Tipos Populares e Tipos Impopulares de Vitória
É bem verdade que até os tipos mais impopulares são populares. Mas não foi bem a isso que quis me referir. Quero dizer que há párias de suave educação diplomática , que conhecem todo mundo, que se entendem com todos e que com todos arranjam a vida; enquanto que outros há, também, que jamais querem se aproximar de um ser humano e que seu traço de união com a humanidade é uma mão estendida, à espera de um auxílio qualquer.
Há uma imensa coleção de tipos populares em Vitória, que qualquer um pode se aproximar, conversar, saber de suas mágoas e de seus problemas: Oto, Meio-Fio, Odilon, Boião (ou Canguru), Buck (ou Nero), Pau-de-Arara, Violão, Samuel, o agitador, e mais alguns outros que não me ocorrem no momento.
A sociedade noturna, que se espalha pelos raríssimos bares e cafés da cidade, não lhes é hostil. Ao contrário. Chama-os a suas mesas, dá-lhes café, cerveja, pão e dinheiro, ou então para divertir-se, ferra com eles terrível discussão (quase sempre política...). E a noite passa, o tempo passa, todo mundo vai para as suas casas, os tipos, porém, permanecem, esperando a madrugada, rondando os mercados, os olhos pesados de sono, o corpo vergando sob o cansaço até que a exaustão os venha jogar num canto de porta, ou os estire numa calçada ou banco de jardim.
Texto de Moreira Cacciari
Revista Vida Capichaba, janeiro de 1957
Foto: Pedro Fonseca
Pesquisa e Compilação: Walter de Aguiar Filho, mar/2011
Conhecendo a história conseguimos entender o nosso tempo
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