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As cinzas de Luiz Flores Alves - Por Sérgio Figueira Sarkis

O professor Luiz Flores Alves, na esquerda, com Ana Angélica Cabral e João Paulo Barros, em reunião de trabalho na Universidade Federal do Espírito Santo.

Filósofo, professor, escritor, economista, inventor e caçador, Luiz Flores Alves, dentre todas estas indicações, era, antes de tudo, excelente proseador. Gostava de bater papo, contando suas peripécias como caçador e inventor.

Embora muito erudito, dispunha de uns cacoetes na fala, quase chegando a uma gagueira, obrigando a se expressar muito rápido. Tornava-se, em algumas vezes, incompreensível para o interlocutor.

Não obstante, lecionou Economia durante anos, no curso da Universidade Federal do Espírito Santo, a Ufes, do qual foi fundador e diretor.

Era comum, quando se expressava a um ouvinte, desenvolver com muitos detalhes o tema da conversa. Chegando ao final, questionava: "Concorda comigo?" A pessoa, invariavelmente, dizia sim. E ele retrucava: "Não!"

Aposentado, refugiou-se na Enseada Azul, em Guarapari, onde, juntamente com sua esposa, Wanda, passou os últimos momentos de sua vida, cercado de amigos que se juntavam para jogar conversa fora e tomar vinho.

Foram momentos muito felizes, encerrados com seu falecimento. Por decisão sua, seu corpo foi cremado e as cinzas deveriam ser lançadas no lago existente no Campus Universitário. A viúva Wanda convocou os seus amigos, dentre os quais me incluo, para testemunharem o ato.

Todos presentes, após as manifestações de praxe, Wanda se dispôs a fazer o lançamento. Entretanto, o vento estava muito forte, ameaçando deslocar as cinzas para a borda do lago. Um dos assistentes sugeriu colocar o depósito sobre uma palha de coqueiro, a esta ser empurrada para dentro do lago.

Assim, após alguns minutos, afundaria. Isto feito, todos aguardando, o tempo passava e nada do tão esperado naufrágio. Os presentes muniram-se de pequenas pedras e tentaram acertar a "embarcação", fazendo-a adernar.

Qual o quê! Só depois de uma longa guerra de pedradas em cima das cinzas do Luiz, veio a derradeira, pondo o depósito a pique.

Assim, o que deveria ser uma solenidade de pesar, transformou-se num hilariante momento de descontração. Com certeza, seu principal personagem teria gostado de participar ativamente do mesmo.

 

 

Fonte: No tempo do Hidrolitrol – 2014
Autor: Sérgio Figueira Sarkis
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2019

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