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Viagem ao Espírito Santo (1888) - Princesa Teresa da Baviera (PARTE IV)

Ponte na Província do Espírito Santo

O dia mal havia amanhecido quando levantamos, e ficamos impacientes com a dificuldade de nos orientar quanto à posição do nosso alojamento noturno. Encontrávamo-nos numa região relativamente montanhosa, a casa que nos hospedou se localizava perto do rio, numa margem alta, e todas as elevações em volta estavam cobertas de árvores. Aqui a natureza não nos oferecia nenhum atrativo. Às 6 e meia da manhã já estávamos montados na sela para cavalgar até o Porto do Cachoeiro, o porto da Colônia de Santa Leopoldina. Nosso caminho seguia pela serra do Mangaraí e seguimos na maior parte das vezes pela margem direita do rio Santa Maria, subindo na direção noroeste. Aqui as margens estavam cobertas por uma bela e abundante vegetação em comparação ao curso inferior do rio.

A paisagem não tinha nenhum caráter marcante e elevações cobertas de plantas acompanhavam os dois lados do caminho estreito em que cavalgamos. O modesto arvoredo dos declives era composto de uma mistura de indaiá (Attalea indaya Dr.) e coqueiros com folhas realmente enormes. Um jenipapeiro (Genipa americana L.), rubiácea arbórea que fornece aos indígenas um corante preto-azulado, chamou a nossa atenção. Lantanas (Lantana camara L.)(40) de flores amarelo-avermelhadas, cuja altura era muito superior à dos nossos cavalos, elevavam-se sobre o caminho. Buganvílias ou primaveras (Bougainvillea spectabilis Willd.)(41) que se erguiam entre os arbustos, jogavam suas exuberantes folhas involucrais, de cor vermelho-escura sobre o verde das plantas de apoio, como se fossem um manto de cor púrpura. Em lugares onde não havia mata, os temidos cupins construíram ninhos em forma de cones amarelados, que mediam mais de um metro.

Algumas fazendas isoladas se grudavam nas costas das montanhas e cafezais isolados se estendiam ladeira abaixo. As pequenas plantas de café estavam maravilhosas em suas inflorescências brancas como a neve ou no vermelho das frutinhas que apareciam por debaixo da folhagem escura. Inúmeras laranjeiras cobertas de flores nos enviavam de longa distância o seu aroma. Anus (Crotophaga ani L.), pássaros de um preto-azulado reluzente, chamados de cucos, de rabos longos em forma de leque, voavam de árvore em árvore. Canários (Sycalis flaveola L.), os machos de plumagem mais amarela, as fêmeas de plumagem com mistura de marrom e verde, saltitavam para lá e para cá no solo. Grande quantidade de bem-te-vis, de plumagem marrom, cinza e amarela, que, pelo modo de aparecimento provavelmente eram Pitangus sulphuratus L., estavam afoitos à procura de alimento. No meio dos arbustos havia um pássaro muito bonito, com bico comprido e preto, asas com brilho verde-dourado, dorso de mesma cor, barriga marrom-avermelhada e o peito coberto parcialmente de uma plumagem de cor azul brilhante. A mim me pareceu se tratar de um Galbula rufoviridis Cab., que me interessava particularmente, pois foi o primeiro representante da família dos pássaros brilhantes, cujo aparecimento se restringe à América do Sul, que se apresentou diante dos meus olhos.

Ao fundo podia ser vista, ora aqui, ora ali, uma serra. Várias vezes tivemos que cavalgar por rios e pequenos córregos, pois aqui as pontes eram um luxo desconhecido. No momento da divisão dos cavalos, coube-me um troteador e consegui me acertar muito bem com seus movimentos. Mas a sela, ao contrário, era insuportável. Na parte da tarde, troquei-a por uma sela melhor, mas a dor muscular que ela me causava certamente ainda sentirei por alguns dias. Depois de duas horas, talvez um pouco mais, chegamos em Porto do Cachoeiro, que se agrupa em volta dos declives, à semelhança de um povoado do Tirol. Essa vila é sede do município de Cachoeiro de Santa Leopoldina. Ela se situa a 52 km de Vitória, na corredeira inferior do rio Santa Maria. Até esse ponto o rio pode ser navegado de canoa, mas, na verdade, ele se torna maior somente algumas horas mais para baixo do emboque do rio Mangaraí. Em épocas em que o nível das águas esteve alto, até navios a vapor chegaram a navegar por suas correntezas.

Com a chegada a Porto do Cachoeiro, havíamos chegado à antiga colônia de Santa Leopoldina. Era uma das colônias fundadas em 1856 pelo governo, em cujo território vivem atualmente 11.000 pessoas(42). Essa população é constituída de tiroleses, alemães, suíços, holandeses, belgas, franceses, italianos, poloneses e luso-brasileiros. Depois que os primeiros camponeses tiveram que lutar contra muitas adversidades, parece que as pessoas do lugar usufruem agora de uma vida no mínimo modesta, sendo para alguns até mesmo confortável. Com o apoio do governo da província, ocorrem contínuas imigrações. No ano passado, em 1887, foram demarcadas algumas centenas de porções de terra na ex-colônia de Santa Leopoldina, destinadas em parte a novos imigrantes ou a filhos de antigos camponeses, luso-brasileiros, e outros lotes para camponeses, cuja porção de terra já não era suficiente para a família que havia se tornado muito numerosa.

Em Porto do Cachoeiro paramos na residência de um comerciante alemão e sua esposa, que nos receberam calorosamente e não queriam que prosseguíssemos viagem hoje. Mas como estávamos com muita pressa, não houve como aceitar o convite hospitaleiro. Ao contrário do clima de Santa Leopoldina, conhecido como muito bom, não tivemos o mesmo conceito em Cachoeiro. Por volta das 13 horas, o termômetro marcava 27°C e, apesar da falta de sol, do temporal e da chuva, o calor dessa tarde foi opressor.

Finalmente, depois de pedirmos muito, saímos às 16h30 min em direção a Santa Teresa. O nosso hospedeiro, o sr. Hess, não deixou por menos e quis nos acompanhar até lá. Tínhamos à frente uma cavalgada de seis horas e meia, cinco das quais, em virtude da saída tardia, tivemos que percorrer à noite. Em pouco tempo, o rio que espumava sobre as rochas e a localidade situada entre as encostas das montanhas ficaram na baixada atrás de nós. No início, a trilha subia íngreme, seguindo para as montanhas. Palmeiras de folhas emplumadas, inúmeros pés de café marrom-escuros carregados de frutos ressequidos e centenas de outras espécies de plantas cresciam em ambos os lados do caminho. Olhando da parte alta para baixo, a visão do vale montanhoso era ainda muito bonita. A seguir, chegamos a um terço da altura de uma encosta íngreme, diante da qual descia um declive igualmente íngreme. Os dois declives se uniam num ângulo pontudo, não permitindo que entre eles se desenvolvesse nenhum trecho de planície. A vegetação se tornava cada vez mais abundante. Árvores de fetos, das quais existem três espécies no Brasil, principalmente da espécie alsofila (Pteridóferas arborescentes), abanavam as folhagens graciosas e abundantes nas laterais do caminho. Parecia que havíamos voltado milênios no tempo, tendo diante de nós uma paisagem da época do carvão de pedra. As enormes folhas das palmeiras de indaiá (Attalea Indaya Dr.)(43) se sobressaíam no meio da abundância das plantas que ali vicejavam. Taquarais, ou seja, uma vegetação de bambus(44) cobriam os declives. Grandes troncos de cipós retorcidos semelhantes a cordas para navios, possivelmente da família das Aristolachiacieae, aspiravam ao alto. Aqui nos encontrávamos numa verdadeira mata virgem, a autêntica mata virgem costeira, que se diferencia da Hileia(45) pela riqueza em fetos (pteridóferas) e bambuzais. Pois embora ali, pelo menos no caeté(46), não faltem nem os fetos arboríferos (Cyatheaceae), nem as gramíneas de bambus (Bambusaceae), estes não contam para a característica da paisagem por haver menos espécies e indivíduos. Em contrapartida, nessa parte da mata virgem as ramagens de cipós de beleza singular e as fantásticas ramagens de outras plantas que encantam o olhar na Hylaea geralmente nem são encontradas e, se encontradas, apenas em quantidades muito discretas. E nossa viagem prosseguia cada vez mais mata adentro. Ora os bambuzais se fechavam sobre nós à semelhança de um teto, ora aparecia um pequeno desfiladeiro com vegetação fechada, ora à nossa direita o terreno se estendia barranco abaixo num verdadeiro caos de folhagem verde. Da miscelânea de plantas erguiam-se, majestosas, algumas árvores gigantescas, praticamente despidas de galhos. Nos cantos dos galhos haviam bromélias de flores vermelhas. Aroides(47) semelhantes a tarros(48) com folhas tão grandes como jamais havíamos visto nessa família de plantas, presumivelmente alguns tipos de caládios(49) sobressaíam da vegetação fechada. Bem no alto, no cimo de uma árvore, aglomerava-se uma trepadeira extremamente graciosa com flores cor-de-rosa, certamente uma das bignoniáceas tão frequentes nessa parte do Brasil. No declive à nossa esquerda, avistava-se uma casinha solitária. Dizia-se que o morador dessa casinha, um brasileiro, havia sido muito rígido com os seus escravos, tendo mandado trancafiálos e torturá-los. De acordo com a crendice do povo, a sua mãe o havia amaldiçoado por causa de seus atos e o infeliz havia decaído totalmente e, além disso, fora acometido da elefantíase (Elephantiasis Graecorum)(50).

A trilha estreita, que permitia apenas a cavalgada em fila, era, às vezes, indescritivelmente ruim. O solo estava muito lamacento e muitas vezes tivemos que passar por verdadeiros atoleiros. Foi aqui que conhecemos pela primeira vez os malfadados pilões, que representam para os viajantes uma verdadeira tortura de esforço e cansaço. Esses pilões são rachaduras no solo que atravessam o caminho, como sulcos feitos pelo arado, cujas partes mais altas consistem de degraus arredondados e valas atravessadas, sendo as mais profundas semelhantes a valas de esgoto sem base de apoio. Esses tipos de escada na terra são produzidos pelas próprias mulas de carga, as chamadas tropas. Cada animal de carga mantém exatamente a trilha feita pelos animais antecedentes e, desse modo, nas épocas de chuva, em pouco tempo eles formam os mais profundos buracos no solo macio. Entre os buracos naturalmente se formavam elevações, valas atravessadas e escorregadias, que não eram pisoteadas pela tropa seguinte para que se unissem novamente, já que não oferecem nenhuma segurança para as patas dos animais. E é desse modo que as patas dos animais somente entram nas valas, e as valas se tornam cada vez mais profundas e os degraus arredondados cada vez mais altos. É uma situação sem perspectiva de melhoria. Os pobres animais escalavam, tropeçavam, escorregavam por cima desses pilões de modo que pensávamos a cada momento que cavalos e cavaleiros cairiam no chão. Nesses trechos nem se podia pensar em avançar rapidamente e ficávamos felizes cada vez que um deles era superado sem acidentes. Além disso, tivemos que passar por um grande número de pontes e pontilhões aos quais não estávamos acostumados no Brasil e muitos dos quais se encontravam em bom e outros em péssimo estado. Em alguns lugares as pontes haviam caído e tivemos que atravessar o rio, passando ao lado delas.

Na maior parte das regiões do Brasil praticamente nada é feito no tocante à construção de pontes. Ninguém pensa num reparo das relativamente poucas pontes existentes e, por isso, mesmo representando perigo de morte, elas são usadas até caírem. Então as tropas passam novamente por uma vala, como anteriormente, até que esta se torne inutilizável pelos atoleiros formados em ambos os lados, ou pelas poças profundas, enquanto se espera a construção de uma nova ponte.

Enquanto contávamos com a luz do sol, ainda era possível suportar esse estado primitivo das estradas. Mas a partir das 6 horas da tarde, já era noite escura. Então, tanto pessoas como animais se sentiam mais inseguros ainda a cada vez que o caminho oferecia mais uma vez os tais pilões ou pontes sem parapeito, atravessando vãos e ladeando precipícios. O guia, que cavalgava à nossa frente, havia acendido uma pequena lanterna, fixando-a em seu estribo. O fraco brilho nos mostrava mal e mal a trilha que devíamos seguir. Apesar dessa iluminação tão precária, o guia havia parado numa alta ponte de madeira, que só tinha o começo e o fim, e em cujo centro um nada muito escuro nos esperava. Mais um passo e nosso hospedeiro de Porto do Cachoeiro teria caído no rio. Agora se tratava de procurar pela passagem no meio da escuridão. O rio era fundo e largo, e a água respingava em volta dos animais, chegando até nossos corpos. Mas esses momentos não perturbaram o romantismo da cavalgada solitária no meio da mata virgem. Assim que escureceu, num repente, começou o concerto de mil vozes da mata virgem, que não havíamos mais ouvido desde o Amazonas.

 

In dem Urwald tönt der Ruf der Nacht,

Grillen zirpen, heulend brüllt der Affe, Hammerschmied und Klöppler sind erwacht,

Klagend schreckt der Frosch aus tiefem Schlafe

Ein Konzert wie Geisterspuk wird laut

Und begleitet mich auf meinen Wegen(51).

 

Várias espécies de anuros afinavam suas ferramentas vocais. Aqui era uma rã das moitas, possivelmente a Hyla marmorata Laur.(52), que podia ser ouvida, acolá um batráquio choraminguento, possivelmente o sapo cornudo comum (Ceratophrys dorsata Wied), que se esforçava para fazer a segunda voz no coro(53). Na baixada do vale eram outros anuros que trocavam perguntas e respostas entre si em alto som. Mas acima de todas as vozes sobressaía a do sapo-ferreiro (Hyla faber Wied), cuja voz vibrava incansavelmente através da alta floresta de modo cíclico e metálico como as batidas de um funileiro. Essa rã das moitas, ou rã verde, costuma revezar nas horas noturnas com o pássaro sineiro, chamado ferrador (Chasmorynchus nudicollis Vieill), que vivifica a mata, cantando desde cedo até a noite com um chamado sonoro tão semelhante que ambos os animais poderiam ser confundidos. O coro dos sapos era acompanhado pelo estridular de incontáveis grilos. As aves noturnas começavam a piar e as vozes de outros animais entravam isoladamente ou em grupos na sinfonia geral da mata virgem.

Depois de passadas as primeiras horas da noite, os sons foram se acalmando na floresta. Alguns cantores pararam totalmente, mas então eram outros que começavam a treinar as cordas vocais. Os musicistas que ainda haviam estado de fora do grande concerto passaram a ser ouvidos com muito mais clareza no silêncio que então passou a reinar. Bem perto do caminho soou uma voz como a de uma criança chorosa, pedindo ajuda. Também esse som era de uma rã(54) que parecia querer nos comover de forma enganadora. Ao nosso lado, no meio da vegetação, um animal silvestre gritava, acordando assustado de seu sono. Um roedor, possivelmente um coelho dourado, passou correndo por nós, entrando nos arbustos, um veado se embrenhou pelo matagal e uma criatura invisível emitiu ruídos à nossa esquerda, no solo da mata coberto pela vegetação. Uma pequena rã atravessou apavorada e aos saltos a nossa picada estreita.

As impressões que nos invadem numa tal cavalgada pela noite escura, num país desconhecido, numa mata virgem longe de seres humanos são de uma natureza muito peculiar. Não se vê nada, pois o olho apertado não consegue atravessar a escuridão em que está mergulhada toda a natureza. Mas, ao mesmo tempo, ouvem-se centenas de vozes e lamentos, sons estranhos que entram nos ouvidos tensos e atentos, sem que se saiba a sua origem, ou se possa ter uma explicação do seu significado. Mais de uma vez, a impressão que se tem é de que de um dos paredões negros da mata, que fecham ambos os lados do caminho, se abrirá e dali sairá uma figura estranha e sinistra. Ou então que seria hora de ajudar algum irmão em sofrimento, ou que no meio dos arbustos devia haver um ferido de morte precisando de ajuda – mas como achá-lo nesta escuridão impenetrável, como ajudá-lo? Em seguida se constata que eram apenas criaturas bem pequenas que procuravam um lugar para ficar antes da chegada do viajante tardio, ou vozes desconhecidas de animais que faziam macaquices para o viajante ainda inexperiente.

Mas também as essas impressões nos tornamos por fim insensíveis. O caminho à nossa frente parecia alongar-se sem ter fim, pessoas e animais andavam meio adormecidos, a passos sonolentos. Fazia tempo que os cavalos não troteavam mais. De vez em quando um chuvisco fininho caía sobre nós e vapores úmidos subiam dos banhados da mata. Às 7 horas da noite havíamos feito a única parada. Isso foi na venda de um saxão, localizada no meio das montanhas. Mais tarde passamos por vários povoados poloneses e de imigrantes de outras nacionalidades, cujos espaços de terra ocupada foram tomados da mata. Porteiras, exatamente como são comuns nas nossas montanhas, identificavam a entrada e a saída de cada propriedade. Elas nos barravam o caminho, uma situação que atrasava ainda mais a nossa marcha, pois abrir as porteiras, estando montado num cavalo, levava algum tempo. Depois que essas dificuldades eram superadas, a trilha nos conduzia novamente por longos trechos de mata virgem, que se fechava muito alto acima de nós e da qual só podíamos distinguir algumas árvores gigantescas, que se erguiam fantasmagóricas em direção ao céu. Finalmente, em torno das 11 horas, alcançamos a aldeia de Santa Teresa, habitada por italianos. Visto que, por um mal-entendido, éramos esperados apenas para o dia seguinte, a família de comerciantes belgas, que deveria nos hospedar, já havia ido dormir. Assim como havia sido no dia anterior, também tivemos que tirar o nosso hospedeiro de seu profundo sono, batendo várias vezes na porta, antes que esta se abrisse e recebêssemos os nossos quartos. Não avistamos em parte alguma os nossos animais de montaria, que carregavam a bagagem, de modo que tivemos que nos jogar sobre nossos sacos de palha de milho, sujos do jeito que estávamos. Mas um sono restaurador, depois de uma cavalgada de oito a nove horas, nos fez esquecer bem logo esse pequeno desconforto.

 

NOTAS

(40) Coletada no meu herbanário.

(41) Coletada no meu herbanário

(42) Se não for incluída a parte denominada de Santa Cruz como pertencente à colônia de Santa Leopoldina, como considerado por alguns autores, então o número de habitantes se reduz em mais ou menos 1.400.

(43) Não tenho mais certeza se se trata da Attalea Indaya Dr. ou da Attalea humilis Mart., pois, somente encontrei o nome vulgar e pelo seu habitat a denominei “leque gigante”. Mas parece que o nome vulgar serve tanto para a A. Indaya como para a A. hum. Wied menciona como Ndaya-assu = indaiá grande a A. Ind. (Wied, Reise nach Brasilien, I, p. 271), no entanto eu citei no dia 31 de agosto o nome Indaya para a attalea sem tronco, portanto a A. hum., que possui folhas em forma de leque de 5 m de comprimento, iguais às do A. hum. Estas podem parecer gigantescas no meio da mata fechada, mas presumivelmente as plantas da indaiá desse lugar eram realmente as A. indaya Dr., que desenvolvem folhas de até 10 metros de comprimento.

(44) Talvez Nastus barbatus Ruprecht, o único tipo de bambu citado em Martius. Flora brasiliensis (II, 3, p. 163) como existente nesta região.

(45) Hylaea americana: floresta equatorial úmida que abrange parte da Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Expressão utilizada para se referir à floresta amazônica (NT)

(46) Região da mata amazônica que só se inunda nas grandes enchentes do período das chuvas.

(47) Ordem botânica da classe dos monocotyledones que possuem estames hipogínicos abaixo da raiz. (NO)

(48) Recipientes para transportar alimentos.

(49) Plantas ornamentais de folhas gigantes.

(50) Ou filariose, uma moléstia tropical, causada pelos parasitas nematoides Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia timori, que se alojam nos vasos linfáticos e provocam a doença que, segundo a autora, seria semelhante à lepra. (NO)

(51) Kaiser Maximilian von Mexico, Aus meinem Leben, VII, p. 275. (NT: “Na mata virgem soa o chamado da noite, /Os grilos estridulam, o macaco urra, / O ferreiro e a rendeira despertaram, / Com queixas, a rã desperta do sono profundo./ Começa um concerto fantasmagórico. / E me acompanham em todos os meus caminhos”).

(52) Dessas rãs que aparecem tanto no Rio de Janeiro como no Suriname, portanto certamente também nas matas do Espírito Santo, são mencionados principalmente os sons estrepidosos (Burmeister. Erläuterungen zur Fauna Brasiliens, p. 95). As demais vozes de pererecas, que são mencionadas por Burmeister e podem ser ouvidas na costa leste (1. c., p. 113), têm som estalado de acordo com sua descrição.

(53) Wied, Beiträge zur Naturgeschichte von Brasilien, I, p. 589 ouviu esse sapo muitas vezes nas matas da costa leste.

(54) Trata-se aqui de um dos anuros denominados pelos indígenas de cutagoá ou inigoá. Ver Wappäus, Das Kaiserreich Brasilien, p. 1354; Canstatt. Brasilien, Land und Leute, 67; Näher, Land und Leute in der brasilianischen Provinz Babia, p. 150. Sob o nome comum de Gutaca, Spix cita em Animalia nova sive species novae Testudinum et Ranarum, p. 29, 42, e 43 a Rana palmipes Spix e Phyllomedusa bicolor Bodd., mas não foi possível descobrir se essas duas espécies de rãs aparecem na mata virgem costeira. Algumas espécies de sapos (Bufonidae) são chamadas de inigoa. Não pude constatar se a espécie Bufo crucifer Wied, que aparece com frequência no Espírito Santo, pode ser considerada aqui, nem mesmo pode ser esclarecido quais espécies de bufonidae são conhecidas como inigoa.

 

PRODUÇÃO

 

Arquivo Público do Estado do Espírito Santo

 

Coordenação Editorial

Cilmar Franceschetto

 

Revisão

Julio Bentivoglio

 

Apoio Técnico

Alexandre Alves Matias

Jória Motta Scolforo

Maria Dalva Pereira de Souza

 

Agradecimentos

André Malverdes, Levy Soares da Silva, Cláudio de Carvalho Xavier (Biblioteca Nacional), Adriana Pereira Campos, José Eustáquio Ribeiro, Adriana Jacobsen e a Hadumod Bussmann pelo fornecimento do diário de Maximiliano von Spiedel.

 

Editoração Eletrônica

Lima Bureau

 

Impressão e Acabamento

Dossi Editora Gráfica

 

 

Fonte: Viagem pelo Espírito Santo (1888): Viagem pelos trópicos brasileiros = Meine reise in den brasiliaischen tropen: / autoria da Princesa Teresa da Baviera - Vitória: Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, 2013
Autora: Princesa Teresa da Baviera
Tradução: Sara Baldus
Organização e notas: Júlio Bentivoglio
Compilação: Walter de Aguiar Filho, outubro/2020

 

 

 

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