Panorama da cultura capixaba
O passado é pobre, mas alguma coisa ferve no caldeirão
O Espírito Santo não possui uma cultura típica. Muito menos identidade cultural. O historiador Renato Pacheco explica, conformado, que o Estado passou 350 anos fechado a qualquer tipo de progresso. O isolamento foi rompido no século passado. Em 1850, não havia mais do que quatro núcleos populacionais com 20 a 30 mil habitantes no Estado. Não havia espaço para o desenvolvimento de uma cultura acadêmica, diz Pacheco, que exemplifica o atraso com duas histórias.
Quando Vitória passou a ser uma cidade mais moderna, na primeira década deste século, os capixabas adquiriram um certo complexo de inferioridade, pois tudo vinha do Rio, a capital do país. Como criar uma cultura própria numa cidade onde seus habitantes se dedicavam a imitar os modismos e a vida cultural dos cariocas?
Depois, nas décadas de 20 e 30, o movimento não melhorou em Vitória. Artista era figura rara na cidade, que também desconhecia músicos. Livro, publicava-se um por triênio, sempre com edição carioca. Somente a partir da década de 50, com a decolagem da universidade federal, surgiram verdadeiras oportunidades culturais.
Apesar de ser duro na avaliação do passado cultural capixaba, Renato Pacheco elogia três aspectos positivos no atual panorama do Espírito Santo. Ele observa que o Estado preserva sua cultura popular, tanto que mantém grupos folclóricos autênticos e ativos. Que a cultura capixaba foi enriquecida pela miscigenação de raças. E que evoluiu tanto a ponto de possuir hoje uma cultura de massas, abastecida por uma incipiente indústria cultural.
Não há nenhuma revolução em andamento, mas em quase todas as áreas existe algo novo acontecendo, um panorama bastante animador.
Música
A produção musical capixaba não é rica como a baiana, mas deu uma mão a dois movimentos do Brasil contemporâneo.
Primeiro, com Roberto Menescal, Maísa e Nara Leão, entrou no barquinho da bossa nova. Depois, na década de 60, pegou carona no carrão da música jovem pilotado por Roberto Carlos, que levou longe “Meu Pequeno Cachoeiro”, de Raul Sampaio.
Hoje, em Vitória, há duas gravadoras operando. É a base de um pólo musical que começa a se estruturar.
Fonte: Os Capixabas, A Gazeta 14/12/1992
Pesquisa e textos: Abmir Aljeus, Geraldo Hasse e Linda Kogure
Fotos: Valter Monteiro, Tadeu Bianconi e Arquivo AG
Concepção gráfica: Sebastião Vargas
Ilustração: Pater
Edição: Geraldo Hasse e Orlando Eller
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2016
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