Pacto entre as elites
As divergências entre as facções elitistas no Espírito Santo foram conciliadas pela habilidade política dos membros da família Monteiro. Segundo o brasilianista Geer Banck, ao estudar a cultura política do Espírito Santo, interpreta os fatos do seguinte modo:
“[...] Jerônimo Monteiro, advogado, filho de importante fazendeiro de Cachoeiro de Itapemirim, estava em plena ascensão. Sua família, tanto por meio de alianças matrimoniais como do poderio econômico, assumira destacada posição política não só no sul como também em nível estadual [...]”.
O bispo do Espírito Santo, Dom Fernando Monteiro, foi o articulador dos arranjos, acordos e conchavos políticos que conduziram seu irmão, Jerônimo Monteiro, à presidência do Estado.
Nas eleições de 1908, o resultado foi expressivo. Jerônimo Monteiro obteve 99,7% de todos os votos. Em uma população estimada, na época, em 250 mil habitantes, havia 8.012 eleitores no Espírito Santo. Deste total, 7.989 votaram em Jerônimo Monteiro. “Alguém afirmou”, diz a historiadora Stella de Novaes, “não foi eleição, mas verdadeira consagração popular”.
“Consagração popular”? Com um eleitorado que representa apenas 3% da população capixaba? Não seria mais adequado dizer “ consagração oligárquica” ou “pacto de elites”? Na verdade, com Jerônimo Monteiro, a elite agrária, em certo sentido, consegue se impor à elite urbana. Foi o desfecho de uma longa e, por um bom tempo o fim das hostilidades.
Conquistado o poder, era preciso tomar medidas para mantê-lo. Ainda em 1908, o presidente Monteiro fundou o Partido Republicano Espírito Santense, que incorporou todas as correntes partidárias de elite. A partir desse momento, pode-se dizer, a oposição foi eliminada ou pelo menos domesticada.
Fonte: História do Espírito Santo – Uma Aborgagem Didática e Atualizada, 1535 – 2002
Autor: José P. Schayder
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2011
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