Franceses no porto de Vitória, 1558
Em 1558, além dos silvícolas, que jamais deixaram de ser uma ameaça constante para os brancos, surgiu no porto de Vitória uma nau francesa. Vinha “resgatar e contratar com os portugueses”. Estes, temerosos de um desembarque, mandaram “Simão Azeredo e mestre Náo, francês aqui morador e bom homem”, parlamentar a bordo. De tal maneira exageraram o poderio da terra que os visitantes rumaram para o sul, indo ancorar em Itapemirim,(13) onde pretendiam carregar a embarcação de pau-brasil. Ali, Maracaiaguaçu deu-lhes combate, aprisionando vinte deles, além de “duas chalupas huma ferraria e muyto resgate e roupas”.(14)
Maracaiaguaçu e a colaboração de sua gente
Os bons entendimentos que presidiam às relações entre os colonos e a gente de Gato Grande provocaram o interesse de um irmão deste, de apelido Cão Grande, que “se mudó de su tierra para Goaraparí”.(15)
Maracaiaguaçu, efetivamente, gozava do maior prestígio junto a Vasco Coutinho e aos jesuítas. Quando do enterro de seu filho Sebastião de Lemos,(16) “con gran ponpa y solenidad”, presentes o donatário “con toda la demás gente de la tierra” e o “padre Vicario”, celebraram-se exéquias especiais. Dias depois do sepultamento, houve “um ofício cantado”, assistido pelo capitão, que fez o chefe temiminó tomar assento entre si e seu filho Vasco Fernandes.(17)
Cedo, quando estudarmos a expulsão dos franceses da Guanabara, veremos alguns dos bons resultados produzidos pelo congraçamento.
NOTAS
(13) - “Itapé-mirim, a laje pequena, a lajinha” (SAMPAIO, O Tupi, 234).
(14) - “Chegando à nao, os Franceses lhe derão seguro e éntrarão e dormirão lá aquella noyte. Informando-se os Franceses da villa e gente, de hum homem lhe faziam 100, de hum barquo muytos, de quatro canoas quatrocentas, de hum Padre dous mosteyros, finalmente que ficarão os Franceses atonitos e mais medrosos que os Portugueses, e a noyte, segundo parece, lhe parecia muyto grande, porque tanto que amanheceo levarão anchora estando aynda os da villa dentro na nao” (SÁ [?], Cartas, III, 21).
(15) - PIRES, Cartas, II, 376. – “Guarápari, a garça manca, ou de perna quebrada” (SAMPAIO, O Tupi, 209).
(16) - Que recebeu o batismo e se casou aos vinte de janeiro de 1557, tendo por padrinhos Duarte de Lemos, Bernaldo Pimenta e André Serrão (apud PIRES, Cartas, II, 372). Registre-se, pois, a presença de Duarte de Lemos na capitania nesse ano.
(17) - PIRES, Cartas, II, 374.
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, maio/2017
O navio em que Coutinho regressou ao Brasil tocou em Pernambuco e, com certeza, era de sua propriedade
Ver ArtigoCoube a do Espírito Santo, descoberta em 1525, a Vasco Fernandes Coutinho, conforme a carta régia de 1.º de junho de 1534
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Ver ArtigoConcluo, dos nobres que aportaram à Capitania do Espírito Santo, ser ela a de melhor e mais pura linhagem
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