Centro de línguas para a comunidade - Por Jô Drumont

Focalizaremos aqui uma experiência de sucesso no ensino de línguas estrangeiras, dentro do Departamento de Língua e Letras da Ufes. Trata-se de um projeto de aperfeiçoamento dos futuros professores de inglês, que permite, ao mesmo tempo, o acesso do ensino de idiomas à comunidade, por preço irrisório. Faremos um recorte, focalizando apenas os anos iniciais de funcionamento desse Centro. Antes porém, veremos sucintamente o contexto político do ensino de idiomas no Brasil.
Desde o período imperial, o prestígio das línguas estrangeiras caiu gradualmente nas escolas, até a reforma Capanema, em 1940, quando todos os alunos, a partir de onze anos, estudavam obrigatoriamente latim, francês, inglês e espanhol, na escola secundária. Em 1961, a nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB) eliminou o latim. As línguas francesa e espanhola tornaram-se opcionais ou foram eliminadas, segundo a decisão de cada Conselho Regional de Educação. O inglês passou a ser a única língua ensinada oficialmente nas escolas públicas e particulares. Em 1971, a situação se agravou. Uma nova reforma eliminou os idiomas no ensino oficial. Porém poderiam ser oferecidos como disciplina facultativa. Desde então, até 1990, muitos jovens não tiveram acesso à aprendizagem de línguas estrangeiras. Em 1996, uma nova LDB instituiu a obrigatoriedade do ensino de um idioma. Uma segunda língua poderia ser oferecida aos alunos, como disciplina opcional, segundo as condições de cada estabelecimento. O inglês se fixou como primeira língua estrangeira. Os outros idiomas ficaram a cargo de escolas particulares de línguas, às quais grande parte da população não tinha acesso, devido à precariedade financeira.
Daí a importância do CLC, entidade sem fins lucrativos, que oferecia cursos de diversos idiomas a preços reduzidos, além de bolsas de estudos aos menos favorecidos. O CLC tinha que ter autonomia financeira, ou seja, tinha que ser economicamente viável. Inicialmente, durante três anos, tratava-se de um curso de extensão informal oferecido pelos professores do DLL. O curso de inglês era prioritário, pois o Centro visava ao aperfeiçoamento dos futuros professores desse idioma. No entanto, considerando a demanda da comunidade, o projeto englobou outras línguas estrangeiras. O controle orçamentário ficou a cargo dos coordenadores do projeto, passando posteriormente para a sub-reitoria de extensão. A demanda cresceu assustadoramente. Os alunos eram alojados em diversos departamentos nos quais havia, eventualmente, salas disponíveis. O "boom" discente exigia mais espaço e uma estrutura administrativa exclusiva.
Destarte, a Universidade autorizou a construção de uma sede, erguida e mobiliada graças à verba oriunda das inscrições dos alunos. O projeto compreendia 27 salas de aula, cantina, sala de professor, sala de vídeo, 4 toaletes, secretaria, biblioteca e 4 salas para a administração. A partir de então, o CLC decidiu reduzir o número de alunos para que fossem todos abrigados na nova sede.
NÚMERO DE ALUNOS DO CLC
Ano 1° Semestre 2° Semestre
1993 ------ 0060
1994 0188 1054
1995 2299 3383
1966 5122 5328
1977 7493 ------
(Dados fornecidos na época, pela Coordenação Administrativa.)
O sucesso do projeto foi tal, que engendrou conflitos institucionais e políticos. As escolas de línguas acusaram a Universidade da migração de alunos, atraídos pelo baixo custo. O sindicato patronal dessas escolas entrou na justiça e solicitou ao Ministério Público, em 1977, a interrupção das atividades do CLC baseando-se no fato de que, estando ligado a uma Universidade pública, a cobrança da semestralidade do CLC, apesar de irrisória, era ilegal. A justiça constatou que, considerando os objetivos pedagógicos, sociais, políticos e culturais da Universidade, o CLC tinha o direito de oferecer esse tipo de serviço à comunidade. A Ufes e o Ministério Público assinaram um acordo para regulamentar a administração da entidade. A parte financeira ficaria a cargo da Fundação Ceciliano Abel de Almeida. Além disso, seria necessário definir o público-alvo e as regras do funcionamento administrativo para não prejudicar as escolas de línguas. Determinou-se então que o público-alvo majoritário pertenceria doravante às camadas sociais menos favorecidas, com renda familiar inferior à estipulada pelas partes, ou seja, às camadas sociais que não teriam condições de frequentar escolas particulares. Decidiu-se também que 90% dos professores de inglês deveriam ser alunos estagiários do DLL. Os outros 10%, já diplomados, seriam responsáveis pelos níveis avançados. Os cursos de idiomas para os quais a Universidade não oferecia licenciatura não se enquadrariam nesse item. O funcionamento deveria ser fiscalizado por um Conselho Administrativo e Acadêmico, encarregado do controle financeiro, do balanço anual e das decisões institucionais do CLC.
Como vimos, a experiência iniciou-se em 1993, com apenas 60 alunos. Quatro anos após, já contava com cerca de 7.500 inscritos. Isso demonstra o sucesso e a relevância desse projeto que contribuiu e que continua contribuindo para a formação profissional dos estudantes do Departamento de Línguas e Letras, assim como para a formação cultural da comunidade em geral.
Fonte: UFES: 65 anos – Escritos de Vitória, 33 – Secretaria de Cultura da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), 2019
Conselho Editorial: Adilson Vilaça, Ester Abreu Vieira de Oliveira, Francisco Aurélio Ribeiro, Elizete Terezinha Caser Rocha, Getúlio Marcos Pereira Neves
Organização e Revisão: Francisco Aurélio Ribeiro
Capa e Editoração: Douglas Ramalho
Impressão: Gráfica e Editora Formar
Foto Capa: David Protti
Foto contracapa: Acervo UFES
Imagens: Arquivos pessoais
Autor: Jô Drumond
Membro da AEL, da A FESL e do IHGES
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2020
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