Força do rio movimenta a economia – Rio Doce
Por onde passam as águas do rio Doce, em toda a sua extensão (875 quilômetros), há atividades econômicas que se destacam em vários níveis, cuja projeção muitas vezes vão além dos limites regionais. Sua força se mostra, entre outros, nos campos da mineração, siderurgia, hidrelétricas, indústria de celulose e agroindústria.
O maior destaque é para a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), uma das maiores companhias mineradoras do mundo, cujo próprio nome já é referência às suas origens. A empresa está presente em 13 estados e em cinco continentes, opera mais de nove mil quilômetros de malha ferroviária e 10 terminais portuários próprios.
Líder na produção e exportação de minério de ferro e pelotas, a Vale é uma importante produtora global de concentrado de cobre, bauxita, alumínio, potássio, caulim, manganês e ferroligas.
Fundada em 1942 pelo governo federal, a empresa foi privatizada em 1997. O processo de pelotização do minério é feito na planta industrial de Vitória.
E a maior empresa de celulose do Brasil, a Aracruz Celulose, também usa água do rio Doce, por meio de um canal construído há alguns anos e que leva água até a indústria, em Aracruz.
De acordo com o secretário executivo do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH Doce), Vitor Feitosa, cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais (Vale do Aço) e outros 25% do PIB capixaba (pólos moveleiros, petrolífero, celulose, de confecções e de granito) recebem influência direta do rio e dos seus afluentes na execução das suas atividades produtivas.
Agregado a isso, segundo ele, a logística da bacia do rio Doce é fundamental, já que diversos portos estão na sua área de abrangência. O escoamento das exportações da região é feito pelos portos de Vitória, Tubarão, Portocel e Ponta de Ubu, no Estado, e pelo porto do Rio de Janeiro.
“Além de ser o mais importante do Espírito Santo, ele abastece 28 cidades do Norte capixaba. Trabalhar pela sua recuperação é garantia de água com qualidade, o que viabiliza as possibilidades de desenvolvimento”, defendeu Feitosa.
Energia limpa de hidrelétricas
As hidrelétricas geram energia de forma limpa, isto é, não emitem gases que contribuem para as mudanças climáticas do efeito estufa.
No rio Doce e seus afluentes existem dezenas de usinas de pequeno, médio e grande porte, mas duas delas têm papel fundamental no abastecimento dos municípios do Norte do Espírito Santo.
São elas: as hidrelétricas de Aimorés e Mascarenhas. Após um ano de funcionamento, a Usina de Aimorés – que é gerida pelo consórcio formado pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) – dispõe de pontecial para abastecer uma cidade com um milhão de habitantes.
“E o rio ainda tem potencial para gerar mais energia elétrica. Cuidar bem dele significa gerar energia limpa, principalmente num momento em que vivemos com o problema do aquecimento global”, lembrou o gerente de Recursos Hídricos do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), Fábio Ahnert.
A cidade de Itueta (MG), que é vizinha do município de Baixo Guandu, foi relocada para a construção da Usina de Aimorés. A nova localização foi escolhida pelos cerca de 1,2 mil habitantes, e ficou distante oito quilômetros da antiga sede.
Foram várias as compensações e os benefícios que a nova cidade de Itueta recebeu.
As principais atividades econômicas
• Grandes empreendimentos de mineração (jazidas de minério de ferro, ouro e pedras preciosas);
• Empreendimentos de reflorestamento com a monocultura de eucalipto;
• Pólo siderúrgico de grande porte;
• Indústria de celulose;
• Produção de petróleo e gás natural;
• Cafeicultura e fruticultura direcionadas à exportação;
• Geração de energia elétrica;
• Produção de laticínios, tecidos, móveis e de granito;
• Comércio e serviços nos centros urbanos;
• Agricultura e pecuária de leite e de corte, suinocultura e cana-de-açúcar.
O potencial energético
Usina Municípios Capacidade de geração
Aimorés Aimorés 300KW
Resplendor
NovaItueta
Baixo Guandu
Mascarenhas Baixo Guandu 104KW
Aimorés
(*) Os dados são de 2003
Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
IDH alto em 21 das 28 cidades capixabas
Das 28 cidades do Espírito Santo que recebem influência do rio Doce, 21 delas apresentam o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – estudo que leva em conta aspectos como educação, renda e expectativa de vida – acima de 0,70, que é uma indicação de boas condições de vida da maioria da população. O elevado nível de urbanização dos cinco maiores municípios capixabas na bacia do rio Doce leva a uma maior concentração da população nas cidades. Ainda assim, em torno de 200 mil pessoas vivem na zona rural.
Predominância de pastagens e lavouras
Com o território formado em grande parte por pequenos municípios onde a agropecuária (pastagens e lavouras, principalmente o café) é a atividade econômica predominante, a bacia do rio Doce dispõe de cerca de 100 mil propriedades rurais, a maioria delas média e pequenas.
Apesar de concentrar riquezas naturais, o contraste está na qualidade de vida da população, já que a precariedade dos serviços de educação, saúde e saneamento básico fazem parte do dia-a-dia da maioria dos 230 municípios da bacia.
Ferrovia trouxe progresso
A Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM) teve papel fundamental na ocupação da bacia do rio Doce e ainda hoje é elemento chave no desenvolvimento da região, já que o escoamento das exportações é feito pelos portos de Vitória, Tubarão, Portocel e Ponta de Ubu, no Estado, e pelo porto de Rio de Janeiro.
A EFVM sai de Vitória e segue às margens do rio Doce até chegar a Belo Horizonte (MG). Ela transporta minério de ferro e passageiros. Pelos seus vagões chegam a circular cerca de 1.350 pessoas diariamente.
Administrada pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), ela cobre hoje apenas 3,1% da malha ferroviária, mas transporta cerca de 40% de toda a carga dos trens no País.
É considerada a mais importante e moderna ferrovia brasileira e uma das mais eficientes do mundo. Transporta cerca de 100 milhões de toneladas de minério de ferro por ano no trecho Itabira-Vitória (555 km).
Rio Doce é estratégico para o Estado
O coordenador do Laboratório de Gestão de Recursos Hídricos e Desenvolvimento Regional (Labgest) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), professor Edmilson Teixeira, afirma que o rio Doce é estratégico para o Estado.
“Por ter um maior volume, o rio Doce será indutor de desenvolvimento”, diz. E acrescenta: “A região da Grande Vitória está no limite da sua capacidade de consumo. É fundamental aos capixabas negociarem bem o uso da água com os mineiros para que a falta dela não seja um gargalo ao desenvolvimento”, destaca Teixeira.
Fonte: A Tribuna, Suplemento Especial Navegando os Rios Capixabas – Rio Doce - 01/07/2007
Expediente: Joel Soprani
Subeditor: Gleberson Nascimento
Colaborador de texto: Nelson Gomes, Wilton Junior e Lívia Scandian
Diagramação: Carlos Marciel Pinheiro
Edição de fotografia: Sérgio Venturim
Compilação: Walter de Aguiar Filho, setembro/2016
Para impedir o contrabando de ouro era proibido navegar pelo rio Doce, por isso o progresso chegou mais tarde ao interior
Ver ArtigoVinte e oito municípios do Espírito Santo estão ligados ao rio Doce, que precisa de ajuda para superar os problemas
Ver ArtigoProblemas do rio Doce colocam do mesmo lado sociedade civil e poder público para busca de soluções
Ver ArtigoO IV Fórum das Águas do Rio Doce, programado para abril de 2008, vai ter participação de vários países
Ver ArtigoNuma iniciativa inédita, órgãos ambientais do Espírito Santo, Minas Gerais e governo federal trabalharão juntos pelo rio Doce
Ver ArtigoPasseio ecológico na foz de Regência deu origem à Descida do Rio Doce, num percurso de 154 quilômetros
Ver ArtigoO processo de desertificação pode afetar 38 municípios do Estado em 2025, a maior parte situada na área da bacia do rio Doce
Ver ArtigoOs profissionais que vivem às margens do rio Doce avisam que algumas espécies de peixes estão em extinção
Ver ArtigoNa usina hidrelétrica de Aimorés foi montado sistema que permite aos peixes subirem o rio para desova
Ver Artigo