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Postes de eucalipto tratado apresentam vantagens

Postes de eucalipto tratado apresentam vantagens

Por Gilberto Saraiva

A primeira tentativa de utilização da madeira roliça de eucalipto "in natura" como poste foi em 1909, pela "Empresa Telefônica de Rio Claro", que não obteve resultados satisfatórios.

Outra experiência que se tem registro foi realizada no ano de 1916 quando a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, empregou - 1% postes também sem tratamento preservativo, numa linha telefônica. Estes postes apresentaram uma vida média de 6 anos.

Foi somente em 1935 que a Companhia Telefônica utilizou pela primeira vez postes de eucalipto tratado. Estes postes apresentaram uma vida média superior a 10 anos.

No entanto, somente a partir da instalação da primeira usina produtora de postes, operando pelo processo de vácuo-pressão, em 1945, com a crescente escassez de espécies nativas de boa resistência natural e somando ainda o aumento gradativo das necessidades de expansão de redes telefônicas e elétricas, é que o poste de eucalipto tratado foi aos poucos surgindo como mais uma alternativa para o uso de sustentação de redes de eletrificação e telefonia.

Estima-se hoje que os plantios de eucalipto no Brasil cobrem atualmente uma área de aproximadamente 1,5 milhões de hectares. Seus incrementos anuais expressos em metros cúbicos de madeira por hectare por ano, chegam a ser quatro vezes superiores aos incrementos obtidos na Austrália, seu país de origem.

Utilização nas Empresas Concessionárias

Uma questão altamente discutida e questionada e digna de fazer meditar é o fato do Brasil dispor de imensas reservas florestais renováveis, recusa-se a admitir a madeira na grande maioria dos seus traçados e prefere o poste de concreto.

Até o ano de 1970 várias foram as causas apontadas, e ao nosso ver as mais explicativas serão descritas a seguir:

— Os usuários e os fabricantes não possuíam referências quanto aos processos e produtos utilizados. Por falta de normas brasileiras, adotavam normas ou especificações estrangeiras, que nem sempre referiam-se à madeira Eucalyptus ou às condições de uso brasileiras; — Os usuários não tinham condições de realizar um controle de qualidade rigoroso, uma vez que não possuíam retaguarda para discutir suas exigências;

— Disseminada a idéia de que o poste de madeira vive muito poucos anos, sem que os registros disponíveis permitissem concluir a respeito da vida média ou mesmo do decaimento dos valores de retenção do preservativo ao longo da vida;

— Problemas relacionados à estética, freqüentemente, eram citados como obstáculo para a implantação de redes de distribuições urbanas, onde as concessionárias se vêem pressionadas pelas prefeituras e consumidores, a utilizarem postes de concreto por conferirem melhor aspecto visual à rede;

— O ataque por cupins de solo no cerne, contribuiu significativamente para reforçar a imagem negativa sobre o poste de eucalipto;

— O poste de eucalipto fica exposto ao fogo no caso de queimadas;

— Exige grande controle e acompanhamento da Empresa na fase do corte ou abate da árvore, deve ter no mínimo 15 anos, identificação da espécie botânica de fendilhamento e rigorosa seleção de fornecedores, escolhendo os que têm adequados estaleiros de secagem, dispositivos de controle de corte e fendilhamento.

Entretanto a partir de 1970 vários foram os fatores que contribuíram para aumentar o uso de postes de madeira tratada nas redes elétricas, e que podemos citar:

— A Lei 4.979 de 20/10/65, tornou-se obrigatório o emprego de madeira tratada pelas empresas estatais, paraestatais e privadas.

— A Lei 5.106 de 1966, possibilitou a aplicação de tributos federais em projetos de reflorestamento;

— Criação da Associação Brasileira de preservativos de madeiras em 1969, seguida do estabelecimento do convênio entre o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal IBDF, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo IPT e a citada Associação em 1972.

Este convênio propiciou condições de desenvolver um programa de controle de qualidade junto às usinas de preservação de madeiras e fabricantes de preservatórios.

A Escelsa mantém convênio com esses órgãos para acompanhamento do controle de qualidade quando do recebimento do poste:

— Advento das primeiras Normas Brasileiras sobre poste, tratados em 1973;

— Capacitações da indústria brasileira na fabricação e montagem dos equipamentos necessários à implantação de uma usina de tratamento assim como na produção de preservativo de madeira;

— Crise do Petróleo.

Vantagens do Poste de Madeira

Apresentamos algumas vantagens de poste de madeira tratado em comparação ao poste de concreto, quando utilizado como suporte das redes elétricas.

— Por sua grande resistência nos impactos, flexibilidade e menos peso, dispensam o uso de caminhões com braço hidráulico "munck" nas operações de transporte, embarque, desembarque, armazenamento e montagem. Podendo ser realizados por veículos e recursos locais através de mutirões, sendo que estas tarefas tornam-se fator de grande redução dos custos totais;

— Pode ser transportado por arrastamento a praticamente qualquer lugar, mesmo os mais altos e inacessíveis aos caminhões "munck", permitindo, conseqüentemente, o aproveitamento das melhores características do terreno para a execução de grandes vãos. Pela mesma razão, pode ser transportado e manobrado através de áreas cultivadas com um mínimo de perdas na colheita;

— A madeira apresenta um nível básico de isolamento muito maior do que o concreto, uma estrutura de rede elétrica de 500 kV em estrutura de rede elétrica rural é madeira e de somente 75 kV em concreto.

— Uma carreta transporta 55 postes de madeira enquanto transporta em média 25 postes em concreto.

Conclusões

— Em vista das vantagens apresentadas pelo poste de madeira tratada e do melhor controle de qualidade, as empresas concessionárias de energia elétrica vem gradativamente aumentando o seu uso nas redes de energia, principalmente nas redes rurais;

— Nas atuais concorrências, a Escelsa usa um "Fator de mérito" para efeito de avaliação de propostas e decisão de compra de postes de madeira preservada ou de concreto. Este fator de mérito tem reduzido sensivelmente o preço unitário do poste de concreto.

 

Fonte: A Gazeta, 10/04/1986
Autor: Gilberto Saraiva
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2015

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