tecidos, 30% bebidas, 20% gêneros alimentícios.
Em 1900, existiam em Vitória dois estabelecimentos bancários: o Banco Espírito Santense e o Banco da Vitória. Em 1910, o Banco Inglês foi instalado na Rua da Alfândega. Durante o governo de Jerônimo Monteiro, no dia 1° de junho de 1911, foi inaugurado o Banco Hipotecário e Agrícola do Espírito Santo. E, aos poucos, outros bancos foram surgindo. Em 1909, foi fundada a Associação Comercial de Vitória, reconhecida em 1917 como de Utilidade Pública. Esse impulso foi sustado pela Primeira Guerra Mundial, que fechou vários portos europeus, teve repercussão também sobre a agricultura e a indústria, e paralisou obras, como a do Porto de Vitória.
Fonte: Jornal A Gazeta, A Saga do Espírito Santo – Das Caravelas ao século XXI – 18/11/1999
Pesquisa e texto: Neida Lúcia Moraes e Sebastião Pimentel
Edição e revisão: José Irmo Goring
Projeto Gráfico: Edson Maltez Heringer
Diagramação: Sebastião Vargas
Supervisão de arte: Ivan Alves
Ilustrações: Genildo Ronchi
Digitação: Joana D’Arc Cruz
Compilação: Walter de Aguiar Filho, junho/2016
No final do século XIX, principalmente por causa da produção cafeeira, o Brasil, e o Espírito Santo, em particular, passaram por profundas transformações
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