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Francisco Gil de Araújo administra bem a Capitania

Ruínas de Nossa Senhora da Conceição - Guarapari

Com Francisco Gil, a Capitania deixa de pertencer a descendentes de Vasco Fernandes Coutinho. Ele foi um empreendedor: fundou novas vilas, construiu e reformou igrejas e fortalezas. E organizou 14 Entradas em busca das pedras verdes

Francisco Gil de Araújo foi um excelente administrador.

Um homem enérgico e bem intencionado podia desenvolver um trabalho importante em terras do Espírito Santo. A oportunidade foi bem aproveitada. Os serviços públicos tomaram impulso, as finanças foram regularizadas, edifícios públicos foram restaurados, o comércio e a agricultura bem cuidados.

O historiador Alberto Lamego, em seu livro A terra de Goitacá à luz de documentos inéditos, dedica um capítulo para falar de Gil de Araújo. Escreve: ... "Veja-se o atestado que em 27 de julho de 1682 passou o Provedor da Fazenda do Espírito Santo em proveito do Capitão Gil de Araújo e onde se particularizam os benefícios que a nova administração acarretara para a Capitania: construção e reforma das fortalezas, o aumento dos efetivos militares, o crescimento da dízima real, a satisfação das dívidas da Capitania, a reforma dos edifícios religiosos e civis e, enfim, a fundação de novas vilas."

Francisco Gil de Araújo fundou a Vila de Nossa Senhora da Conceição (do Guarapari) em janeiro de 1679. Entregou-se também, com grande entusiasmo, à procura das ambicionadas esmeraldas. Promoveu, às suas custas, quatorze entradas à "serra das esmeralda", sendo duas pelo Rio Doce.

Mas suas tentativas fracassaram. As esmeraldas não foram encontradas. Bastante decepcionado, Francisco Gil de Araújo embarcou para a Bahia, onde faleceu em 1685.

Seu nome deve ser lembrado como o de um grande administrador que, entre muitas realizações, não se esqueceu de "dar sepultura decente aos ossos do primeiro donatário, Vasco Fernandes Coutinho".

Com o falecimento de Francisco Gil de Araújo, a Capitania do Espírito Santo coube, por sucessão, a seu filho Manuel Garcia Pimentel, que jamais visitou o território capixaba. A administração passou ao Capitão João Velasco de Molina. E, em 1692, chegou a Vitória Antônio Rodrigues Arzua, bandeirante paulista, trazendo ouro tirado do Rio Casca, que ele considerou território espírito-santense.

Era o começo do ciclo do ouro do qual o Espírito Santo deveria permanecer afastado e em virtude do qual iria ser isolado do resto do Brasil por cem anos, decurso de todo o século XVIII.

Excetuados os dias de Francisco Gil de Araújo, todo o século XVII foi de resultados insignificantes.

Não se fez mais que manter a faixa de praia conquistada pelos pioneiros. Os próprios jesuítas se encapsularam nas suas propriedades rurais, de onde não saíam mais para os trabalhos de catequese.

O Espírito Santo ficaria isolado por um século. Era proibido construir estradas

Na Relação da Província do Brasil, escrita em 1610 pelo padre jesuíta Jácome Monteiro, há notícias de muito interesse para a história do Espírito Santo. Destaca-se o seguinte trecho:

"Daqui dez léguas está a Capitania do Espírito Santo, a qual antigamente foi mui rica, e hoje está quase desbaratada. Tem bom porto, estreito e dificultoso de tomar, havendo qualquer resistência. A Capitania está situada em ilha, cercada em contorno de grandes montanhas ou rochas de pedra viva. Foi povoada por Vasco Fernandes Coutinho, tem oito engenhos de açúcar, as terras são boas, mas os moradores de pouca indústria e pouco trabalhadores. É fértil de madeiras, pau-brasil, real, branco. amarelo: aqui se colhem os bálsamos tão prezados nessas partes, nesta forma: agolpeia-se a casca de umas árvores mui altas e grandes. semelhantes às quais não há nenhuma nesse Reino, mui grossas no tronco, e bem copadas".

Fonte do trecho: Arquivo Histórico Ultramarino - Lisboa, Portugal

 

Fonte: Jornal A Gazeta, A Saga do Espírito Santo – Das Caravelas ao século XXI – 19/08/1999
Pesquisa e texto: Neida Lúcia Moraes
Edição e revisão: José Irmo Goring
Projeto Gráfico:Edson Maltez Heringer
Diagramação: Sebastião Vargas
Supervisão de arte: Ivan Alves
Ilustrações: Genildo Ronchi
Digitação: Joana D’Arc Cruz     
Compilação: Walter de Aguiar Filho, abril/2016

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