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Quarto Minguante – Marcondes de Souza e Bernardino Monteiro

Marcondes Alves de Souza e Bernardino de Souza Monteiro

O período de 1912 ao começo de 1920 corresponde ao princípio e ao fim da crise internacional, oriunda da primeira guerra, que rebentou em julho de 1914 e teve armistício em novembro de 1918. Não foram de prosperidade, esses anos, muito ao contrário. Os governos, que presidiram os destinos do Estado, pautaram-se por poupança austera, mantendo em alta escala o bom nome financeiro, que o Espírito Santo alcançara.

O honrado Cel. Marcondes de Souza, que substituiu a Jerônimo Monteiro, limitou-se a dar a última polidura às obras inauguradas no crepúsculo doirado de seu grande antecessor. Como complemento à restauração do Quartel de Polícia, construiu a Vila Militar, dando casa limpa aos oficiais e sargentos.

Nada se podia desejar após conquistados os elementos fundamentais à vida urbana. O tesouro do Estado exigia medicina cautelosa e Marcondes soube ministrá-lo nas horas prescritas.

O Dr. Bernardino Monteiro assumiu o governo no auge da guerra, em 23 de Maio de 1916. Homem de força de vontade e equilibrado, inaugurou a política rodoviária do Estado, verdadeiro milagre administrativo, sob a profunda depressão financeira nacional.

Construiu as estradas de traçado mais difícil do Estado: Santa Leopoldina a Santa Teresa e Castelo a Muniz Freire.

Henrique de Novaes, notável engenheiro sob todos os títulos, estudou-lhes e dirigiu-lhes a construção, não obstante ocupar o cargo de Prefeito da Capital. Essas estradas, modificaram fundamentalmente a estrutura econômica das regiões atingidas. Assim, muito antes do tráfego motorizado na Capital, o interior agreste das montanhas, via sua produção circular, em auto-caminhões.

Henrique de Novaes foi o planejador da expansão e melhoria da cidade. Pouco realizou concretamente por falta de recursos, mas desapropriou grande número de imóveis, atingidos pelo seu projeto de remodelação. Demoliu a velha matriz para construir a Catedral, cujas obras ainda se arrastam. Foi infeliz na escolha do estilo ogival, custoso e difícil.

A previdência desse técnico cachoeirano facilitou, em parte, ao presidente Ávidos, realizar suas obras urbanas, em 1924. Bernardino Monteiro, não obstante sua austeridade como chefe de governo, continuou a feliz iniciativa de Jerônimo, abrindo, em certo dia da semana, à família capixaba, os salões simples e acolhedores de sua residência, concorrendo para formação da vida social da cidade. Todos eram recebidos com simpatia, num ambiente verdadeiramente familiar e amigo.

A cidade inicia, assim, em bom estilo, o cultivo da Vida social e esportiva. As sociedades recreativas, incipientes ou adormecidas, animam-se e crescem. O Clube Vitória e o dos Boêmios passam a ter freqüência diária. As regatas se revigoram em competições festivas e interessantes. A juventude se exercita no jogo do futebol amador, em partidas famosas, disputadas entre os, clubes Vitória e Rio Branco, ambos ambicionando popularidade maior. O Melpômene tem noitadas agradáveis.

Na ante-sala do "Cine Central", orquestra de câmera, se faz ouvir com repertórios vienenses. Vitória se urbaniza intelectualmente. O número de estudantes que cursam escolas superiores, na Capital Federal, é apreciável. A sociedade vai perdendo hábitos provincianos, para se tornar cosmopolita. Trens da Leopoldina e navios da Companhia Costeira, com horários quase que infalíveis, mantêm intercâmbio precioso com a cidade do Rio de Janeiro. Até então o capixaba pouco viajava. Os habitantes dos municípios do Sul do Estado, tributários do Rio, tornam-se freqüentes na ilha vaidosa e progressista.

 

Fonte: Biografia de uma ilha, 1965
Autor: Luiz Serafim Derenzi
Compilação: Walter de Aguiar Filho, dezembro/2016

História do ES

A Ilha do Boi

A Ilha do Boi

Após a chegada de Vasco Fernandes Coutinho, donatário da capitania do Espírito Santo, ele fez a doação de duas ilhas: uma ao fidalgo D. Jorge de Menezes, hoje conhecida por Ilha do Boi, e a outra a Valentim Nunes, identificada por Ilha do Frade

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