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Cienfuegos no bar do Valfredo na Vila Rubim - Por Gilson Soares

O incêndio - sexta-feira, 12 de julho de 1994 - Foto: Chico Guedes

O Plano

 

— Eu só quero ver como é que o Italiano vai se arrumar...

Cienfuegos vinha flutuando pela manhã. Saiu da sua casa, na volta do Rabaioli não eram ainda seis horas. Passava agora pela pracinha de Caratoíra. Havia um sorriso em seu rosto que seria iluminado logo ali na frente pelo primeiro sol do dia.

Seu passo decidido dizia "lá vou eu!". Seus braços cruzavam alternadamente o corpo num movimento rápido como quem está prestes a correr ou, quem sabe, voar.

— Hoje eu vou sacanear aquele Italiano...

O dia nasce prazeroso quando você acorda sabendo exatamente o que vai fazer, filosofariam sorrindo as pessoas que cruzassem sobre a calçada, em frente ao Náutico Brasil, com aquela figura jovial e fagueira. Isso, claro, se houvesse uma viva alma, além dele, Cienfuegos, passando por ali naquele fim de madrugada de sexta-feira.

Cienfuegos sabia exatamente, pensava ele e isso é que tem importância, o que ia fazer naquele dia. Sacanear o Italiano. E aquela ideia que, literalmente, o conduzia e que lhe emprestava a aparência, falsa, de um cidadão satisfeito, a caminho do trabalho, disposto a contribuir para o progresso do Brasil, aquela ideia vinha sendo elaborada já há alguns dias durante os muitos fuegos, claro que o cien da alcunha é hiperbólico, a que ascendia — acho que já estou meio alto, costumava dizer — a cada jornada.

— Aquele puto vai ficar maluco... Eu quero ser o primeiro freguês a chegar no botequim. Vou tomar uma cachaça e jogar uma nota de cinco mil cruzeiros reais em cima do balcão. Ele vai ter que fazer a conversão e me dar o troco em moedas de reais.

Diabólico, não? Pois era essa, acredite, a primeira ação do plano que Cienfuegos tinha elaborado ao longo dos últimos dias para aquela sexta-feira, 12 de julho de 1994, que começava a se incendiar — cabe a imagem? — naquele momento, em tom de hino, com raios fúlgidos.

 

O Conflito

 

Quando eu digo, hoje, passados tanto tempo, que era diabólico aquele plano, você, querido leitor, pensa que é brincadeira, mas naquela manhã cheia de dúvidas e presságios, o que ia aprontar o Benedito Cienfuegos, também chamado de Semfôgo ou Cemfôgos (sic — que neste caso pode ser lido, também, como um soluço embriagado), com Valfredo, o Italiano, era realmente uma grande maldade. Vamos recordar e situar: fazer imediatamente a conversão de todos os preços de cruzeiros reais para reais — Valfredo não tinha adotado "a tal da urvi" — já seria um deus-nos-acuda, uma "confusão de centavos dos diabos". Além disso os bancos tinham recolhido as cédulas de cruzeiros reais e não dispunham de, principalmente, moedas para abastecer o mercado, no caso específico ali, o mercado da Vila Rubim, que é onde se situa, ainda hoje, o bar do Valfredo.

Percebeu, então, a gravidade da ação? Mas por que, estará me perguntando você, leitor, desígnios tão malignos conduzem, nesta manhã ainda inocente, o bom (como? Se você ainda não o conhece?) Cienfuegos?

Explico então até para que você entenda o título deste trecho da narrativa. Cienfuegos e Valfredo alimentam um cordial conflito de relação. Alguma coisa de aparência amistosa e até, frequentemente, alegre, mas que guarda em si, na sua própria essência, na sua natureza, na sua condição, um potencial de atrito incontrolável, como, talvez possamos dizer sem querer precipitar os acontecimentos, uma caixa de fogos ou (melhor? pior?) um conjunto de caixas, uma montanha, enfim, toneladas de fogos de artifício em caixas coloridas convivendo quietas no interior de uma loja à espera dos festivos compradores juninos, julhinos ou campeões mundiais, que podem, no entanto, os fogos, a qualquer momento, por conta de uma isca de faísca involuntária... bom, quer dizer BUM!, deixa pra lá.

Assim é Cienfuegos e Valfredo. Um sai da volta do Rabaioli para ir ao bar do outro dentro do mercado da Vila Rubim, todos os dias, e passa lá, aposentado que é, a maior parte do dia, não só porque gosta daquela turma diária que frequenta o botequim e da vida mesma no mercado com a sua variedade de tipos, mas porque sente uma certa atração, digamos antípoda, por aquele "filho-da-puta de italiano ladrão, usurário, fascista".

Já o outro, sempre que a turma inventa, prepara uma moqueca "no jeito" com o baiacu comprado na peixaria ali perto mesmo por "aquele negro vagabundo, preguiçoso, metido a comunista" para quem vai servir, junto com o peixe, uma dose generosa de cipó-cravo curtido numa cachaça especial produzida na fazenda de uns parentes seus em Santa Teresa.

Você já terá, por certo, percebido então, astuto leitor, que existe aí nessa relação cordial uma mal contida carga de conceitos formulados e sustentados pela irracionalidade coletiva ao longo de algumas gerações. Além disso aquele era um ano de disputa eleitoral e Cienfuegos e Valfredo, como sempre, como diria aquele locutor esportivo que vez ou outra tomava umazinha por ali, "perfilavam em trincheiras adversárias". Para as eleições presidenciais o Italiano era ferrenho defensor da candidatura e do plano econômico do ex-ministro da Fazenda, daí, inclusive, a ideia de Cienfuegos de sacaneá-lo já na primeira manhã da nova moeda. Mas era nas eleições para governador do Estado que o confronto de opiniões mais se acirrava. Valfredo era militante desde a primeira hora da candidatura de um certo cabo de polícia com quem tinha um possível e distante laço de parentesco e com quem partilhava o, podemos assim dizer, ideário político-policial. Do outro lado estava Cienfuegos, velho simpatizante à distância do que ainda se costumava chamar de "ideias de esquerda" ou, como preferia o Italiano, "essas coisas de comunista".

Mas, fique tranquilo, não vou por conta disso dar a essa narrativa um cunho, pedante, de tese político-sociológica. Até porque eu não entendo nada desse, como, de resto, de nenhum outro, assunto. O interesse aqui é só o de mostrar que não é totalmente fora de propósito a imagem das silenciosas caixas de fogos de artifício usada há pouco. Embora, é preciso confessar, ela — a imagem das caixas — se encaixa perfeitamente no interesse do roteiro desta história criada pelo escriba que vos escrevinha.

 

O Apelido

 

O Bar da Vila, Valfredo sempre fez questão disso, é o primeiro a abrir as suas portas no mercado da Vila Rubim. Quando ele desce da Ilha do Príncipe, onde mora, os primeiros ônibus do dia cruzam a avenida Elias Miguel de faróis acesos e a cidade ainda está adormecida. Dentro do mercado, que acorda um pouco mais cedo que o resto da cidade, começam a nascer, ainda tímidos, os primeiros sons, cheiros e movimentos. As portas das lojas nos vários galpões vão se abrindo, feito pálpebras despertas, cada uma a seu tempo, dependendo do ramo de comércio em que atua. As peixarias, os bares, as quitandas, os açougues, esses começam cedo — e é daí que chegam os sons que Valfredo ouve enquanto atravessa toda a extensão deserta do mercado para chegar até a rua Pedro Nolasco, onde fica o seu bar. Depois será a vez dos armarinhos, lojas de calçados, pequenas mercearias e, eu já ia me esquecendo delas, tão quietas! as lojas de fogos de artifício. Um pouco mais tarde tomarão vida os supermercados e as grandes lojas de departamentos. E, por fim, tardios, renascerão os bancos.

Valfredo manterá a porta-de-aço aberta até o meio enquanto toma as providências necessárias à abertura do bar. Ao mesmo tempo em que faz o café, ele cozinha alguns ovos, duas ou três dúzias dependendo do dia. Depois chegarão as coxinhas, os bolinhos de mandioca, os quibes e os frangos fritos aos pedaços que a sua mulher traz prontos de casa.

Quando Cienfuegos chegou ao bar, acompanhado, já, do Chico Parreira e do Irineu Lambão, que são do time de frequentadores assíduos e matinais, a porta ainda estava ao meio.

— Enquanto o Italiano não declara aberto o expediente, vamos comprar um jornal, — determinou Cienfuegos, que era o líder daquela confraria etílica.

Por ser o mais bem situado financeiramente cabia a ele a aquisição dos bens coletivos, como era o caso do jornal diário e do peixe para a moqueca que acontecia de vez em quando. Quando eu digo mais bem situado financeiramente ali naquele grupo de bebedores da Vila Rubim, deve entender o leitor que ele tinha uma casa boazinha na curva do Rabaioli, a esposa se virava com um pequeno salão de beleza em casa, os dois filhos já estavam casados e ele recebia um salário razoável de sua aposentadoria como servidor público estadual. Além desse reconhecido status social, Benedito Conceição da Vitória, esse o seu nome, era o mais bem informado do grupo, daí a sua liderança.

E era, ainda, Cienfuegos quem tinha ali o maior tempo de casa. Reconhecido por todos como um grande bebedor, daqueles que não conhecem ressaca, Benedito frequenta o bar da Vila desde muito antes de se aposentar. Era por ali que passava todos os dias depois do expediente. Tomava algumas, batia um bom papo, brigava vez ou outra com o Valfredo e depois subia até a avenida Duarte Lemos para pegar o ônibus até em casa. Naqueles bate-papos é que Cienfuegos deixava despertar as suas adormecidas convicções políticas. Ele que conviveu com a esquerda juvenil da ilha no início da década de 60 quando fazia o científico no Colégio Estadual, acabou perdendo o contato com a garotada — ele era um pouco mais velho — depois de ficar reprovado por dois anos no vestibular da Escola de Medicina e ter acabado "entrando para o Estado". Depois de umas duas ou três, Benedito libertava sua sonhada atuação revolucionária, não importando quem fosse o interlocutor. Algumas vezes, dependendo da graduação da sua indignação que era diretamente proporcional ao número de doses anotadas rigorosamente por Valfredo, Benedito nem queria saber se tinha interlocutor, ou imaginava, talvez, uma assembleia atenta ao seu discurso que começava invariavelmente com a história da revolução cubana e a enumeração dos seus heróis, detendo-se mais demoradamente na figura de Camilo Cienfuegos.

Daí ao apelido você, com certeza, já percebeu que foi um passo rápido e irreversível. Benedito ainda tentou resistir argumentando inclusive que considerava um desrespeito histórico à figura do grande herói cubano a relação que o pessoal, às gargalhadas, estava agora fazendo entre aquele nome, que para ele estava revestido de uma certa santidade, e seu frequente estado de embriaguez. De nada adiantou. Aliás, a sua tentativa de resistência contribuiu para que o apelido, é sempre assim, pegasse de vez.

 

O Bar

 

Voltavam agora da banca, os três, em silêncio, concentrados na leitura, cada um com uma parte do jornal. Quando chegassem ao bar o jornal seria ainda mais repartido. Em alguns momentos era possível encontrar cinco ou seis pessoas, cada uma em um canto, lendo um mesmo jornal. Depois de algum tempo os leitores trocariam entre si as páginas ou cadernos. Fariam ligeiros comentários, começariam alguma discussão que poderia ser rápida ou demorada, dependendo do interesse que o assunto despertasse, e voltariam à leitura silenciosa. Naquela sexta-feira dois assuntos palpitantes seriam motivo de longas discussões no interior do bar da Vila e eram, claro, as manchetes principais do jornal trazido a seis mãos por Cienfuegos e seus dois amigos: a implantação da nova moeda — inclua-se aí a sacanagem que Cienfuegos pretende fazer com o dono do bar — e a Copa do Mundo de Futebol — uma das mais medíocres da história, mas que envolve, mesmo assim, toda a população brasileira — que terá na segunda-feira a partida entre Brasil e EUA, país-sede, no dia da sua independência.

Quando Cienfuegos entra e pede uma cachaça Valfredo fica espantado, porque geralmente ele começa um pouco mais tarde. Primeiro costuma ficar por ali lendo jornal e conversando, depois ele ainda sai para comprar alguma coisinha pra casa, verduras e legumes, que pede para deixar dentro do bar até a hora de, bêbado, pegar o ônibus pra ir embora e só então, depois que o velho relógio, uma marca relicária do Bar da Vila, anuncia alto e bom som as nove horas, ele "dá início ao trabalho".

Cienfuegos toma a cachaça de um só gole e, ao mesmo tempo que estala saborosamente a língua, bate com o fundo do copinho sobre o balcão de mármore provocando dois sons parecidos quase simultaneamente. Bem a seu estilo.

— Quanto que é a pinga, Italiano?

Valfredo, que, apesar da origem teutônica do nome, era neto de italianos, nascido em Santa Teresa, percebeu que havia uma conotação de sacanagem na pergunta. Ora, Cienfuegos sabia, mais do que qualquer outro, o preço da dose de cachaça e, além disso, ele só pagava na hora de ir embora.

— Pôrra, Semfôgo você sabe que é oitocentos...

— Oitocentos coisa nenhuma! Cobra aí certinho e eu quero o troco em reais, moedinha por moedinha.

Estava dado o mote para as gozações do dia. A descrição daquela cena ia ser feita por toda a manhã, acrescida de variantes ao estilo do autor da reprodução, para desespero do Italiano.

Sentindo-se absolutamente dono da situação, Cienfuegos ainda acrescentou que não sairia dali "sem seu troco em reais, nem que o mundo pegasse fogo". E disse mais ainda, diante do riso da turma e da cara vermelha de Valfredo: "Considerando que a hipótese do mundo pegar fogo é remotíssima, trate de arranjar meu troco, se você quiser ficar livre de mim hoje."

— Ei! Tenho uma ideia, Valfredo. Liga pro seu candidato, quem sabe ele não te arranja umas moedinhas, — arrematou Sirino Bocão, para as gargalhadas gerais.

 

O "Fogo"

 

Miguel Fominha veio avisar para Cienfuegos que tinha visto alguns baiacus sobre o balcão ao passar pela peixaria. As conversas andavam altas e tinha se instalado no bar, a partir do sucesso alcançado pelo plano de Cienfuegos, um clima de riso e bate-boca bem humorados, enquanto o jornal, todo repartido, rodava de mão em mão. Cienfuegos deu o dinheiro para que Fominha buscasse o peixe. Aquela sexta-feira merecia mesmo uma boa moqueca.

— Temos é que ter cuidado para que o Italiano não coloque veneno no baiacu que vai nos servir...

A moqueca saiu ótima como sempre e cada um, que tivesse dinheiro, pagava uma rodada de cipó-cravo.

(Se o persistente leitor que encontrou forças para chegar até a esta altura da narrativa não bebe, esteja à vontade para deixar de ler este trecho que, em atenção a sua respeitável abstinência, eu coloquei entre seguros parênteses. Até daqui a pouco. Serei rápido.

É que eu quero falar, meu caríssimo pé-de-cana, do cipó-cravo preparado pelo Valfredo e aquele leitor que nos deixou ali atrás, eu sei, entenderia as palavras do que vou escrever, mas não sentiria, o que é indispensável em qualquer escrito que se pretenda portador de algum valor literário, não sentiria o sabor, a ardência, o contato direto com o palato que este texto dos próximos parágrafos, se eu for feliz, terá que ter.

O Valfredo tinha dois cipós-cravos. Um, banal como o pão dos simples. Bom, correto, necessário até, mas sem nada de extraordinário.

Já o outro, para a sua preparação o Italiano pegava a madeira, lavava e colocava para secar: Depois, com a ajuda de uma faca afiada, transformava, com dois cortes longitudinais, cada parte do cipó em quatro pedaços iguais que alcançassem em altura o meio de um garrafão. Transportava a madeira para dentro do garrafão, enchia-o com uma cana fabricada para consumo familiar, por seu irmão, em Santa Teresa, fechava com uma rolha de cortiça ou sabugo e o esquecia por um bom tempo na parte mais escura do seu pequeno depósito de bebidas.

Quando era resgatada e transferida para litros de vidro incolor, algum tempo depois, a cachaça apresentava uma personalidade totalmente diversa da que possuía antes da convivência reservada com o cipó. Tinha absorvido dele um vermelho rigoroso que ele trazia escondido nas entranhas e seu sabor agora oferecia em primeiro plano o travo da madeira, acompanhado, numa atitude coadjuvante e branda, do néctar da cana.

Era esse o cipó-cravo que Valfredo, com moderação, bebia e servia para alguns fregueses, como Cienfuegos, com quem mantinha, como já informei, um cordial conflito de relação.)

O dia já ia alto, longo e amplo, pois tendia para o meio-dia. Hora aberta.

O Bar da Vila flutuava embriagado sobre o mar inquieto do mercado da Vila Rubim.

Cienfuegos, o líder, em estado de graça, comandava a ébria tripulação.

A cada momento um deles apontava para Valfredo e todos riam. O Italiano, calado, os servia.

— Esse filho-da-puta desse crioulo me sacaneou hoje! — engolia com dificuldade o dono do bar.

O jornal, aos pedaços, já começava a se transformar, diante de todos, em papel-de-embrulho. As notícias envelheciam rapidamente.

Daqui a pouco uma nova notícia ia explodir e se espalhar e crescer até virar manchete e matéria na manhã do dia seguinte. Ela, a notícia, estava ali tão perto no tempo e no espaço que Cienfuegos e sua tropa embriagada já começavam a divulgá-la, antes mesmo que ela acontecesse, aos brados e às gargalhadas.

— Sorte sua, Valfredo, que o mundo vai pegar fogo e você não terá que conseguir as moedas para o Cienfuegos, — gritava Bocão apontando o dedo para o Italiano e todos riam.

O relógio na parede do Bar da Vila marcava meio-dia. Era a hora. O bando de bêbados inventou de enumerar em coro, sob a batuta de Cienfuegos, as batidas do velho relógio que já estava ali quando Valfredo comprou o bar. Gritavam em conjunto o número da batida e riam, como se rissem do tempo, diria algum poeta desavisado. Até que uma das batidas soou muito forte, tão forte que a parede tremeu e todos viram o relógio deslizar e se espatifar no chão. As bocas se fecharam de uma só vez. Benedito Cienfuegos, com a batuta parada no ar, olhava sério e interrogativo para Valfredo. Não seria errado afirmar que o tempo parou por um brevíssimo momento. Daqui a pouco, agora mesmo, esses personagens que viemos criando, eu e você, solidário leitor, desde cedo, sairão correndo dispersos e desesperados, em meio ao bombardeio, junto com a multidão real, e se desintegrarão no contato dramático com a realidade.

Acabou-se a brincadeira.

 

 

 

O INCENDIO

 

(Montagem de textos do jornal A Tribuna - 02/07/94)

 

Uma explosão de pelo menos 60 toneladas de fogos de artificio estocados em lojas no mercado da Vila Rubim provocou um dia de pânico, morte e destruição na cidade.

As 12:05h, o barulho da explosão e uma coluna de fumaça que puderam ser percebidos de vários pontos da Grande Vitoria, anunciavam o início da tragédia.

Infelizmente, quis o destino que a fatalidade ocorresse no maior mercado da capital, um centro de comercio integrado por supermercados, açougues, peixarias, quitandas, pequenos armazéns, bares e restaurantes populares. E justamente numa hora — cerca de meio-dia — de grande movimento.

Pelas ruas do mercado da Vila Rubim, o desespero tomou conta de comerciantes, vendedores ambulantes e, principalmente, consumidores. Muitos ainda discutiam o primeiro dia do Plano Real, quando foram surpreendidos pelo barulho da primeira explosão.

A sexta-feira, 12 de julho de 1994, foi um dia que começou como todos os outros, mas se transformou em uma tragédia que dificilmente será esquecida.

 

 

 

Autor: Gilson Soares
Fonte: ESCRITOS DE VITÓRIA - Uma publicação da Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal de Vitória-ES

 

Prefeito Municipal: Paulo Hartung
Secretário Municipal de cultura e Turismo:
Jorge Alencar
Coordenadora do Projeto:
Silvia Helena Selvátici
Conselho Editorial:
Álvaro José Silva, José Valporto Tatagiba, Maria Helena Hees Alves, Renato Pacheco

Bibliotecárias: Lígia Maria Mello Nagato, Cybelle Maria Moreira Pinheiro, Elizete Terezinha Caser Rocha
Revisão:
Reinaldo Santos Neves
Capa:
Mercado de São Sebastião restaurado pela Prefeitura Municipal de Vitória (1995)

Foto de Leonardo Bicalho
Editoração Eletrônica:
Edson Maltez Heringer

Impressão: Gráfica Ita
Compilação:
Walter de Aguiar Filho, Junho/2022 

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Todo o vasilhame destinado à queima é cuidadosamente coberto por pedaços de madeira, geralmente leves e bem secos. O fogo é ateado em uma das “cabeceiras da cama” dando início à queima

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