Carta a Martha Rocha - Crônica
Tivesse eu intimidade e escreveria à viúva D. Martha Rocha Piano a seguinte carta: - “Minha senhora: - Leio nos jornais da terra, que a senhora foi convidada pelos diretores do Guarapari- Center para vir a Vitória. Não faça isso, minha senhora. Não aceite o convite. Não venha. Sei que seria bem recebida. Iríamos todos busca-la no aeroporto. Levaríamos flores. Viria à cidade num automóvel oficial. Mas não venha. Rogo-lhe. Não é por nada. Temos já bons hotéis para hospedá-la. Lindos passeios para oferecer-lhe. Praias mais bonitas que as de La Plata, terra de seu falecido marido. Sei que teria boa acolhida aqui. Mas não venha. Evite a nossa cidade. Dê uma desculpa qualquer aos rapazes do Center. Agradeça-lhes o convite mas não venha. Sei que teria festas bonitas. Haveria coquetéis em sua honra. Dançaria. Daria autógrafos. Beberia o nosso Guaraná Prado. Degustaria o nosso café Capitânia. Levaria de volta latinhas de bombons e de alcobaça para os meninos. Mas não venha, minha linda patrícia. E vou lhe dizer por que. A sua beleza que fascinou o carioca, enterneceu a sua Bahia, resplandeceu São Paulo, brilhou em Minas, estaria esmaecida aqui. Seroa ofuscada. Não despertaria aquele entusiasmo nem aquele fascínio que a senhora está acostumada a ver aqui, senhora. Vitória é a cidade de mulheres lindas. E no dizer insuspeitíssimo de Margarida Lopes de Almeida é “ a Capital brasileira da Beleza feminina”. E essa beleza da terra é um perigo para a beleza de fora. O belo feminino, D. Martha, é como o belo da pintura. Reclama sempre uma moldura adequada para melhor aparecer. As moças que a cercariam em Vitória nas ruas, nas festas, não permitiriam o merecido realce de sua beleza. Seria uma moldura demasiado fascinante. E capaz de prejudicar o painel. A senhora não se sentiria bem em meio a tanta capixaba bonita. A comparação seria inevitável e o confronto talvez melancólico. É meu desejo, pode acreditar, que a senhora continue a ser a embaixatriz da beleza feminina, seja como diz o Cruzeiro, a “Namorada do Brasil”. Por isso é que lhe peço: - Não venha a Vitória!”
Nota do Site: O Cruzeiro foi a principal revista ilustrada brasileira do século XX. Fundada por Carlos Malheiro Dias, começou a ser publicada em 10 de novembro de 1928 pelos Diários Associados de Assis Chateaubriand.
Autor: Eurípides Queiroz do Valle
Fonte: Torta Capixaba, Editora Âncora, Vitória - ES, 1962
Compilação e Pesquisa: Walter de Aguiar Filho, setembro/2011
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