Ano de 1842 – Por Basílio Daemon
1842. Toma assento na Câmara dos Deputados em princípios deste ano e como representante da província o ilustrado espírito-santense padre Dr. Inácio Rodrigues Bermude, que pouco tempo gozou do dito lugar por ter sido dissolvida a Câmara dos Deputados.
Idem. Tendo sido nomeado em março deste ano chefe de Polícia desta província, o juiz de direito em exercício bacharel Francisco Jorge Monteiro presta juramento e entra em exercício deste cargo no dia 1º de abril deste mesmo ano. Foi o bacharel Francisco Jorge Monteiro o primeiro nomeado para cumulativamente exercer este cargo com o de juiz de direito.
Idem. Por decreto imperial de 11 de maio deste ano(514) é confirmada como cabeça do termo a vila de Nova Almeida, de conformidade com a lei provincial nº 7,515 de 1841.
Idem. Por decreto de 27 de maio deste ano é nomeado juiz de direito da comarca de Itapemirim o bacharel José Francisco Arruda da Câmara, que prestou juramento e entrou em exercício no 1º de agosto deste mesmo ano. Este juiz de direito teve diversas dúvidas na comarca, tanto em Itapemirim como em Benevente, que fazia parte dela, escapando de ser preso e assassinado na própria rua, por que passava uma ocasião a cavalo e onde dois indivíduos o esperavam com garruchas carregadas, e o teriam decerto morto se não fosse o seu ânimo e valentia. Outra ocasião, estando cercada a casa em que estava em Guarapari escapou à prisão vestido em trajes de mulher, passando assim por meio da escolta que lhe abriu caminho. Tendo abandonado a comarca, seguiu para a Corte e daí para Pernambuco, onde nascera, entrando na revolução daquela província em 1848.
Idem. Chegam no mês de agosto deste ano a esta capital para cumprirem degredo o ex-regente padre Diogo Antônio Feijó(516) e o deputado Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, por serem acusados de cabeças da revolução em São Paulo, vindo ambos morar no sobrado fronteiro à rua da Assembleia nº 3, casa fatídica, pois que ali em frente existiu por muitos anos o Pelourinho, ali estiveram dois dos nossos grandes vultos políticos deportados, duas tipografias quebraram-se, sendo outra sequestrada; adoeceu nela mortalmente um dos redatores e proprietário do Correio da Vitória, e ainda o redator da Atualidade ali faleceu neste ano de 1879. O padre Diogo Antônio Feijó havia tomado a responsabilidade do movimento revolucionário naquela província; em Sorocaba fora preso a mandado do governo e conduzido à cidade de Santos, onde o embarcaram a bordo de um vapor de guerra e o trouxeram para o Rio de Janeiro e daí para esta capital em fins de junho deste mesmo ano de 1842, onde aportou em princípios de agosto, só voltando ao Rio de Janeiro em dezembro a tomar assento no Senado, e onde respondeu ao processo contra ele instaurado como cabeça da revolução. Daqui escreveu o padre Diogo Antônio Feijó em data de 11 do mesmo mês de agosto a um seu companheiro também degradado, dando conta do modo por que aqui vivia; tendo-se afinal retirado, como dissemos acima, em princípios de dezembro do mesmo ano, apresentou-se no Senado a 26 do mesmo mês tendo por isso cessado o degredo. Ali defendeu-se e foi defendido brilhantemente contra as aleivosias e falsidades levantadas contra a sua probidade e honradez, sendo afinal absolvido. Aqui mostrou-se muito amigo do capitão-mor Siqueira com quem sempre estava e com quem passeava todas as tardes.
Idem. É exonerado a 10 de agosto deste ano o presidente José Manoel de Lima, que coisa alguma fez a bem desta província, mas tendo antes disso se retirado com licença, assumiu a 2 de março deste ano a administração da província o comendador Joaquim Marcelino da Silva Lima (barão de Itapemirim).(517) Foi também nomeado por carta imperial desta mesma data e pela segunda vez presidente desta província o Dr. João Lopes da Silva Couto, que prestou juramento e entrou em exercício no mesmo mês de agosto, pois que a 28 do mesmo mês esteve presente à abertura da Assembleia Provincial,(518) sendo exonerado a 9 de junho de 1843, desgostoso por não ter sido eleito deputado, o que na verdade merecia.
Idem. Neste ano, tendo sido adiada a Assembleia Provincial pelo vice-presidente comendador Joaquim Marcelino da Silva Lima, do dia 23 de maio para 28 de agosto, é instalada neste dia a 1ª sessão da 4ª legislatura da Assembleia Legislativa Provincial, concernente aos anos de 1842 a 1843, sendo reconhecidos deputados provinciais: bacharel Manoel Joaquim de Sá Matos, bacharel Francisco Jorge Monteiro, coronel Dionísio Álvaro Resendo, Caetano Dias da Silva, bacharel José de Melo e Carvalho, José da Silva Vieira Rios, Heliodoro Gomes Pinheiro, padre João Luís da Fraga Loureiro, Manoel Pinto Rangel e Silva, Joaquim José Gomes da Silva Filho, José Gonçalves Fraga, coronel José Francisco de Andrade e Almeida Monjardim, capitão José Ribeiro Coelho, padre Manoel Gomes Montenegro, Domingos Rodrigues Souto, João Malaquias dos Santos Azevedo, Bernardo Francisco da Rocha Tavares, padre Manoel Antônio dos Santos Ribeiro, tenente José Monteiro Rodrigues Velho e Manoel Joaquim Ferreira da Silva.(519) Foi composta a mesa do primeiro ano da legislatura: presidente Francisco Jorge Monteiro, 1º secretário Joaquim José Gomes da Silva Filho, 2º secretário padre Inácio Félix de Alvarenga Sales, que fora chamado como suplente, como também o fora na mesma ocasião o padre Manoel Alves de Souza. No segundo ano foi composta a mesa: presidente José da Silva Vieira Rios; 1º secretário Antônio José Pereira Maia Paraíba, que foi também chamado como suplente, como igualmente o fora o eleito 2º secretário padre Joaquim de Santa Maria Madalena Duarte.(520)
Idem. São separadas neste ano formando dois termos as vilas de Linhares e a de Nova Almeida, pela lei provincial nº 9, marcando-se nela as respectivas divisas.(521)
Idem. Por lei provincial nº 17 deste ano é autorizada a construção da cadeia desta capital, a qual existe na parte térrea do Paço da Câmara Municipal.(522)
Idem. Assume a administração da província a 31 de dezembro deste ano o 1º vice- -presidente comendador Joaquim Marcelino da Silva Lima,(523) por ter seguido viagem o Dr. João Lopes da Silva Couto.
514 Decreto de 11 de abril de 1823 (parte II) – Cria uma companhia de Infantaria de segunda linha na vila de São Mateus, província do Espírito Santo.
515 Lei provincial nº 7, de 30 de abril de 1841 – É confirmada como cabeça do termo a vila de Nova Almeida.
516 “Em 1842 este navio da marinha de guerra [o brigue Andorinha], que trouxe para o exílio em Vitória o padre Diogo Antônio Feijó e aqui permaneceu algum tempo”. [Siqueira, Memórias do passado, p. 83, nota 4]
517 Vasconcelos, Ensaio, p. 65.
518 “Tendo merecido de S. M. o imperador a honra de ser nomeado presidente desta província, tomei posse de sua administração do dia 10 do corrente mês...” [Fala que o Exmo. presidente da província do Espírito Santo dirigiu à Assembleia Legislativa Provincial no dia 28 de agosto de 1842, p. 3-10]
519 Lista de deputados eleitos para a 4º legislatura da Assembleia Legislativa Provincial. 28 de agosto de 1842. [Pena, História da província, p. 98]
520 Ofício da Assembleia Legislativa: Membros que compuseram a primeira mesa da 4º legislatura da Assembleia Legislativa Provincial. 28 de agosto de 1842.
521 (a) Lei provincial nº 9, de 26 de outubro de 1842, Art. 1º: São divididas e formaram dois termos as vilas de Linhares e a vila de Nova Almeida, com suas respectivas divisas. (b) “Com a de Linhares pela linha leste oeste, que limita o termo de Nova Almeida pelo lado norte, conforme o tombo de sua criação. Lei nº 7, de 1841, e nº 9, de 1842.” [Vasconcelos, Compilação, p. 88]
522 Lei provincial nº 17, de 26 de outubro de 1842, Art. 1º: Autoriza a construção da cadeia publica dessa capital.
523 Vasconcelos, Ensaio, p. 65.
Nota: 1ª edição do livro foi publicada em 187
Fonte: Província do Espírito Santo - 2ª edição, SECULT/201
Autor: Basílio Carvalho Daemo
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2018
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
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