Film Comission Capixaba – Por Adilson Vilaça
A circunstância histórica da colonização brasileira impôs à Capitania do Espírito Santo um isolamento que determinaria séculos de solidão. A crônica desse isolamento anunciado teve como principal arauto a estratégia desenhada pela metrópole para a proteção das riquezas da colônia. Durante o ciclo do ouro, Portugal fez do Espírito Santo um escudo natural para a defesa das cobiçadas terras das Minas Gerais. Isolados pela proibição da abertura de estradas, os portos capixabas jamais embarcariam o ouro e as pedras preciosas desentranhadas no período. A pirataria de Thomas Cavendish, Pieter Pierterzoon Heyn e Francis Drake, que por aqui atreveu-se, navegou até o Espírito Santo ludibriada pelo embuste engendrado pela metrópole: o mais curto caminho no risco dos mapas era um porto da incomunicação.
O Espírito Santo do final do século XX tem como provocação vencer a barreira do isolamento. Ultimamente, o governo capixaba aliou-se à intelectualidade, às artes, ao comércio, ao setor portuário, ao desporto e a toda diversidade de ações capaz de gerar políticas públicas que contribuam para a inserção qualificada do Espírito Santo no cenário nacional. A linguagem audiovisual, em especial o cinema, é hoje uma janela aberta para revelar e atrair o olhar vizinho e estrangeiro para a cultura, a ambientação e a história capixabas.
Um programa visando a implementação de uma pauta dirigida à criação de uma indústria audiovisual, logicamente requer um conjunto de pré-condições para seu desenvolvimento. O sucesso de um programa dessa natureza é conseqüência do processo permanente do estabelecimento de fatores que proporcionem sua instalação, sua realização e sua rentabilidade. É evidente que o sucesso do programa, desde logo, pressupõe ganhos da divulgação e do fortalecimento cultural capixabas.
A criação de uma Film Comission é passo essencial para o Estado do Espírito Santo atrair produções de cinema, vídeo e TV. A Film Comission Capixaba terá como incumbência a divulgação de informações sobre o Estado, com a vantagem de ter na bagagem vasta e inexplorada história local, uma ambientação que reúne montanha e mar, sítios arquitetônicos conservados e uma cultura peculiar tecida pela formação multirracial do povo espírito-santense.
Também será tarefa da Film Comission Capixaba ocupar-se da articulação da infra-estrutura mínima necessária ao suporte da realização do produto audiovisual, não perdendo de vista, sem dúvida, o gerenciamento de atividades decorrentes de uma previsível experiência bem sucedida, como o turismo.
O Espírito Santo já foi foco de atenção ao lançar o chamado Pólo de Cinema Capixaba. O Pólo foi o responsável pela produção de quatro longas-metragens: Vagas para Moças de Fino Trato (direção de Paulo Thiago), Lamarca (direção de Sérgio Resende), Fica Comigo (Tizuka Yamazaki) e O Amor Está no Ar (direção de Amylton de Almeida). Entretanto, o Pólo nasceu sem a vanguarda e a retaguarda requeridas para que lograsse êxito. Apenas o incentivo e linha de financiamento são insuficientes para a geração de ganhos com o setor audiovisual. Antes, e enquanto, deve-se investir na qualificação, articulando estrutura local; em seguida, mas também durante, deve-se trabalhar no potencial turístico, que deverá ser incrementado pela produção realizada.
Mesmo não andando por rumos consistentes, é inegável que o chamado Pólo de Cinema Capixaba colocou o Espírito Santo um passo à frente. Trata-se, agora, com a formação de uma film comission, de recuperar o investimento e a formação de mão-de-obra local, inserindo-os numa etapa de realização conjugada com criação de Imagem.
A criação da Film Comission Capixaba, direcionada a tratar a produção audiovisual e o turismo numa visão integrada, lança a perspectiva de o Espírito Santo traduzir em realidade sua posição estratégica no cenário regional, com clara ascensão no ranking nacional. Uma Film Comission Capixaba deve ser adaptada, com certeza, a toda a gama de expectativas e janelas que o Espírito Santo vem abrindo para superar o histórico isolamento.
O chamado Pólo de Cinema Capixaba ainda não perdeu inteiramente o terreno que conquistou. Mas para que seu horizonte não termine em janela bloqueada, faz-se urgente a criação da Film Comission Capixaba. Através dela, aí sim, poderemos construir um pólo de cinema e abrir a aprazível diversidade do Espírito Santo ao olhar de novos visitantes.
Fonte: Você – Revista da Secretaria de Produção e Difusão Cultural/UFES – ano V – nº 42 – set/1996
Autor: Adilson Vilaça
Compilação: Walter de Aguiar Filho, julho/2015
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