Ano de 1562 – Por Basílio Daemon
1562. Neste ano são atacados os povoadores desta capitania pelos índios aimorés, que dos centros vieram a tudo destruir, obtendo vitórias assinaladas os mesmos índios, que só mais tarde foram rechaçados.
Idem. Neste ano, a 10 de junho, a mandado do padre Brás Lourenço, escreve o padre Torres, que aqui se achava, uma carta ao superior da Companhia relatando também o que era esta capitania e o seu estado, assim o ter vindo no ano antecedente duas naus francesas que, desembarcando tropa, foram pelos da capitania repelidas, como ainda o ter chegado neste mesmo ano outra nau, que não pôde dar saltada em terra à gente que trazia nem explorar a terra, pois fora imediatamente repelida, obrigada a recuar e fazer-se de vela a dita nau (82). Neste tempo já se achavam muito adiantadas as obras do convento e capela dos padres da Companhia,(83) existindo uma casa que servira de seminário no princípio da rua do Egito e onde moraram o padre Brás Lourenço [no original, Lourenço Brás] e padre Fabiano de Lucena, muito conhecedor da língua indígena, o primeiro encarregado de confessar os homens e ensinar seus filhos o latim, português e doutrina, o segundo incumbido da conversão e civilização dos indígenas. Havia ainda em companhia dos padres jesuítas um irmão coadjutor, que servia de cozinheiro, assim outro moço de idade de 18 anos que sabia a língua indígena, o qual, com o padre Brás Lourenço, aprendia o latim, sendo de muita inteligência e engenho. Ali, naquela casa ou seminário, que mais tarde pertenceu a Manoel José e depois a Francisco dos Santos, a qual tinha o nº 574, quando foram sequestrados os bens dos jesuítas, estiveram muitos padres da Companhia, entre eles Luís da Grã, Manoel da Nóbrega e José de Anchieta, tendo todos os três sido provinciais da Ordem. Também ali estiveram os padres Diogo Jácome e Pedro Gonçalves, que na aldeia de índios da hoje vila de Santa Cruz doutrinaram e chamaram dos sertões os tupiniquins, os goitacases, os puris, os aimorés e os temiminós, catequizando-os.
Idem. Neste ano fazem os índios pitaguares uma erupção nesta capitania. Tendo devastado as capitanias dos Ilhéus e de Porto Seguro, internaram-se nesta assolando-a e matando os povoadores, travando-se por diversas vezes renhidos combates entre estes índios e os habitantes do Espírito Santo, e que só foram apaziguados ao poder da palavra sagrada de José de Anchieta, que aqui chegando pôde sossegá-los e obter paz.
Notas
82 Carta do Brasil, do Espírito Santo, para o padre doutor Torres, Lisboa, por comissão do padre Brás Lourenço, de dez de junho de 1562. Segundo Brás Rubim [Memórias, p. 164] e Vasconcelos [Ensaio, p. 18], o original dessa carta estaria em poder da Biblioteca Pública do Rio de Janeiro (Biblioteca Nacional), porém não o localizamos.
83 D. João Nery identifica essa capela como a de São Tiago, a mesma do Colégio dos Jesuítas, cuja fundação seria datada de 1562, aproximadamente. [Nery, Carta pastoral, p. 26]
Nota: 1ª edição do livro foi publicada em 1879
Fonte: Província do Espírito Santo - 2ª edição, SECULT/2010
Autor: Basílio Carvalho Daemon
Compilação: Walter de Aguiar Filho, outubro/2019
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
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