Produção de café foi a mais beneficiada pela eletrificação
Para avaliar o desempenho, benefícios e necessidades relativas à eletrificação rural no Estado, o Geres pesquisou 2.536 produtores rurais em diversos municípios do Estado. E constatou, através do material coletado, que a produção de café se mostra até o momento como a mais beneficiada pela destinação dos recursos do Funres.
Neste sentido, os municípios mais favorecidos foram os de Colatina, Boa Esperança, Baixo Guandu, Castelo, Conceição do Castelo, Iuna, Muniz Freire e Ibatiba. É que nesses municípios, notadamente entre os situados na região sul, há uma predominância da pequena propriedade rural, o que responde, em parte, pela performance do programa.
O índice percentual de terras inaproveitáveis, dentre as beneficiadas com recursos do Funres, é irrelevante e gira em torno de 3%. E é o café a produção predominante na atividade agrícola, com cerca de 76%. Os 24% remanescentes acham-se distribuídos, principalmente, entre a produção do milho, feijão, arroz e mandioca.
Anteriormente à eletrificação rural, a grande maioria das propriedades beneficiadas não utilizava qualquer tipo de energia alternativa (71%). Tais propriedades encontravam-se marginalizadas das inovações tecnológicas e de quaisquer recursos materiais mais sofisticados.
A rede de energia financiada que maior aceitação obteve foi a trifásica, numa proporção de 55% sobre 45% da monofásica. Esse é um dado importante na medida em que a Escelsa está implementando um programa de eletrificação fundamentado na rede monofásica, cujo custo final de implantação da rede gira em torno de 20% a 25% a menos que a trifásica.
Os benefícios econômicos (iluminação da propriedade, máquinas e equipamentos) e os de natureza social, com o advento da energia elétrica no campo, são consideráveis. No primeiro caso, com elevação da produtividade. No segundo, com maior comodidade e informações importantes, como é o caso da televisão que em nossa zona rural tem servido também como instrumento de trabalho por veicular informações técnicas sobre a produção agrícola e, especialmente, os preços dos produtos.
Outras questões complementares foram observadas, citando-se entre outras: cerca de 69% dos entrevistados julgaram que o programa de financiamento tem como origem recursos do Banestes e do Banco do Brasil. Ao Geres/Funres restou a fatia de apenas 4% do total, o que demonstra uma publicidade inadequada. A maior parte dos beneficiários (45%) tomou ciência do programa através de funcionários do Banestes ou de amigos. A televisão e aos jornais foi reservado o percentual de apenas 2%. Esse dado é relevante, pois vem orientar uma nova forma de direciona-mento da publicidade nas aplicações do Geres. Também não foram detectados problemas na operacionalidade do programa, ao menos em nível relevante.
No que diz respeito à execução do programa, alguns problemas foram registrados. Uns de natureza obrigacional e outros de caráter mais administrativo. Os primeiros se caracterizavam pelo financiamento a alguns produtores rurais (menos de 1% do universo) que não tiveram a rede elétrica ligada à sua propriedade, ainda que por ela já tivessem pago, o que foi providenciado posteriormente.
Na parte administrativa o Banestes aplicou uma pequena parte dos recursos em imóveis destinados ao lazer (0,5% do universo), ferindo os objetivos do programa. O assunto, porém, também foi equacionado mediante o argumento de que o projeto tem, sobretudo, uma natureza produtiva, mesmo tratando-se de propriedade vocacionada para o lazer.
Geres já faz três mil financiamentos
Desde quando iniciou, em 1982, as operações de crédito junto aos produtores rurais do Estado com vistas à eletrificação rural, o Geres já efetivou mais de três mil financiamentos – segundo números registrados até dezembro de 1985 – com recursos do Funres, a custo mais subsidiado de 35% ao ano. O valor máximo de cada financiamento é da ordem de 750 OTN, com prazo de carência de até um ano e amortização de até quatro anos.
Em 1982 foram realizadas entre mini, pequenos, médio e grandes produtores, cerca de 1.009 operações em total de Cz$ 515,5 mil. No ano seguinte foram registradas mais de 746 operações no montante de Cz$ 1,02 milhão, enquanto em 1984 as operações somaram 781 no valor total de Cz$ 2,2 milhões.
No ano passado o total de operações alcançou 696, dentro de uma verba de Cz$ 7,8 milhões. Para o ano em curso, o Geres tem uma previsão de efetuar entre 700 a 800 operações de financiamento, sendo que a verba estimada gira em torno de Cz$ 10 milhões, já deflacionados, pois a previsão inicial implicava no aporte de recursos da ordem de Cr$ 14 bilhões (Cz$ 14 milhões).
Tecnologias
Criado pela resolução “N” nº199/81, de 20/08/81, o subprograma de eletrificação rural tem como objetivo o acesso a crédito visando a introdução de tecnologias de beneficiamento na exploração agrícola, substituir fontes de energia de equipamentos agrícolas, subsidiar a ação governamental com vistas à superação de pontos de estrangulamento da produção do setor, além de criar alternativas para a fixação do homem na zona rural.
A natureza dos empreendimentos apoiados, segundo as normas desse programa operacional, compreende as chamadas derivações secundárias (rebaixamento de tensão e linhas secundárias), complementando os investimentos básicos executados pelo Estado do Espírito Santo na implantação de redes ou linhas - troncos condutoras de energia elétrica para o campo.
Fonte: A Gazeta, 10/04/1986
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2015
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