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Exemplo oportuno – Por Cacau Monjardim em dez/1980

Aquarela da Pedra Azul, by Mônica Boiteux

Tradicionalmente o Espírito Santo colocou as suas prioridades turísticas inteiramente voltadas para o aproveitamento de seu litoral, dando seqüência em termos de sua corrente interna à atração natural que o mar exerce nos grandes fluxos que nos chegam de Minas e já a esta altura vincando de possibilidades todo o centro-oeste como massa turística que cada dia mais se avoluma em nosso litoral, mesclando-se com os volumes que também nos chegam em escala ascendente do Rio e São Paulo.

Compreendida a natural vocação do mineiro pelo mar e a conseqüência preferencial que se encaixa nas necessidades de lazer do planalto central, além da tradição brasileira sustentada pela mística de Copacabana e Ipanema que também fornecem preciosos dividendos na escolha do mar como opção histórica, aceita-se a vocação, digamos, brasileira e, mais acentuadamente capixaba e carioca, pelos balneários, apesar do bom senso e dos estudos científicos e médicos mais avançados condenarem o fato dos períodos de lazer de quem mora durante todo o ano à beira mar se estenderem à vivência seqüencial do verão, sem a alternativa saudável da oxigenação e das temperaturas mais amenas da montanha.

Se os nossos hábitos tradicionais determinam esta opção, passamos a conviver com ela, entregando-a, erradamente, de geração para geração. No entanto, forçoso se torna reconhecer que é válido e lógico tentar buscar na montanha um novo encontro, que terá o sabor profundamente educativo de oferecer às nossas levas praieiras o doce encanto da serra, a quietude morna da lareira, a ambientação colorida das flores, a oxigenação da floresta, a antipoluição, a desconcentração urbana, a vivência granjeira e a água pura das nascentes, sem os ruídos de escape do instrumental de locomoção individual ou coletiva ou o rufar agressivo do som que emana desta parafernália eletrônica e piscosa que rouba a oportunidade do sussurro carinhoso, e quem sabe, o enlevo de mãos e lábios que não mais se tocam. Ultimamente se agridem no tom de voz e no gesto tresloucado do corpo abandonado, entregue a impulsos impessoais, fugitivos, carentes, na dura interpretação de um estágio de vida.

A montanha, no caso do Espírito Santo, é um imperativo cultural. Entendo que estamos maduros e conscientes para tentar a reformulação do nosso lazer tradicional, mantendo-o, nos dois níveis, clínica e turisticamente bem dosados.

Quando a montanha, finalmente, se transforma em objetivo de Governo, confiamos no seu poder de resposta, como nele confiou um empresário dinâmico e de larga experiência internacional em termos de turismo, que conseguiu furar com sua tenacidade o longo bloqueio que vinha perseguindo nossas correntes turísticas tradicionais.

Joaquim Baraona não descobriu as nossas montanhas. Ele acreditou nelas, na sua beleza, no seu clima, na sua amenidade descontraída, na simplicidade produtiva do nosso colono, na riqueza de seu artesanato e folclore, na abundância do verde, na facilidade de acesso, pela proximidade ideal em termos de consumo de combustível, com a infra-estrutura da grande Vitória, além de uma incrustação no anel viário que cortando a BR-262 fecha o nosso chamado Triângulo Suíço, incluindo os municípios de Domingos Martins, Santa Teresa e Santa Leopoldina.

E, em acreditando, Joaquim Baraona, fiel à têmpera portuguesa, ancorou os seus sonhos nos regatos cristalinos de Domingos Martins. Ali, no silêncio e na meditação de quem sabe o que está fazendo ele plantou, inicialmente, o Parque das Hortências, e logo em seguida, o Parque das Montanhas e, já agora, parte a definição do Green Park Hotel. No curso dos últimos anos, Joaquim Baraona, exclusivamente com recursos próprios logrou construir um empreendimento que sustenta e sustentará todo o desenvolvimento turístico de uma de nossas mais prósperas e convidativas opções de lazer e recreação.

Com toda a infra-estrutura essencial, com parques esportivos, bares, restaurantes, lagos, piscinas, quadras de tênis, muitas flores, muitos pássaros, muito verde, ali está plantado, no círculo de mais de trinta chalés, uma comunidade mesclada pela afinidade com a natureza que cresce dia a dia e se integra a uma vida atraente, saudável, com sabor de pioneirismo.

Este novo padrão vivencial deve-se, sem dúvida, ao esforço e liderança de homens como Joaquim Barona que ao lado dos primeiros optantes isolados – Aécio Bumachar, Antonio Oliveira Santos, Eliezer Batista, Antonio Carlos Ayres, o saudoso Roberto Saletto, o permanente Otaviano Santos, o idealista e estudioso orquidófilo, Roberto Kautsky o empresário José Tavares de Brito, José Oswaldo Bergi, Alevino Basseti, Edgard Rocha Filho e tantos outros, vincaram a montanha com suas esperanças e seus investimentos.

Agora se pode optar pela montanha. Ela não está mais sozinha.

Dezembro de 1980

 

Fonte: Capixaba, sim. (hoje mais do que ontem), 2006
Autor: J. C. Monjardim Cavalcanti
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2016

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