Flagelados do Ceará – Ameaça de cólera
A segunda grande estiagem que flagelou o nordeste durante o século (1877-79) trouxe ao Espírito Santo milhares de cearenses.(64) Foi um novo e inesperado problema, a exigir imediata solução, com que teve de lutar a Administração local. A precariedade das instalações urbanas e de estradas que facilitassem o escoamento rápido – para a lavoura – das levas de famílias privadas de qualquer recurso tinha de ser superada pelo empenho em socorrer aqueles desgraçados irmãos. E o foi galhardamente, cabendo assinalar a cooperação particular, efetiva em todos os momentos.(65)
A leitura da documentação pertinente ao assunto(66) indica ter sido mais penosa a tarefa de recambiar para seus antigos lares – cessada a estiagem – os que pleitearam o regresso, aliás em reduzidíssimo número.(67)
Tornadas endêmicas, a febre amarela e a varíola acometeram com inusitada intensidade em 1886. Foi, porém, um novo surto de cólera, denunciado na Europa naquele mesmo ano, que encheu de justas apreensões o governo e o povo capixabas. A aproximação de um paquete italiano, a que faltara combustível, em viagem para o sul, apavorou a Capital, obrigando o presidente a solicitar desesperadamente ao governo central um navio de guerra para evitar entrasse na baía de Vitória qualquer embarcação procedente de portos estrangeiros – uma vez que a fortaleza da Barra estava desarmada.(68)
NOTAS
(64) - Estatística de 1878 registra 4.787 (Pres ES, XVI).
(65) - BASÍLIO DAEMON refere-se à distribuição de roupas aos retirantes e a numerosas subscrições populares, destinadas a angariar fundos para socorro, na Capital e no interior, inclusive nas colônias de Santa Isabel e Santa Leopoldina (Prov ES, 451-2) .
(66) - Pres ES, XVI.
(67) - Pres ES, XVI.
(68) - Telegrama do presidente, desembargador Antônio Joaquim Rodrigues, ao ministro do Império, in Pres ES, XIX.
– A correspondência presidencial, tantas vezes citada nesta obra, está repleta de alusões à ameaça de surgimento do cholera morbus na província. A cada notícia da aparição de novo surto em portos estrangeiros, a Administração bradava por socorro.
– A varíola – que está sempre presente aqui ou acolá – é tema constante do epistolário oficial. O “pus vacínico” é outro tema freqüente daquela correspondência. São pedidos de remessa ou notificação de recebimento das famosas lâminas salvadoras.
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, novembro/2017
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
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