Beatriz Abaurre
Numa tarde de verão em fevereiro, na Biblioteca Pública do Espírito Santo, no setor que abriga o magnífico acervo do historiador José Teixeira de Oliveira, intelectual que pode servir de símbolo de amor aos livros, tive o prazer de receber essa pessoa que atuou com tamanho empenho em tantas áreas da cultura capixaba. Refiro-me a Beatriz Abaurre, musicista, escritora, e participante em diversos organismos de defesa e divulgação da nossa cultura. Num papo intercalado por muitos sorrisos, bem peculiar ao seu jeito de ser, Beatriz discorreu um pouco sobre sua história de realizações e superações, como convém a uma grande mulher.
Beatriz Abaurre nasceu em Londrina, Paraná, radicando-se desde jovem no Espírito Santo. Sua formação musical se fez no Conservatório Brasileiro de Música e, em nível pós-graduado, na Academia Lorenzo Fernandez, ambas no Rio de Janeiro, o que lhe serviu de base para uma carreira de desafios e vitórias como instrumentista (piano, violino e viola) e professora da Escola de Música do Espírito Santo.
Nos anos 70, Beatriz Abaurre foi diretora-presidente da Fundação Cultural do Espírito Santo (hoje SECULT), onde se destacou por uma política cultural dinâmica, conforme podemos avaliar por uma simples lista de realizações, muitas delas ainda hoje existentes: contribuiu com uma das reformas do Theatro Carlos Gomes; criou e instalou a Galeria Homero Massena; criou a revista Cuca – Cultura Capixaba, que marcou época no meio artístico do Espírito Santo; conseguiu a doação de um terreno na Praia do Suá onde mais tarde foi construído o prédio da Biblioteca Pública em que aconteceu esta conversa pontuada de momentos de emoção.
Como conselheira titular (e eventual presidente) do Conselho Estadual de Cultura, cargo que ocupou por várias vezes, Beatriz Abaurre teve corajosos confrontos com interesses antagônicos à política de tombamento de bens naturais, históricos e afins. Um episódio especialmente difícil foi aquele que envolveu a defesa da pedra do Penedo, marco natural que, na opinião dela, representa o Espírito Santo assim como o Corcovado representa o Rio de Janeiro.
Problemas de saúde, inclusive sérios problemas de visão, inviabilizaram a sua atuação junto à Orquestra Sinfônica como instrumentista, levando-a buscar outro caminho de expressão artística, o da literatura. Nessa condição, Beatriz publicou uma série de livros para crianças com temática musical, contando histórias em que os personagens principais são instrumentos de música, entre eles Joaquim e seu flautim e A revolução das violas. Essa fase foi extremamente importante para ela pelo que representou de sobrevivência humanística.
A partir daí, aproxima-se do meio universitário através da realização de estudos superiores na área de Letras e da produção de trabalhos acadêmicos, alguns deles premiados, como Um olhar feminino sobre s ilha de Vitória, agraciado pela Academia Espírito-santense Feminina de Letras.
Seu mais recente trabalho publicado, O jogo da velha, é uma adaptação de conotações eróticas da tradicional história infantil de Chapeuzinho Vermelho, que foi lançado na BPES logo após ter sido entregue ao público a nova sede reformada desta Biblioteca.
Tanto Beatriz Abaurre como eu acreditamos que a vida é cíclica, e exemplo disso é que ela está sempre presente e sempre de volta à Biblioteca Pública, lembrando que foi ela a responsável pelo próprio solo em que a instituição lançou raízes e até hoje continua a sua trajetória em prol da leitura e do conhecimento.
Autor: Sérgio Blank
Fonte: Caderno D – Ano I, Revista nº 2, fev/2011
Revista de Cultura do Diário Oficial de ES
Compilação: Walter de Aguiar Filho, mar/2011
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