Reminiscência 2ª Parte – Memória da cidade de Nossa Senhora da Vitória (1936 -1956)
2 – 1936 A. D.
Nesse ano meu pai tirou um prêmio na Capitalização, fez uma garagem e comprou um carro Opel Olímpia, do “Seu” Dumans, alargando-se minha visão das adjacências vitorienses.
Fizera exame de admissão para o Ginásio Espírito Santo. Doca Pinheiro me disse que eu ia ser reprovado. Passei. E, embora morresse de medo dos mestres – Ericson, Generoso e Guilherme, nesta ordem – lá me vi, neste ano de 1941, em primeiro lugar com direito a medalha, que anos depois o ladrão roubou.
Guarapari, Duas Bocas, Barra do Jucu, Lagoa de Jabaeté – com suas ilhas flutuantes de turfa – Vila Velha onde subi ao Convento e me choquei com o assassinato de uma jovem, prenderam o assassino numa pensão de Argolas. Nova Almeida, onde as filhas do interventor Bley iam passear.
A guerra. Eu e meus amigos éramos anglófilos, mas Orlando Cariello defendia a Itália. O Consulado da Alemanha dava lindas propagandas turísticas, mas ninguém virou casaca.
Longos papos com marujos estrangeiros e Mr. Phillips Saintclair me ensinando inglês através de From facts to Grammar do Major Mattos Ibiapina. Passeios no cais, na estrada do contorno, no Penedo, andarilhos da ilha. Martinés com os filmes em série de Flash Gordon no Planeta Mongo, no Teatro Carlos Gomes, com direito a comprar seis balas na Fábrica dos Marangoni. Um concorrente espalhou:
- “Cuidado, eles são morféticos...” Aos domingos, à noite, volteávamos a Praça Independência, rapazes para um lado, moças para o outra, “flertando” e se desguiando dos bondes que entravam ferrados nas curvas.
Homem não chora, dizia Dona Valentina. Mas que vontade, que vontade de ...
Nota do Site: O Termo A.D. juridicamente significa: A.D. perpetuam rei memoriam - Diligências requeridas e promovidas com caráter perpétuo, quando haja receio de que a prova possa desaparecer; para a perpétua memória da coisa.
Autor: Renato Pacheco
Fonte: Escritos de Vitória, 1- Crônicas, Vitória-ES, 1993
Compilação: Walter de Aguiar Filho,junho/2011
Aos sábados bebemos Martini no Bar Sagres. Temos uma turma de almoços mensais e Zé Leão frusta Paulo Vellozo: - Não gosto de lazanha. E repete, três vezes, o delicioso prato feito pela Clara.
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