Guananira
Texto de: Doralice de Oliveira Neves
Há muito tempo li alguma coisa sobre a denominação de GUANANIRA, dada à Ilha de Vitória pelos indígenas. Tendo perdido essa nota, achei mais tarde a expressão - Guanaira - (Mar de Mel). Não sei, porém se Guananira tem o mesmo significado. Na lenda, conservo o nome de Guananira sem me responsabilizar pela verdade histórica.
Quanto ao descobrimento da ilha por Duarte de Lemos, não afirmo; prefiro os dados históricos do competente professor Dr. Heráclito Pereira: - “De posse dela, tratou de povoá-la, sendo fundada a Vila do Espírito Santo e iniciada a exploração de seus arredores, no correr do qual desembarcaram, a 13 de junho do mesmo ano de 1535, numa ilha a qual denominaram Santo Antônio, em homenagem ao santo do dia”
LENDA:
“Lá no norte, disse-me a voz, vivem nas águas do Rio-Mar umas flores gigantes, que foram lindas princesas das nossas selvas, que não podendo ser estrelas, transformaram-se em flores...
- As Vitória-Régias? Perguntei.
- Sim, as Vitória-Régias, confirmou a voz, sem se interromper.
...”Entre elas, vivia a Princesa Guananira, linda como suas irmãs. Seu maior prazer era assistir à luta do rio contra as ondas dominadoras do mar. Com que alegria ela olhava a massa volumosa e descomunal do oceano, espalhando pelo mar o rugido das pororocas!
Um dia a batalha era tremenda e a princesa flor foi contemplá-la de perto. De repente, uma daquelas colossais ondas, que se confundia entre as águas do Atlântico, pegou Guananira e a levou no seu dorso para bem longe das águas nordestinas...
Depois de muito navegar, a curiosa Princesa foi levada para uma formosa baía, guardada por um poderoso gigante, chamado Penedo.
Era a hora mística do crepúsculo da tarde!... um profundo silêncio caía as coisas e a fragrância divina envolvia a terra!...o gigante, como que narcotizado, caiu em profundo sono.
Guananira, ali jogada pelas ondas e embalada pelos ventos, adormeceu...
Quando Guaraci apareceu, lá no reino de Tupã, para acender a lâmpada poderosa e iluminar o dia, Penedo despertou. Vendo a Princesa Flor, apaixonou-se pela sua beleza e não mais deixou que as ondas entrassem na baía, para não levarem-na para o mar...
Quando por castigo de Tupã, o gigante foi transformando num monstro de pedra, a formosa Guananira foi transformando numa ilha, para ficar junto de seu amado.
Mais tarde, voltaram os brancos. Houve a luta de disputa. Vencidos os guerreiros dos Goitacases, Guananira recebeu o nome de Vitória, que lembra o de suas irmãs que ainda reinam nas águas do Rio-Mar.”
Nota do Site: A lenda "Guananira" foi publicada no livro "Estudos de Cultura Espírito-Santese", de Getúlio Marcos Pereira Neves. O autor é neto da professora Doralice de Oliveira Neves e em seu livro, presta homenagem à sua avó, que não teve seus textos publicados em vida. Veja trecho do livro:
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Por: Getúlio Marcos Pereira Neves
DEDICATÓRIA DO LIVRO: “Dedico estes escritos (textos e capa) à minha Avó, Doralice de Oliveira Neves que não chegou a ver seus livros publicados”.
Recolhi entre seus escritos uma Apresentação, que ora transcrevo para dar idéia de seus reais propósitos na criação e divulgação de suas lendas: “A vocês, meus filhos, a vocês, meus netos, a vocês, mocidade capixaba, eu entrego essas páginas que escrevi, quando era moça também, e mil visões bonitas, mil sonhos encantados povoavam o meu cérebro e me faziam palpitar o coração jovem. Um dia sonhei, como ‘Maria Mathildes’,de Julio Lopes, em construir nesse Brasil Gigante uma torre. Não queria construí-la com pedrarias preciosas, mas com muito amor – Amor que se transformasse em paz, em civismo, para edificar uma pátria livre – Amor que se transformasse em fraternidade para unir a família – Amor religião para conhecer Deus, do qual a nossa alma é um átomo – Amor que nos ensina que sendo nos um átomo de Deus, alguma cousa nos está reservada na terra...As páginas do meu livro são às vezes sonhos místicos, quando contempla a exuberância da terra Capixaba, e as ouço contadas em lendas, que são exaltação a esse pedaço do Brasil, que não me viu nascer mas foi a terra dos meus filhos, que embalei com amor e carinho.”
Fonte: Estudos de Cultura Espírito-Santese. Vitória - 2006
Autor: Getúlio Marcos Pereira Neves
Compilação:Walter de Aguiar Filho, março/2012
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