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Vitória - Imigração Americana

Capa do Livro: Nossa Vida no Brasil (IMIGRAÇÃO NORTE-AMERICANA NO ESPÍRITO SANTO 1867-1870) - Autor: Julia Louisa Keyes - Tradutor: Célio Antônio Alcântara Silva

Na segunda noite chegamos à baía de Vitória, e ancoramos na entrada do porto. Pela manhã, logo antes do amanhecer, partimos e nos aproximamos dessa antiga cidade, tão notável pela grandiosidade de sua localização. Perdemos esse rico e peculiar cenário, tão cedo, e teríamos nos arrependido se não tivéssemos, um ano depois, o observado ao luar e ao amanhecer, em toda sua maravilhosa beleza. Nunca cessamos em nos sentirmos gratos pelo privilégio de ter visto essa paisagem.

Ao chegarmos, estávamos ainda em nossas cabines, mas logo nos vestimos e fomos ao convés para ver a cidade que, excetuando o belo cenário montanhoso ao fundo, era de uma fealdade evidente. Casas velhas, feitas com pedra e barro, com telhados sujos, davam um ar de desolação. As ruas, pavimentadas com pedras há mais de cem anos, não eram limpas nem havia nada de atrativo em suas lojas. Muitos de nós fomos à terra e andamos a esmo, olhando de um lado a outro, de uma maneira rude. Não sabemos porque nos sentimos tão privilegiados, mas suponho que era porque tudo parecia tão diferente de uma cidade americana que não podíamos refrear nossa curiosidade. Se à época conhecêssemos

os brasileiros melhor, teríamos conscientemente agradado ao invés de ofender, já que é sinal de boa educação entre eles examinar, em escrutínio, a aparência da redondeza e realizar cumprimentos agradáveis e lisonjeiros quando adequada às suas impressões, ou, de outro modo, se a opinião diferir.

Alguns foram atraídos ao verem mulheres fazerem renda, sobre almofadas, o que era feito com grande destreza, usando inúmeros alfinetes e bilros. Esses bordados e pontos eram realmente belos e as senhoras usavam-nos para adornar seus vestidos. Suas fronhas são abertas em cada ponta, com um laço na borda da bainha. Garotinhas de todos os tamanhos têm conhecimento dessa arte e usam os alfinetes e bilros de forma tão ágil quanto suas mães, e as classes mais pobres fazem-na e a usam em grande quantidade. Descobrimos o artesanato como uma característica do sexo frágil, e nos surpreendemos com a beleza de seu trabalho com a agulha, em casas completamente desprovidas de luxo e escassas em conforto.

Quando chegamos à foz do rio Doce, fomos mantidos em um agitado suspense, até que a barra fosse transposta. O tropel no convés de oficiais e marinheiros, o tilintar das correntes, a distribuição de comandos em alto tom, etc., fizeram um barulho pouco comum e deixaram ansiosos em saber a causa da apreensão. O capitão ordenou todas as vigias fechadas e os passageiros foram mandados para baixo. Nosso suspense foi de curta duração, pois passamos de maneira segura, com alguns mergulhos, em ondas turbulentas e novamente a âncora foi lançada.

Fomos levados ao solo em pequenos botes e, quando descemos, eles retornaram para buscar nossa bagagem. Depois que tudo foi trazido à terra, voltamos nossos olhares sobre nosso lindo vapor, admiramos (como todos devem fazer) a graciosidade de um navio sem velas sobre o oceano. O quão sozinho parecia, como um pássaro suspenso sobre o mar, pronto para o vôo. Sua proa dourada que “cavalgava em riste sobre as ondas” agora resplandecia à luz solar e nos parecia dizer adeus, à medida que ele graciosamente realizava um suave movimento de volta.

Nossos próximos pensamentos eram sobre a felicidade de estar em terra. E agora daremos a nossos leitores (sobre nossa vida nos ermos) a primeira descrição.

Fonte: Nossa vida no Brasil – Imigração Norte-Americana no Espírito Santo 1867-1870
Autora: Julia Louisa Keyes
Tradução e notas: Célio Antônio Alcântara Silva
Publicação: Arquivo Público do Espírito Santo, 2003

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