TV Gazeta 20 anos – Rose Duarte
Escrever sobre a imprensa capixaba significa, para mim, falar um pouco sobre a TV Gazeta que, completando vinte anos no ar, conquistou definitivamente seu espaço no jornalismo do Espírito Santo.
Não tive a sorte de começar junto com a emissora, mas vim logo depois. Com a autoridade de quem trabalha há quase dezessete anos na empresa, testemunhei e participei das principais mudanças que a emissora provocou no mercado. Mudanças tecnológicas e até mesmo de comportamento no meio jornalístico.
Há quase vinte anos, ser jornalista ainda era ser romântico. Sair todas as noites da redação para passar obrigatoriamente num bar — principalmente o Britz, no centro da cidade — para falar mal da ditadura ou simplesmente colocar os assuntos em dia. Naquela época, os colegas não se importavam com a aparência. Era preciso mesmo que fizesse gênero. Calça Lee — embora a maioria fosse de esquerda — camiseta, sandálias e, para as mulheres, havia a opção das roupas indianas. Todos fumavam. Todos bebiam. Muitos, inclusive dentro das próprias redações. Os medalhões do jornalismo se davam ao luxo de ter um litro de uísque na gaveta.
Diversão e prazer à parte. Todos trabalhavam e muito. Sem hora para chegar — desde que não fosse muito cedo — e principalmente sem hora para sair. O importante era a notícia. O furo. Os palavrões, que chocavam os "focas". Sem dúvida, os jornalistas dessa época tinham muito mais garra, mais idealismo. No finalzinho da tarde, quando retornavam para a redação, era uma festa.
Mas vieram o curso na UFES e a regulamentação da profissão. Foi quando começaram as mudanças. Foi quando a TV Gazeta entrou no ar, abrindo o mercado de trabalho e mudando completamente a aparência do jornalista. Era preciso ser "arrumadinho", seguir um padrão global.
Tive o privilégio de conhecer os dois lados da situação. E, optando pelo trabalho na TV, percebi a mudança no comportamento dos colegas, das autoridades e da própria população. No início, nós da TV éramos considerados apenas gente bonita, bem vestida. Só depois os colegas do jornal começaram a perceber que também havia vida inteligente na televisão. O fascínio da tela logo atingiu a vaidade dos entrevistados. Muita gente — e até hoje isso acontece com freqüência — só dava entrevista depois que chegasse a equipe da televisão, principalmente se fosse a TV Gazeta. E esse veículo mágico conquistou o público. Afinal, era só apertar o botão e lá estavam as notícias, os filmes, as novelas, os comerciais.
Algum tempo depois vieram as outras emissoras e, a essa altura, a televisão já era um respeitável veículo de comunicação, com influência na vida da sociedade e principalmente com credibilidade perante a opinião pública. E, com seu quadro de jornalistas/radialistas bem apresentados, acabou motivando, quem diria — as redações de jornais, onde repórteres, editores, redatores, enfim, todos, passaram a se preocupar com a aparência.
A TV foi mais além. De uns anos para cá, passou a ser objetivo dos estudantes de Comunicação, que entram na faculdade fazendo planos para, quando se formarem, começar a carreira na televisão. Eu só lamento que muitos colegas da velha guarda não tiveram chance, vontade ou coragem para também experimentar esse lado tão fascinante do jornalismo. Sem dúvida, as emissoras de televisão e nós teríamos muito a aprender com o talento deles.
Fonte: ESCRITOS DE VITÓRIA — Imprensa – Volume 17 – Uma publicação da Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal de Vitória-ES.
Prefeito Municipal - Paulo Hartung
Secretário Municipal de Cultura e Turismo - Jorge Alencar
Sub-secretário Municipal de Cultura e Turismo - Sidnei Louback Rohr
Diretor do Departamento de Cultura - Rogério Borges de Oliveira
Diretora do Departamento de Turismo - Rosemay Bebber Grigatto
Coordenadora do Projeto - Silvia Helena Selvátici
Chefe da Biblioteca Adelpho Poli Monjardim - Lígia Maria Mello Nagato
Bibliotecárias - Elizete Terezinha Caser Rocha e Lourdes Badke Ferreira
Conselho Editorial - Álvaro José Silva, José Valporto Tatagiba, Maria Helena Hees Alves, Renato Pacheco
Revisão - Reinaldo Santos Neves e Miguel Marvilla
Capa - Amarildo
Editoração Eletrônica - Edson Maltez Heringer
Impressão - Gráfica e Encadernadora Sodré
Autor do texto: Rose Duarte
Compilação: Walter de Aguiar Filho, janeiro/2018
Plinio Marchini. Escritor e publicista. Dirigiu vários jornais no Estado, estando atualmente à frente do matutino “O Diário”
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