Lembranças Inapagáveis - Isaías Ramires
Há pouco tempo, numa croniqueta publicada neste jornal, falei dos bondes, evocando passagens diversas de minha meninice em Vila Velha, neste Estado (sim, porque existem mais cidades com esse nome, embora a minha seja a mais antiga do Brasil), época que ficou marcada em minha vida de maneira indelével, e que, ao relembrá-la, me propicia gostosas reminiscências.
Outra lembrança muito forte que conservo daqueles saudosos tempos, é a da Semana Santa, com a procissão, na sexta-feira, do "Senhor Morto", com o encontro, nas proximidades da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, das imagens de Maria Santíssima e de Seu amado filho Jesus, episódio que arrancava lágrimas de grande número de fiéis.
Havia total respeito àqueles dias santificados, chegando ao ponto das senhoras não varrerem suas casas, e as chamadas "Marias" não pentearem os cabelos. Os sinos ficavam mudos. Só se ouvia o barulho estridente das matracas. As imagens e quadros de santos, nas igrejas e nas residências, eram cobertas de panos roxos. Carne, ninguém comia na quinta e sextas-feiras santas. O prato para esses dias era a chamada
"torta capixaba", feita com frutos do mar, palmito e ovos. Uma delícia!
No sábado de aleluia, pela manhã, vários judas eram encontrados pendurados nos postes pela cidade. A meninada, armada de paus e pedras, aguardava impaciente, que o relógio assinalasse dez horas para o início da malhação. Que algazarra sadia!
Naquela época, tudo voltava ao normal após esse horário. Os sinos repicavam, festivamente, Descobriam-se as imagens de santos. Alegria geral!
Hoje, septuagenário, lembro, com profunda saudade, aqueles recuados e saudosos tempos, onde havia mais religiosidade e respeito, E o sentimento de fraternidade era mais exercitado entre as pessoas.
Rio
Autor: Isaías Ramires
Fonte: Jornal “O liberal Americano” de 02/02/2000 - “Lembranças inapagáveis"
Compilação: Edward Alcântara, maio/2012
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