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Rio Doce, o gigante pede socorro

São 875 quilômetros de extensão em dois estados, Espírito Santo e Minas Gerais, com 230 municípios em sua área e abrangendo mais de 3,5 milhões de pessoas. Esse é o rio Doce, um dos principais e maiores rios brasileiros, responsável diretamente pelo sustento de milhares de famílias, pelo desenvolvimento econômico de regiões em seu entorno, de uma beleza sem medidas, mas que por conta da ação dos homens precisa de ajuda para superar problemas que colocam em risco sua própria existência, apesar de sua grandeza.

Assoreamento, devastação das florestas em suas margens, principalmente para abertura de pastagens, pesca predatória, contaminação por esgotos domésticos e industriais estão entre os principais fatores que têm reduzido as condições de vida do rio Doce.

Mas se o homem destrói, ele também é capaz de reconstruir. E inúmeras ações em campos governamentais e parlamentares, iniciativas de Organizações Não-Governamentais (ONG’s) e atitudes individuais criam a expectativa de que o rio Doce pode voltar a ser como antes.

Com nascentes em duas regiões de Minas Gerais (as serras da Mantiqueira e do Espinhaço), o rio serpenteia até chegar em Regência, distrito de Linhares, onde ele se encontra com o Oceano Atlântico. A maior parte de sua existência é mineira (86% e 202 municípios).

No Espírito Santo, seu curso principal passa por Baixo Guandu, Colatina, Marilândia e Linhares, mas a abrangência de sua bacia é de 28 municípios. Dentro do Estado, o rio tem extensão de 154 quilômetros.

A sua vazão média, na foz em Regência, é de 1.139 metros cúbicos por segundo e tem seu período de cheia entre outubro e março, e seca de abril a setembro.

Até mesmo por conta do processo degradativo, principalmente decorrente do assoreamento, a população ribeirinha conhece bem a força das águas desse rio. Algumas enchentes se tornaram famosas, por desabrigar milhares de famílias e provocar mortes, sendo as principais as de 1949, 1979, 1985, 1997 e 2000, sendo das quais a mais forte de todas a de 1979.

Em sua bacia houve forte crescimento industrial e de mineração (Companhia Vale do Rio Doce, a maior do País no seu ramo, surgiu em seu entorno) e agropecuário, entre outros.

Também vale ressaltar sua força de geração de energia. No Estado, por exemplo, há instalada a Usina Hidrelética de Mascarenhas (em Baixo Guandu), e, em Aimorés (MG), divisa com o Espírito Santo, a Vale construiu a Usina Hidrelétrica de Aimorés.

Informações Gerais

Extensão total

875 quilômetros (de Minas Gerais à foz em Regência, Linhares)

Extensão no Espírito Santo

154 quilômetros

Área de drenagem total

83.400 quilômetros quadrados

Área de drenagem no Espírito Santo

13.807 quilômetros quadrados

Municípios da bacia

230 (202 em Minas Gerais e 28 no Espírito Santo)

População na área da bacia

3,5 milhões de pessoas

Principais afluentes no Espírito Santo

Rios Guandu, Pancas, Santa Joana, Santa Maria do Rio Doce e São José

Como se divide

• Alto Rio Doce – Das nascente até o encontro com o rio Piracicaba)

• Médio Rio Doce – Da confluência dos rio Doce/Piracicaba até a divisa Minas Gerais/Espírito Santo

• Baixo Rio Doce – Da divisa Minas Gerais/Espírito Santo até a sua foz em Regência (Linhares), onde o rio chega ao Oceano Atlântico

Municípios banhados diretamente pelo rio Doce no Espírito Santo

Baixo Guandu, Colatina, Marilândia e Linhares

Municípios que também integram a Bacia do rio Doce

Águia Branca, Alto Rio Novo, Baixo Guandu, Brejetuba, Governador Lindenberg, Ibatiba, Ibiraçu, Itaguaçu, Itarana, Iúna, Jaguaré, João Neiva, Laranja da Terra, Mantenópolis, Nova Venécia, Pancas, Rio Bananal, Santa Teresa, São Domingos do Norte, São Gabriel da Palha, São Mateus, São Roque do Canaã, Sooretama e Vila Valério

Animais de suas margens

Mutum, macuco, gavião-real, onça pintada, onça parda, sauá, macaco-prego, muqui, tatus (canastra, galinha, peba), capivara, anta, paca, cotia, quati, ouriço cacheiro, veado, cachorro do mato, raposas, lagartos, ariranhas, lontra, macaco barbado, jaguatirica

Principais peixes  

Robalo, traíra, acará, piabanha, morobá, junidá, curimba, bagre africano, carpa, tilápia, pitua, cascudo e moréia

Flora

Quatampu, angico, argelim, jacaraná, cedro, caroba, açoita-cavalo, pau de tamanco, peroba, aderno, pitomba, jatobá, orquídea, bromélia, palmeira, umbaúba, quaresmeira, coité, copaíba, cobi, ingá, gameleira, araribá, parajú, tamarindo, figueira, sapucaia, cácia, jenipapo, paineira, jequitibá, ipê, araçá e inoíba

Atividades econômicas

Mineração, siderurgia, celulose, agroindústria, laticínio, hidrelétrica, agricultura, pecuária, apicultura, confecções, olarias, turismo rural, produção artesanal de bebidas

Principais problemas

Desmatamento, remoção da mata ciliar, contaminação por esgotos domésticos e industriais, drenagem para irrigação e uso industrial, destruição das margens para mineração, contaminação por mercúrio, caça e pesca predatória, contaminação por agrotóxicos, queimadas, ocupação desordenada do solo e falta de abastecimento de água potável em diversas aglomerações urbanas e comunidades rurais

Conseqüências

Erosão acelerada, redução de vazão nas secas, afetando a vida aquática e comprometendo o abastecimento

Subsolo

Amianto, argila, mica, pedras coradas (semi preciosas) e outras

Fontes: – Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema)

– Atlas Escolar da Bacia do Rio Doce, do Projeto Águas do Rio Doce

– Site do Serviço Colatinense de Meio Ambiente e Saneamento Ambiental (Sanear)– www.sanear.es.gov.br/riodoce

– Site da Agência Nacional de Águas (www.ana.gov.br).

 

Fonte: A Tribuna, Suplemento Especial Navegando os Rios Capixabas – Rio Doce - 01/07/2007
Expediente: Joel Soprani
Subeditor: Gleberson Nascimento
Colaboradores de texto: Nelson Gomes, Wilton Junior e Lívia Scandian
Diagramação: Carlos Marciel Pinheiro
Edição de fotografia: Sérgio Venturim
Compilação: Walter de Aguiar Filho, setembro/2016

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