Vila Velha nos anos 40 - Por Therezinha Botelho de Aguiar
Xaréu
Xaréu é um peixe que tem sua estória em Vila Velha. Quase todas as tardes, pescadores vindos da Prainha, passando pela rua principal, exibiam vários desses enormes peixes, atravessados num bambu que pudesse sustentar seu grande peso. Muitos deles, maiores até que os próprios pescadores, eram conduzidos para locais improvisados, sendo cortados, pesados e vendidos à população.
Burdigão
Burdigão era seu nome popular e berbigão é o nome certo, encontrado nos dicionários. Trata-se de um molusco envolvido em duas conchas coladas, que se abrem ao fervê-las.
Em Vila Velha, esses mariscos de gostoso sabor eram encontrados cavando-se as areias nas beiradas do Rio da Costa, na Prainha, e principalmente na Barrinha.
Existe também o burdigão "metido a chic", com suas conchas lisas, listras coloridas em forma triangular. Esses se encontravam em grande quantidade na Praia da Costa. Levados pelo espumeiro das ondas, se enterravam na areia, misturando-se aos tatuís.
As meninas de Inhoá
Inhoá era uma vila pitoresca com casinhas simples de pescadores, enfileiradas de frente para uma ruazinha estreita. No fundo dos quintais, a praia, o mar.
As menininhas, filhas dos pescadores, com suas roupinhas simples e limpas saíam em bando e se espalhavam pelas ruas de Vila Velha. Nas mãos, equilibravam pratos de ágata, com as beiradas esfoladas pelo tempo de uso, cheios de mariscos, principalmente o burdigão encomendado pelas donas de casa. Na Semana Santa, esses mariscos não podiam faltar na Torta Capixaba. Inhoá é hoje o local onde está instalada a Escola de Aprendizes Marinheiros.
Artesanato
Um artesanato muito usado nas casas simples de Vila Velha era um abajour de cores vivas, colocado com esmero nos fios pendentes das lâmpadas.
Pelas ruas da cidade, senhoras passavam exibindo e oferecendo à venda esses lindos e coloridos abajours, de papel crepon, confeccionados por mãos habilidosas de pessoas de Vila Velha.
Bilro
Bilro é uma peça artesanal semelhante ao fuso que se usa para fazer renda.
Em uma almofada cheia de alfinetes fincados de linhas entrelaçadas, as rendeiras manejam com muita agilidade os bilros que fazem um barulhinho característico no seu bate-bate. Em poucos minutos vão surgindo em desenhos variados, lindas e perfeitas rendas.
Em Vila Velha as rendeiras mais famosas eram as "irmãs Rocha", que residiam nas proximidades do portão do Convento da Penha.
Autora: Therezinha Botelho de Aguiar - nascida em Vila Velha
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