Tachinhas e calça de lycra
Na Vitória roqueira da década de 80, três bandas faziam a cabeça da moçada: a Thor – representante dos metaleiros -, a Combatentes da Cidade – a mais inventiva – e Pó de Anjo – a mais new wave. Histórias hilárias, dignas de vídeo cacetadas, aconteciam naqueles eventos.
A Thor, por ser a mais radical, protagonizava a maioria delas. Seus integrantes vestiam-se com calças de couro ou lycra, braceletes, tachinhas e cruzes viradas de ponta para baixo, algo ridículo hoje em dia, mas que na época dava o maior moral. Metade dos roqueiros de Vitória tocaram na Thor, mas o vocalista sempre foi Fábio “Boi” Moreira.
Fábio tinha mania de reclamar do som e sair do palco, no meio do show, para tomar uma cerveja. Mas certa vez, em Colatina, ele se deu mal. Logo na primeira música, pisou em falso no compensado do palco e caiu de maljeito de uma altura de três metros. Quando a introdução da música acabou, o guitarrista Wilson Carrasco e os colegas do grupo olharam para o lado e... cadê o Fábio?
Subitamente, aparecia em seus vídeos duas mãos, nervosas, escalando o palco com dificuldade. A platéia, vendo aquela cena bizarra e achando que fora tudo ensaiado, aplaudia, ensandecida. Fábio, por sua vez, teve de fazer o show com o pescoço duro, olhando para um lado só. O sangue escorria pelos cabelos. “Se Bruce Dickinson sangrou no Rock in Rio, eu sangrei em Colatina”, lembra Fábio. Pode ter sido engraçado para a gente, mas não para ele – no dia seguinte, teve de tomar uma injeção de Voltaren para por o pescoço no lugar.
E quem se lembra do antigo Circo da Cultura, então instalado na Reta da Penha? O show do Combatentes da Cidade transcorria normalmente – até o momento em que o guitarrista Alexandre Lima, avisado da presença de Fábio Boi na platéia, dedicasse ao colega, com segundas intenções, um funk que acabara de compor. Fábio, ofendido em sua honra metaleira, não pensou duas vezes: mandou Lima para aquele lugar.
Havia ainda o Urublues. Com o esquecer do Festival de Alegre em que o vocalista Cauby, tirando um sarro de Lulu Santos – que fez questão de tocar antes do grupo capixaba – iniciou o seu set com um agradecimento ao roqueiro carioca? “Queríamos agradecer a Lulu Santos por ele ter aberto o show do Urublues!”
Falando em Urublues, só mesmo o rock para reunir tantos nomes de bandas engraçados. Já reparou como as bandas capixabas tem obsessão com bichos? É Urublues, Manimal, Lordose pra Leão, Mukeka Di Rato, Barbicha de Bode, Dead Fish, Símios, Miolo de Boi. Alguma big band teria coragem de adotar um nome desses?
Fonte: Crônica de José Roberto Santos Neves
Livro Vitória de Todos os Ritmos – Música e Músicos (Escritos de Vitória), 2000
Compilação: Walter de Aguiar Filho, julho/2012
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
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