O terraço inteligente - Uma invenção popular boa para nosso clima
A maior invenção da arquitetura capixaba é o terraço coberto, de uso comum em sobrados e pequenos edifícios, na cidade e na zona rural, em todo o Espírito Santo e até fora do Estado. "Foi uma descoberta genial para o nosso clima quente e chuvoso", diz a arquiteta Cláudia Signorelli, que estudou o assunto durante o curso, concluído em 1990, na Universidade Federal do Espírito Santo.
Em sua pesquisa, que durou três anos, a arquiteta não localizou o autor nem a origem do terraço capixaba. Sem dúvida, o criador não foi um profissional da arquitetura. Trata-se provavelmente do resultado de uma criação coletiva da população. A época do surgimento seria em torno de 1960, pois o terraço só apareceu com materiais modernos, como as lajes pré-moldadas e as telhas de cimento-amianto. Sem contar com nenhuma referência bibliográfica, Cláudia Signorelli concluiu que o terraço capixaba pode ter sido, inicialmente, uma resposta à necessidade do quintal em residências urbanas construídas após o êxodo rural que acompanhou a crise da cafeicultura, na década de 60. Não havendo espaço lateral ou nos fundos, as famílias vindas do campo inventaram o quintal nos altos da residência.
Com o tempo, aquele espaço superior foi coberto para evitar o sol e a chuva. E o vão livre assim criado passou a funcionar eficazmente como um colchão de ar que refresca o interior da habitação. Na maior parte das casas, o terraço é lavanderia, depósito, minihorta e jardim. Em outros lugares, revela possuir múltiplo uso. Em prédios comerciais, pode ser restaurante, academia ou área de lazer. Na zona rural, serve até como secador de café ou careais. Notável invenção para climas quente, o terraço capixaba já faz parte, hoje, da paisagem de Estados vizinhos como Minas e a Bahia. Chegou também à Amazônia, levado provavelmente por capixabas. Em outras regiões do mundo, segundo a pesquisa da arquiteta Cláudia Signorelli, há registro de terraços semelhantes na península ibérica e em países do Oriente Médio, onde esse arranjo arquitetônico já tem cinco mil anos de uso.
Fonte: Os Capixabas, A Gazeta 14/12/1992
Pesquisa e textos: Abmir Aljeus, Geraldo Hasse e Linda Kogure
Fotos: Valter Monteiro, Tadeu Bianconi e Arquivo AG
Concepção gráfica: Sebastião Vargas
Ilustração: Pater
Edição: Geraldo Hasse e Orlando Eller
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2016
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