Banho na Maré – Por Edward Athayde D’Alcântara

A gente fugia de casa para tomar banho na maré atrás do morro do Sítio Batalha e, ao chegar em casa, mentia dizendo que estava brincando com colegas.
Era gozado, e gente em casa olhava o olho do gato e acreditava ser a pupila estivesse bem redonda, queria dizer que a maré estava cheia e se estreita a maré estava vazia (baixa). Lá, na margem do rio (maré), havia uma grande laje de pedra que adentrava a água e era o melhor para o mergulho, fora dos olhares dos adultos. Hoje, o local seria do outro lado onde está o Shopping da Costa. Brincávamos de “boto e tainha”. O boto saltava da laje e mergulhava no rio a fim de pegar uma tainha e a tinha presa passava a ser o próximo boto e assim por diante.
Costumava aparecer um engraçadinho que pegava as roupas da gente e dava alguns nós bem apertados. Quando saía do banho e ia pegar as roupas o banhista desmanchava os nós, auxiliado com os dentes, e recebia a gozação dos colegas perguntando se a rosca estava torrada. Às vezes, acontecia alguma maldade como a de urinarem sobre os nós das roupas.
Fora do horário das aulas o banho habitual, consentido pelos pais, era o banho na Prainha porque sempre tinha adulto para vigiar o pequeno. O filho maior podia frenquentar com os colegas o banho no Cais da Prainha ou das Pedrinhas. Na Praia da Costa, só nas férias e aos domingos. Na volta, resolvia pular da ponte do Rio da Costa para tirar o sal.
Nos fins de semana era costume furar ondas para dar e levar caldos. Era difícil voltar para casa sem ser salgado. Salgar era jogar areia no corpo do banhista que desejava sair mais cedo para casa. Até hoje não entendo porque a gente fazia tudo para não ser salgado, pois se logo na ponte do Rio da Costa ia cair novamente na água!
Fonte: Memória do Menino...e de sua Velha Vila, 2014
Autor: Edward Athayde D’Alcântara
Produção: Casa da Memória de Vila Velha
Compilação: Walter de Aguiar Filho, abril/2020
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