A primeira mãe capixaba
Lia eu, certo dia, a origem da palavra Capixaba quando a minha familiar voz fanhosa interrompeu-me a leitura, para dar-me o seu amistoso – ‘Iane Coema, Cunhã!
- Bom dia, minha velha, respondi-lhe. Que tens hoje para contar-me de tuas lindas histórias?
Vim contar-te, Cunhã, a história de Capixaba, a primeira mãe dos filhos desta Terra.
E continuou:
“Capixaba foi a primeira Mãe dos filhos da minha raça e da tua raça.
- Por que ela recebeu esse nome? Perguntei-lhe.
Ouça-me: quando os brancos invadiram a nossa terra, veio também um jovem e belo guerreiro, que se apaixonou pela nossa mais linda princesa, que ia ser esposa do mais valente guerreiro de nossa tribo.
Por desígnio de Rudá, o amor uniu aqueles dois jovens e, fruto dele, nasceu uma linda menina de pele e de cabelos diferentes da ‘cunhatain’ da nossa tribo.
Sua pele não era branca como a do guerreiro, nem vermelha como a da filha das selvas. Seus cabelos eram da cor da flor de Ypê, que embeleza as nossas matas. Era a primeira mameluca que nascia em nossas terras...
O guerreiro ultrajado não perdoou a noiva pérfida e tudo fez para que ela fosse condenada pelo tribunal do velho cacique.
Muitas luas já haviam passado e cada vez mais aumentavam os sofrimentos de mãe e filha.
Aquela criança, estigmatizada pela cor dos cabelos e da pele, de dia para dia, mais aumentava o ódio do bravo guerreiro e toda a tribo a considerava como um mau espírito que atraía a ira de Tupã.
Para livrar a filha da terrível pena que lhe estava destinada, a infeliz mãe fugiu.
Era uma linda noite. Coma filha nos braços, protegida pelos raios de Jaci, conseguiu alcançar a beira da praia onde encontrou, como por encanto, uma leve piroga.
Sempre abraçada à filha, a mãe selvagem entrou na embarcação e começou a remar com toda a força que ainda lhe restava. O mar jogava com furor suas ondas, como querendo alcançar a Mãe da Noite. A princesa das selvas, sempre a remar, afrontava a fúria das ondas, até que seus braços cansados soltaram os ‘apecuiatás’. As ondas teriam tragado a embarcação, se Yara não as dominasse com o seu mavioso canto, conduzindo-a, depois, para uma ilha desconhecida.
Mal sustentando a filha, a pobre mãe desembarcou na ilha deserta, onde só se ouviam os pios do Urutau e Curupira, vigiando as matas.
Famintas e fracas, mãe e filha choravam. Desceu, então, o gênio da noite e lhes fechou as pálpebras... Nas asas do sonho, desceu a Senhora da Terra da Cruz e estendeu o seu manto de luz sobre a terra banhada pelas lágrimas das infelizes filhas das selvas e disse:
- Tua filha chamar-se-á Capixaba. Ela cultivará as plantas que vão nascer na várzea, junto ao Mar, irrigadas pelas lágrimas de teus olhos. Esta planta foi cultivada por Avati, a quem Sumé ensinou a preparar o ‘Cauim’ para aplacar a sede do esposo. Ela será, também, o alimento dos filhos de tua filha.
Quando o clarão do dia apagou o clarão de prata da lâmpada de jaci, a jovem mãe acordou com os gritos alegres da filha, que mostrava toda a planície coberta de uma planta desconhecida – era uma roça de milho.
Suas folhas, muito longas e delgadas, eram de um bonito verde, onde brilhavam, como gotas de orvalho, as lágrimas da pobre mãe; de suas hastes saíam lindas espigas, que ostentavam nas pontas cabelos vermelhos como os cabelos de Capixaba. Seus grãos eram vermelhos como a pele das filhas da Terra morena. Era o milho que nascia, pela primeira vez, na Terra bendita, fertilizada pelas lágrimas da primeira MÃE CAPIXABA.”
Fonte: Estudos de Cultura Espírito-Santense
Autor: Getúlio Marcos Pereira Neves. Vitória, 2006
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2012
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