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Cimento e Ferro – Por Paulo Vasconcellos

Parthenon, dos primórdios da historia, é o nome que ainda soa aos nossos ouvidos, da arte grega. "Milagre grego" é o seu sinônimo no tempo da Acrópole. Acrópole é o enfeixo das jóias arquitetônicas não ultrapassadas na historia, em sua arte e espontaneidade. Ali foi a fonte.

Fídias, o gênio dessa arte. Calícrates e Ictinos seus arquitetos e uma plêiade de escultores seus discípulos, deixaram na Grécia fincado o marco do apogeu da arquitetura e escultura. Elas aí culminaram.

Veio depois Roma, em seu fausto de arte. Em seguida a arte cristã, a bizantina, a gótica, as diversas formas da renascença, as artes dos séculos XV a XIX e enfim a ultramoderna arte.

Colunas de fuste galbado, capitéis de volutas e acanto, entablamentos decorados de pérolas e folhas d'água e frisos com baixo relevo, hoje foram riscados da arte arquitetônica, pelo fator arquitetura-comércio.

Abobadas perfeitas, curvas impecáveis de arcos abatidos, escócias elegantes, foram banidas por vigas retas de cimento armado. Cornijas decoradas cederam lugar a recortadas e duras lages de cimento armado, em consolo.

Lindos atlantes e cariátides ficaram sem função, suas vagas não são preenchidas, há vigas armadas em balanço, que os dispensam...

Há, contudo, alguém, que de vez em quando, olha com olhos da alma, e quando não deixa uma obra de vulto, ao menos deixa uma parcela de bom gosto e arte.

Eis ai, o Palácio do Governo do Estado. Sóbrio. De linhas severas e com influência grego-romana. Belo edifício, que um capixaba lembrou chama-lo adequadamente de "Palácio de Anchieta".

Há o edifício do Culto Baptista, traduzindo a arquitetura dos clássicos templos gregos. Sua coluna encimada por um frontão grego é sua característica.

O edifício Gloria e a Casa de Saúde dizem da transição da arte moderna, ainda com influencias de Luiz XVI.

Pedro Vivacqua, em lugar adequado, elevou "sua doce casa" em estilo néo-colonial. A desafiá-lo, em linhas puras, fronteiriçamente se encontra o "cottage" de Oswaldo Guimarães. Elias Miguel, em estilo romano, fez sua bela vivenda no Moscoso.

E, numa arte de cimento e ferro áspera, recortada, sem detalhes, apenas com jogo de grandes massas, plantaram o majestoso, monótono e cinza arranha-céu, de Oswaldo Guimarães, na Praça da Independência.

 

Fonte: Revista Annuário do Espírito Santo, 1937
Autor: Paulo de Vasconcellos
Compilação: Walter de Aguiar Filho, dezembro/2017

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