Na travessia do Atlântico Vasco Coutinho trouxera a família?
Na travessia de Atlântico Vasco Coutinho trouxera a família?
Os historiadores Jaboatão, Brás Rubim e Basílio Daemon informam que o desembarque ocorreu nas fraldas do penhasco onde mais tarde foi construído o santuário da Penha. Portanto, foi a praia de Piratininga o local onde Vasco e seus acompanhantes desembarcaram no domingo de 23 de maio de 1535, dia consagrado pela Igreja à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.
Se esses historiadores escreveram que o desembarque aconteceu ao pé do morro da Penha, não poderia o local ser também identificado como a Prainha, pois embora no lado oposto, fica igualmente situada abaixo da mesma colina?
Conforme afirma Jaboatão, o desembarque se deu no sopé da Penha, mas na praia de Piratininga. Lamentavelmente Coutinho não se preocupou em trazer em seu barco alguém que, mesmo não chegando às minúcias de um cronista, registrasse pelo menos os acontecimentos mais relevantes desde a partida, no Tejo, até o local escolhido para o desembarque em sua donataria. Se isso houvesse acontecido, sem dúvida existiriam respostas precisas para uma série de pontos obscuros, por exemplo: a família do capitão-mor, esposa e filhos, o acompanhou na perigosa aventura de enfunar as velas e atravessar o Atlântico para explorar uma terra ignota e bravia? Ou será que no lugar de Maria do Campo, a esposa legítima, veio a amásia Ana Vaz de Almada? Algum sacerdote fez parte do grupo comandado por Coutinho? Os colonos, em número aproximado de sessenta, estavam a bordo de um só navio, juntamente com todas as provisões, inclusive barris de água potável, ferramentas de trabalho, mudas de cana, armas de uso individual, munição, peças de artilharia e tudo mais indispensável à conquista da terra selvagem, ou o veleiro Glória era tão somente a nau capitânia? Em que data partiram de Lisboa e quais os fatos dignos de nota que aconteceram no curso da viagem? São perguntas que ficam no ar. Algumas respostas estão no terreno das hipóteses, ao sabor da imaginação do pesquisador. Outras, porém, nascem como resultado da exclusão de elementos conhecidos, e nunca por estarem explícitas no registro dos cronistas coevos. No que diz respeito a essas indagações, afiançam alguns pesquisadores que o primeiro governador da Capitania do Espírito Santo partiu de Portugal com a família*. Todavia, não existe qualquer referência, por pequena que seja, a comprovar a presença de Maria do Campo, sua esposa, em terras capixabas. Registra a história que o capitão-mor deu a uma das ilhas do arquipélago o nome de Ana Vaz, sua amante, e mãe do segundo donatário. Pergunta-se então: Se estivesse presente a mulher legítima ele homenagearia a concubina pondo-lhe o nome numa das ilhas da Capitania?
Seria um gesto de ingratidão, um acinte à esposa que o acompanhara numa empresa tão desconfortável e perigosa.
Por aí se vê que Coutinho não trouxe a esposa e, se teve ao seu lado companhia feminina, foi Ana Vaz homenageada por ele como vimos.
* Brás Rubim, Daemon e Rocha Pombo informam que Vasco Fernandes Coutinho partiu de Lisboa acompanhado da família.
Fonte: VILA VELHA - Seu passado e sua gentes, 2002
Autor: Dijairo Gonçalves Lima
Compilação: Walter de Aguiar Filho, dezembro/2012
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