Comércio Exterior - Por Arthur Gerhardt (Parte I)
1 - Até a década de 1930
Mote da palestra: A menor distância entre dois pontos é a de menor custo.
Cabendo a mim fazer a palestra inicial deste importante encontro, optei por centrar as nossas atenções no problema portuário, principal agente nas oportunidades que nosso Estado tem oferecido ao longo de sua história. A nossa abordagem não podia deixar de ser superficial e resumida, mas os senhores por certo terão ocasião de aprofundar no conhecimento de nossa potencialidade, à medida que forem conhecendo as palestras que se seguirão.
O Espírito Santo se integrou muito cedo na história do Brasil. Quando em 1532, o rei D. João III resolveu colonizar o país, procurou fazê-lo através de concessões, dadas a nobres (alguns ricos, outros nem tanto), de faixas litorâneas, mais ou menos equivalentes, dizendo que eles poderiam estender a penetração até aonde pudessem. Evidentemente as condições da baía de Vitória permitiram que o donatário aqui aportasse sem maiores problemas, a não ser os que a terra firme lhe trazia.
O objetivo desta política era bem claro. Em primeiro, que produzissem riquezas para Portugal. Ouro, prata, pedras preciosas, o que achassem e que tivesse valor. Também produtos agrícolas que suportassem o transporte até a metrópole e entre estes, muito especialmente, a cana de açúcar. Os portugueses já tinham experiência do cultivo da cana nas ilhas atlânticas que haviam descoberto e colonizado no século anterior. O segundo objetivo era o da ocupação do território na maior extensão possível já visando desrespeitar o Tratado de Tordesilhas.
A tentativa de colonização através das Capitanias não teve o sucesso esperado e um dos maiores fracassos foi a Capitania do Espírito Santo. Como os recursos de capital eram escassos na economia portuguesa, eles não podiam perder tempo com fracassos, daí não termos participado do primeiro “boom” brasileiro, o do açúcar, que tanto beneficiou algumas regiões do Brasil no século XVI.
Também não participamos do surto mineiro que caracterizou o Brasil dos séculos XVII e XVIII e esta não participação teve pra nós um efeito perverso que trouxe consequências até o século XX.
Aqui não se descobriram jazidas importantes de ouro, de prata ou de pedras preciosas. Ficamos numa agricultura pequena e rudimentar, esquecidos pela Coroa Portuguesa.
No Brasil do século XVII, quem se beneficiou em nossa vizinhança foi Minas Gerais. Como todos sabem a riqueza destas minas foi que por muitos anos, praticamente por mais de um século, sustentou o luxo da Corte Portuguesa, permitindo a ociosidade e o esbanjamento de que somente no século seguinte, após a revolução do Porto, Portugal iria se recuperar.
Antes falei do efeito perverso que o ciclo do ouro teve para o Espírito Santo, agora específico. Para facilitar o trabalho do Fisco, o Governo português adotou como política dificultar o desenvolvimento do Espírito Santo, visando à exclusividade da rota do Rio de Janeiro para a saída da produção das Minas Gerais. Assim, deliberadamente, por decisão política clara, tivemos mais de um século de estagnação. E a nossa baía continuou a ter frequência esporádica de pequenas naves.
A notícia une do início do século XVIII envolvendo o nosso porto foi a pena imposta ao ex-Regente e Conselheiro Feijó, que para cá veio degradado.
Foi no final do século XIX com o ciclo do café que o Espírito Santo se inseriu na vida econômica brasileira e por consequência aumentou o movimento portuário.
Podemos também dizer, sem cometer nenhum exagero, que foi nesta época que o Estado começou a ser povoado. A penetração de agricultores mineiros e fluminenses nos vales do Itabapoana e do Itapemirim, somada à colonização estrangeira a partir da metade do século e ocupando principalmente os vales dos rios Jucu, Santa Maria e Castelo, aumentaram em muito a produção cafeeira local, obrigando o comércio a se estruturar para dar conta da exportação de café. Como consequência, o movimento portuário aumentou.
A estrutura portuária desta época foi a que permaneceu até a década de 1930. Os navios entraram em nossa barra, fundeavam no canal e os saveiros encostavam-se aos navios para carregar e descarregar. Usavam os próprios guindastes dos navios, o serviço era lento, mas atendia às necessidades da época.
Foi esta situação portuária que encontrei quando fiz, como menino do interior que vinha passear na capital as minhas primeiras visitas à Vitória. Quando o ônibus passava sobre a ponte Florentino Avidos, observava os navios no meio do canal cercado pelos saveiros. Depois, já estudando aqui em Vitória, fiquei sabendo que algumas das fortunas locais da época se originavam em atividades ligadas ao movimento portuário, quer como operadores de empresas ligadas aos saveiros, quer como fornecedores dos navios.
Fonte: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. N 47, ano 1996
Compilação: Walter de Aguiar Filho, fevereiro/2014
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