Um manguezal diferente – Rio Piraqueaçu
Dentro de um buraco. Na prática, esta é a localização do manguezal do estuário do Piraqueaçu, que se forma nos últimos 13 quilômetros do rio, e junto com o Piraquemirim, seu afluente, forma o quinto maior manguezal da América Latina.
Ele está dentro de uma falha geológica, ou seja, um buraco gigantesco dentro da crosta terrestre que faz com que o local tenha características diferentes de um mangue comum.
O biólogo Miguel Boss, que promove projetos de educação ambiental na região, explica que a média de profundidade do rio, que é de seis metros, sobe para 17 metros na região do estuário.
A região é o local de maior penetração do mar no Estado, que chega a avançar 22 quilômetros para dentro do rio e essa mesma extensão é margeada pela Mata Atlântica.
“Geralmente os manguezais são planos, mas em Santa Cruz, devido a essa falha geológica, existem morros de até 25 metros que margeiam o mangue”, explicou.
Como esses morros possuem florestas, animais como: gambás, guaxinins, macacos, lontras, cobras e jacarés circulam pelo mangue, o que não é comum em outros locais. Muitos deles acabam sendo atraídos pelos ovos deixados por aves marinhas que se reproduzem na região.
Além desses habitantes nada convencionais, os tradicionais caranguejos, guaiamuns, lagostas, siris e camarões, além de ostras, sururus, garças, papagaios e gaivotas são comuns na região.
Entre os vegetais, as vedetes do manguezal de Santa Cruz são as árvores de mangue vermelho, preto, branco e as samambaias do mangue.
De acordo com biólogo e ecólogo André Ruschi, o rio é rico em nutrientes, o que favorece a desova de mais de 150 espécies de peixes, entre eles: robalos, tainhas, vermelhos, siriobas e carapebas.
O manguezal está dentro de uma área de preservação permanente e faz parte da Reserva Ecológica dos Manguezais Piraqueaçu e Piraquemirim.
TURISMO
A boa profundidade da água permite ainda a navegação de barcos maiores, um prato cheio para os turistas que descobrem o prazer de mergulhar nas águas do manguezal, além da comodidade de bares flutuantes e passeios de escuna.
Todos os anos o município de Aracruz atrai milhares de turistas que, além do estuário do rio, procuram as 12 praias que se distribuem pelos 47 quilômetros de litoral.
Aldeias de índios ficam às margens do rio
“O rio é muito importante para a comunidade. Pescamos muito e tiramos o alimento deste rio.” As palavras são do cacique da tribo guarani da aldeia Piraqueaçu, Caraí Peru.
A tribo de Caraí é a que vive mais próxima do rio e a que mais depende dele para o sustento de cerca de 70 pessoas. Há ainda outras duas tribos que vivem na região: a de Três Palmeiras, com 42 famílias, e a Boa Esperança, com 19 famílias.
Caraí Peru lamenta que hoje já não seja possível pescar com as tradicionais lanças, já que a água não é mais tão clara, e reclama que muitos pescadores usam redes durante a noite e barcos com motor, pegando peixes pequenos e espantando os cardumes. De olho nos turistas, os índios planejam abrir um restaurante especializado em culinária indígena.
Botos também aparecem
Não são apenas os turistas que gostam de visitar o rio Piraqueaçu. Há visitantes, raros em outras regiões, que freqüentemente passeiam pelo local. São os botos cinzas (Sotalis fluviatis), na verdade golfinhos, que aparecem principalmente durante o verão para alegria dos visitantes.
Fonte: A Tribuna, Suplemento Especial Navegando os Rios Capixabas – Rios Riacho, Rio Piraqueaçu, Rio Reis Magos, Rio Jacaraípe - 12/08/2007
Expediente: Joel Soprani
Subeditor: Gleberson Nascimento
Colaborador de texto: Anderson Cacilhas
Diagramação: Carlos Marciel Pinheiro
Edição de fotografia: Lucia Zumash
Compilação: Walter de Aguiar Filho, setembro/2016
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