Belchior de Azeredo e Ararigbóia – Por Serafim Derenzi
NOMES QUE TRANSPÕEM AS FRONTEIRAS
Belchior de Azeredo ocupou todos os cargos importantes da Capitania. Sesmeiro, lavrou fazenda que se tornou próspera. A notícia que dele nos chegou, através dos responsáveis pelo registro da história quinhentista do Brasil, nô-Io retrata homem de caráter, corajoso, prudente e bom. Sucedeu a Vasco Fernandes Coutinho, de quem foi secretário, por eleição do povo e por nomeação de Mem de Sá. Governou com prudência de 3 de agosto de 1560 a 1563. Ligou seu nome a todas as iniciativas de seu tempo. Ajudou a Afonso Brás e a Brás Lourenço, carregando, com as próprias mãos, pedras para a construção dos jesuítas. Defendeu a vila contra a invasão dos franceses, acolheu Frei Palácios e foi possivelmente seu melhor esmoler para construir as capelas do morro da Penha. E, quando já desobrigado de Capitão-mor, é ele que acompanha Estácio de Sá, com reforço de homens e índios, na tomada do Rio de Janeiro, invadido pelos franceses.
Não houve dois Belchior de Azeredo, o velho e o moço, conforme supõem Daemon e José Marcelino. Os moços, porque foram dois, Marcos e Miguel de Azeredo, eram sobrinhos de Belchior, assinalaram-se igualmente no fim do século XVI, como se verá.
Ararigbóia comandou os temiminós recrutados por Belchior, na retomada da Guanabara, vingando-se dos castigos que os tamoios, então aliados aos franceses, infligiram, anos atrás, à família de Maracaiaguaçu o Gato Grande.
Não é pacífico o nascimento de Ararigbóia no Espírito Santo. Deram-lhe o nome, no batismo, de Martim Afonso de Souza e por isso Frei Vicente admite que tenha nascido no Rio de Janeiro. O frade não se documenta. Mário Freire limita-se a escrever que "há quem afirme" ter o índio nascido no Espírito Santo.
Tudo me leva a crer que o famoso guerreiro indígena tenha nascido na Capitania. Catequizado pelos jesuítas, distinguiu-se como chefe da tribo a que pertencia, razão para ser recrutado por Belchior de Azeredo. Varnhagen encarece o auxílio do Espírito Santo a Estácio de Sá. Pagou-lhe na mesma moeda de honra o sangue derramado pelos primos Fernão e Baltazar de Sá, nas águas do Cricaré e no cerco de Vitória, pelos botocudos selvagens.
Levino Fanzeres, pintor capixaba, imortalizou, em famosa tela, a partida de Ararigbóia para o Rio de Janeiro.
Fonte: Biografia de uma ilha, 1965
Autor: Luiz Serafim Derenzi
Compilação: Walter de Aguiar Filho, abril/2017
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
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