Arquitetura Colonial do Século XVIII – Por Serafim Derenzi
Os colonos portugueses, no Espírito Santo, não conheceram conforto doméstico e muito menos o coletivo, por isso, não souberam construir cidades: Vila Velha, Vitória, Nova Almeida, Guarapari e Anchieta, elevadas todas a categoria de vilas, antes do 1760, atestam, insofismavelmente, o mau gosto arquitetônico e a ignorância absoluta das regras mais elementares de construir. Foram pobres demais e ignorantes em grau superlativo.
Pelo meado do século XVIII, o número de sobrados em Vitória é avultado. Todos invariavelmente toscos, inexpressivos e desproporcionados.
As janelas, mal vazadas, temiam a entrada de luz e ar. As sedes das sesmarias afinavam no mesmo diapasão de desconforto e mau gosto. É de se lamentar, pois a arquitetura colonial, nascida do barroco, larga e sombria, que se adaptou no ambiente americano, tem requintes de grandeza. É a alma pródiga do conquistador audaz, que se implantou dominado pela paisagem. Tudo é grande, como grande é o território que o recebe. Não nos transmitiram, os portugueses, nenhum monumento ou edifício, que possa atestar-lhes o indiscutível penhor pelas artes, manifestado com tanto engenho na metrópole. Os poucos conventos construídos pelas Ordens Religiosas e pela fé do povo, no desejo sincero de expiar suas culpas e cultuar a religião cristã, são obras singelas, de valor sem dúvida, mas traduzem parcela modesta no âmbito da arte de construir.
Das velhas residências nenhuma resistiu aos tempos. E fica-se curiosamente perguntando como seriam as casas dos moradores coloniais, da pequena nobreza senhoril, dos capitães privilegiados e das autoridades presunçosas, que usavam calções de seda e chinós frisados em meio à escravatura rota e esfomeada.
No que concerne ao traçado das cidades, o ilogismo foi a regra. É bastante considerar os poucos logradouros da cidade, que guardaram os eixos diretores daquela época: Rua Duque de Caxias, Maria Ortiz, Prof. Azambuja, José Marcelino, Ladeira da Misericórdia orientam-se todas por onde não deviam.
Fonte: Biografia de uma ilha, 1965
Autor: Luiz Serafim Derenzi
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2017
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
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