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Araribóia – Capixaba ou Carioca?

Índios na Festa de 400 anos do Solo Espírito-Santense - Local: Cais dos Padres, Prainha, VV - ES, 1935 - Fonte: Revista do IHGES, Nº 10

Há quem afirme Araribóia ou Araibóia, nascido no Espírito Santo.

Sabíamo-lo temiminó, tribo trazida do Rio, por Maracaia-guassú (“Gato Grande”), que voltou ao Rio na companhia de Mem de Sá.

“Avia em El Rio de Enero, antes que fuese de christianos – reza um códice da história dos colégios jesuíticos – una aldeia que ilamava Del Gato; estes viendose muy apretados de sus contrários que todos los comiã, embriarão a pedir a Vasco Fz. Coutinho que los amparase e defendiese e trouxese para su tierra”...

Chegando a esta Capitania, onde, segundo Pedro Calmon, a tribo teria permanecido apenas quatro anos. Maracaiá-guassú foi batizado, tomando o nome de Vasco Fernandes; e a mulher o de Branca Coutinho, Mãe do Donatário.

Deixaram o Espírito Santo levados já por Arariboia, outro cacique ou principal, quando se cogitou de fundar o Rio de Janeiro. Batizado depois com o nome de Martim Afonso de Souza, este novo chefe obteve, em 1578, por seus prestimosos serviços, uma sesmaria de terras, onde fundou o aldeamento de S. Lourenço, origem remota da cidade de Niterói.

Um translado do registro dessa sesmaria, arquivado na Prefeitura da capital fluminense, contém uma petição na qual ele mesmo assim narra o que sucedeu: - “Diz Martim Afonso de Souza, homem nobre dos principais homens do gênero términos (sic), que mandando el rei Nosso Senhor, a Estácio de Sá, que Deus tem, por capitão de uma sua Armada a conquistar e povoar este Rio de Janeiro, que ele dito Estácio de Sá veio ter à Capitania do Espírito Santo, onde ele, suplicante, era morador; e ele dito Estácio de Sá, com o ouvidor Brás Fragoso falarão a ele suplicante que quizesse vir em sua companhia servir a el-rei Nosso Senhor, em ajudar a povoar-lhe este Rio de Janeiro, porquanto os gentios dele estavam de guerra, e tinham em, seu favor os franceses contra o Estado Real de Portugal, no que S. A. era muito desservido; e que ele dito capitão, Estácio de Sá, desejava repelir e castigar os contrários e franceses, que neste Rio de Janeiro estavam; pelo qual pedia ele suplicante, folgasse de vir na dita Armada em esta companhia para o favorecer e ajudar na dita empresa; o que ele, suplicante, muito folgou em fazer; e veio em sua companhia e trouxe muita gente sua, de peleja e muitas armas e mantimentos”...

Tendo vindo de Portugal com a referida incumbência, em 1563, Estácio de Sá só entrou no Rio de Janeiro – “no último dia de fevereiro ou a primeiro de março” de 1565.

João Ribeiro e Teodoro Sampaio asseveram que temiminós houve não só o Estado do Rio de Janeiro, como no Espírito Santo. Daí justificar-se a suposição de ter Araribóia nascido nesta Capitania.

Partidário de uma emigração de tupis, provenientes do norte, Varnhagen recorda a significação de tamoyo-avô, isto é, ascendente. Assim se consideravam os tupinambás. Aos do sul denominavam – temiminós, como para exprimir – netos ou descendentes. Estes já eram raros no Espírito Santo, quando aqui esteve Fernão Cardim.

 

Fonte: A Capitania do Espírito Santo, ano 1945
Autor: Mário Aristides Freire
Compilação: Walter de Aguiar Filho/ maio/2015

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