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Tourinho, Adorno, metais e pedras preciosas

Mapa de João Teixeira Albernaz, século XVII - Rio Doce e a Serra das Esmeraldas

Idéia fixa nas pedras e metais preciosos, Sebastião Fernandes Tourinho,(20) à frente de quatrocentos homens,(21) entre 1571 e 1573,(22) subiu o rio Doce(23) ou o São Mateus,(24) penetrando fundo na região das pedras verdes. O regresso ao litoral se fez em canoas pelo Jequitinhonha. Considerado o “descobridor das esmeraldas”,(25) Tourinho conseguiu despertar a curiosidade oficial, levando o governador Luís de Brito e Almeida a promover a expedição que, sob a direção de Antônio Dias Adorno,(26) visitou o vale do Mucuri.(27) A bandeira, de 1574, compunha-se de cento e cinqüenta portugueses, quatrocentos índios e tinha a assistência religiosa de dois jesuítas.(28) Mandadas examinar no Reino, as pedras trazidas por Dias Adorno, “se bem que parecessem finas, não interessaram deveras à Coroa”.(29)

E foi assim que começou o maravilhoso capítulo das esmeraldas no Brasil.

 

NOTAS

(20) - “...personagem considerável da Capitania de Porto Seguro, parente dos donatários” (TAUNAY, Hist. Bandeiras, V, 240).

– Diz MÁRIO FREIRE: “Melo Morais afirma que Tourinho era natural da Capitania do Espírito Santo” (Bandeiras, 3).

(21) - BASÍLIO DE MAGALHÃES, Expansão, 51.

(22) - TAUNAY (Hist. Bandeiras, V, 240) diz: “por 1571 ou 1572”; URBINO VIANA (Bandeiras, 133) afirma ter sido em 1573; BASÍLIO DE MAGALHÃES refere-se a 1572 ou 1573 (Expansão, 51).

(23) - Rio Doce – “A origem do seu nome vem de alguns navegantes portugueses que, encontrando no mar água doce defronte deste Rio, a seis milhas da barra, deram-lhe o nome de Rio Doce, pelo qual é hoje conhecido” (VERÍSSIMO COSTA, Viagens, 214).

(24) - ÁLVARO DA SILVEIRA, plenamente abonado por URBINO VIANA (Bandeiras, 131), é de parecer que Tourinho subiu o rio Doce. BASÍLIO DE MAGALHÃES afirma que o sertanista “entrou pelo São Mateus e, subindo um afluente meridional deste, varou depois por terra até à Lagoa de Juparanã, margeando o Rio Doce” (Expansão, 51).

(25) - URBINO VIANA, Bandeiras, 130.

(26) - Neto de Diogo Álvares (o Caramuru)* e de sua mulher Catarina Álvares. Seus pais foram Paulo Dias Adorno (de origem fidalga, pois que aparentado com o duque de Gênova) e Filipa Dias (ou Álvares). “Primeiro casal que se consorciara na Bahia”, escreveu PEDRO CALMON (Hist. Brasil, I, 311). Antônio Dias Adorno era casado com Antônia Fogaça, filha de Diogo Zorilla (Denunciações da Bahia, 389). Recorde-se que o pai de Antônio Dias Adorno fez parte da expedição que, sob o comando de Fernão de Sá, investiu contra os índios de Cricaré (Ver foot-note n.º 41, do capítulo V).

*Em um mandado de seis de setembro de 1552, passado pelo provedor-mor da Bahia ao tesoureiro, lê-se “Diogo Álvares Caramuru” (DH, XIV, 269). Em outro documento de dezenove de julho de 1553, lê-se “Diogo Alves Caramuru” (DH, XIV, 365).

(27) - BASÍLIO DE MAGALHÃES, Expansão, 52.

– FRANCISCO LOBO LEITE PEREIRA afirma que “Antônio Dias Adorno foi o primeiro pesquisador que chegou à Serra das Esmeraldas – um contraforte da cordilheira da Serra Negra, compreendido entre os rios Mucuri, São Mateus e Doce” (Algumas Palavras, 400).

– “Mucur-y, rio das mucuras ou gambás” (SAMPAIO, O Tupi, 271).

(28) - Não obstante a presença dos dois inacianos, essa bandeira escravizou sete mil silvícolas, trazendo-os para o litoral, através das duzentas léguas do percurso (PIRAJÁ, Notas, II, 334).

(29) - CALMON, Hist. Brasil, I, 311.

 

Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, junho/2017

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