Fotógrafo Cilmar Franceschetto pesquisa comunidade italiana
Cilmar Franceschetto é um fotógrafo, de 25 anos. Iniciou-se na profissão trabalhando com imagens de italianos. Ajustou sua vista ao campo da fotografia antropológica utilizando-se do farto material que o Espírito Santo oferece nessa área. Ele faz isso, aliás, somente isso, desde 1990. É pouco tempo para um fotógrafo. Mas, no seu caso, é muito tempo para quem faz com a intensidade que dedica ao tema.
Cilmar nasceu no Caxixe, uma bela região montanhosa do Espírito Santo que fica no município de Castelo. Viveu a infância com a sonoridade do dialeto italiano aos ouvidos. Conviveu com eles nas suas tarefas de trabalho no campo e nas suas festas religiosas. Gostava muito de seus rituais. "Seus movimentos me instigavam muito", confessa.
A natureza do lugar brilhou sempre nos seus olhos. Seus ouvidos captaram sem cessar a sonoridade dos pássaros, cujas cores sempre atraíam sua atenção. Saiu do Caxixe para estudar, em Vargem Alta. Uma surpresa na escola: descobriu que os meninos não falavam como ele, com o sotaque italiano. Deram-lhe um apelido interessante: Bimbo de Roma.
De Vargem Alta veio para Vitória para estudar Comunicação. Era a primeira vez que deixava o interior do Estado. Além do curso de Comunicação, procurou também estudar italiano. Descobriu a fotografia dentro do curso, achando que tinha, com uma câmera fotográfica, possibilidade de imprimir as imagens que guardou em sua retina.
Assim aconteceu. Depois de formado, começou a fotografar, profissionalmente, pelo Caxixe. Deu vazão a tudo aquilo que havia se acumulado em sua memória. Em pouco tempo, a qualidade do seu trabalho encantou historiadores que pesquisavam a vida dos italianos. Juntou-se a Glecy Coutinho e Agostino Lazzaro.
Por coincidência, o seu primeiro trabalho, nesse campo, foi feito na sua terra natal: Castelo. Fez a fotografia de um livro sobre os italianos de Castelo, destacando, obviamente, sua região, o Caxixe. O material foi tão primoroso que virou exposição fotográfica.
Prosseguiu, de forma compulsiva, fotografando italianos. Fez mais dois livros com a dupla de historiadores com a qual iniciou-se no tema: italianos de Muniz Freire e Venda Nova. Para virar fotógrafo nesse campo, estudou e pesquisou muito. E identifica a origem do italiano do Espírito Santo: "Ele vem de três lugares: do Trento, da Lombardia e do Tirol, sendo de influência germânica".
Sobre a presença do italiano na formação do capixaba, costuma dizer ser um tipo que preservou-se bastante um lado, mas por outro, devido ao fato de ser o contingente de imigrantes mais numeroso, misturou-se também muito, principalmente com as demais etnias européias. Dessa combinação surgiu o biotipo capixaba, que Cilmar fotografou exaustivamente nas regiões de predominância italiana. "Quando eu os fotografo sinto que está havendo uma interação deles para comigo. Estou fotografando gente de minha origem, de minha raça. É uma forma de realização profissional, embora ainda tenha, no meu campo profissional, muito que aprender. Mas, no caso do italiano, é questão de identidade, de cultura própria. Sinto que posso, através da minha lente, valorizá-los. Imprimo suas imagens para a posteridade, para o futuro. Espero, daqui a alguns anos, deixar minhas fotos para servir de busca à identidade do capixaba, que sem dúvida, começa com a minha raça. Quero guardá-los bem para compartilhar com as gerações futuras da beleza da nossa gente".
Fonte: A Tribuna, Caldeamento Capixaba – No biótipo capixaba, maior contribuição foi dos italianos, 30/12/1994
Textos: Rogério Medeiros
Fotos e reproduções: Rogério Medeiros e Cilmar Franceschetto
Produção: Alvaro Pandolpho Chaia
Consultores: Professores Renato Pacheco e Hermógenes Lima Fonseca, do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, e Agostinho Lazzaro (historiador).
Realização: Agência VIX e A Tribuna
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2016
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