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Energia - Por Aloísio C. Ramaldes (Engenheiro da Escelsa)

Energia como fator de progresso no meio rural - Fonte: A Gazeta 10.04.1986

A eletrificação rural desempenha atualmente um papel importante na vida social e econômica, com benefícios não somente para a população rural mas, indiretamente, para a população urbana. Contribui para o desenvolvimento da produção e bem estar das comunidades rurais como alavanca do progresso.

A eletrificação rural deve ser entendida como um serviço de utilidade pública com objetivo de atender à comunidade. Atualmente, das 52.663 propriedades rurais do Estado na área de concessão da Escelsa, 40,49% estão eletrificadas correspondendo a 21.326 das propriedades (Fev./86).

Os tipos de atendimento

Os tipos de atendimento existentes na área de concessão da Escelsa são os seguintes:

Rede Trifásica

Constituída de três condutores de fase e um neutro multiaterrado, destina-se ao atendimento de cargas mais significativas que exigem maiores correntes de partida, tais como motores acima de 15 CV.

Rede Monofásica

O sistema monofásico convencional é constituído de um condutor fase e um neutro multiaterrado, havendo pois redução de custos em materiais e mão-de-obra quando comparado com o atendimento trifásico. Atende satisfatoriamente cargas de pequenas e médias propriedades rurais e, com certeza, 90% das propriedades rurais poderiam ser atendidas por tal sistema. A Escelsa tem padronizados, para uso dos consumidores, transformadores de distribuição monofásicos de 5, 10, 15, 25, 37,5 kVA para redes, no geral, em 04CAA. A limitação maior do atendimento monofásico está no dito popular do meio rural que um único fio fase não “passa” corrente (ou não tem “força”) suficiente para suprir pequenos motores até 15CV.

Uma sistemática de orientação às comunidades rurais com distribuição gratuita de manuais orientativos simplificados facilitaria a mudança da conceituação sobre o monofásico e favoreceria o uso racional de equipamentos elétricos no campo.

O custo médio por quilômetro de uma rede monofásica corresponde aproximadamente 64% do custo de uma rede trifásica. Entretanto, face à menor utilização e comercialização, os equipamentos do consumidor são mais caros.

A utilização criteriosa de condutores não-convencionais, como por exemplo a cordoalha de aço, pode reduzir ainda mais os custos das redes.

As características elétricas da cordoalha de aço (3 x 2,25mm. CAZ) limitam seu uso em ramais pequenos até 8 km, motores monofásicos até 10 CV e, em regiões com perspectiva mínima de crescimento.

O condutor 04 CAA (alumínio com alma de aço) tem uma capacidade de corrente de 116A e resistência de 1,37 ohms/km e a cordoalha de aço, respectivamente, 36A e 16,04 ohms/km, o que in-dica restrição ao uso da cordoalha.

Monofilar com Retorno por Terra (MRT)

Constituído de um condutor fase com retorno pela terra, tal sistema apresenta-se como alternativa para reduzir custos na eletrificação rural, ainda que com limitações por permitir suprir cargas de pequenas capacidades com crescimento vegetativo reduzido. Não se pode assumir o sistema MRT como sempre mais econômico que o monofásico convencional pelo simples fato de ter um único condutor, pois para solos com resistividades acima de 100 ohms/km é conveniente uma análise técnica e econômica entre tal sistema e o monofásico convencional, face aos aterramentos necessários à sua operação e a segurança dos consumidores.

Antes de decidir-se sobre o uso do MRT deve-se avaliar as características do solo, considerar adequadamente a demanda a ser atendida e a previsão de crescimento da área. Comparando com uma rede trifásica com o mesmo tipo de poste e condutor, o custo do MRT por km corresponde a aproximadamente 53% do custo do trifásico.

Geração Própria

A participação dos órgãos de extensão rural do governo, na orientação quanto ao aproveitamento de pequenas quedas d'água também é um fator importante na eletrificação rural de pequenas propriedades isoladas acentuadamente distante das linhas existentes.

 

O acentuado índice de eletrificação do Estado

O acentuado número de propriedades energizadas a partir da prioridade dada ai utilização do sistema monofásico em relação ao trifásico como política do governo estadual (63% das linhas são monofásicas — Fev/86), garantiram um dos maiores índices de eletrificação de propriedades rurais para o Estado no país. O Espírito Santo somente foi ultrapassado pelos Estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul e pelo Distrito Federal.

Novos programas

Com o PIER (Programa Integrado de Eletrificação Rural) recentemente proposto, que visa atendimento a novas áreas de consumo definidas pelo governo do Estado, as poucas populações ainda sem energia serão beneficiadas. Para cada consumidor, o governo estadual contribui com 50% dos custos de atendimento, a Escelsa com 10% e o consumidor com os restantes 40%.

Encontra-se em fase final de elaboração o Programa de Adensamento, com objetivo de atender as propriedades rurais situadas ao longo das linhas troncos existentes, adensando o número de consumidores ligados às mesmas.

Dando prioridade para o meio rural como fator de desenvolvimento e de fixação do homem à terra, o governo do Estado através do imposto único (IUEE), conjuntamente com a Escelsa, vem desenvolvendo uma agressiva política de eletrificação com grandes perspectivas de desenvolvimento econômico acentuado em todas as regiões do Estado.

Conclusão

Em qualquer pesquisa que se faça nas Comunidades Rurais observa-se que a eletrificação rural surge como necessidade prioritária, antes mesmo de estradas asfaltadas, telefonia rural, escolas, etc... A reativação econômica do país no meio rural, notadamente agora com o programa de estabilização da economia, traz perspectivas promissoras para aqueles que produzem trabalhando a terra.

Assim, não basta ao pequeno, médio ou grande produtor rural produzir somente, mas adequar as condições de produção através do uso de equipamentos elétricos. A chegada da energia elétrica através das redes de eletrificação rural às comunidades rurais resgata um compromisso do Estado em servir ao povo.

 

Fonte: A Gazeta, 10/04/1986
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2015

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